Relatório 97

De 30/6 a 6/7

Temas:

  • Vídeo sobre Imposto
  • Substituto de Bolsonaro
  • Comunicação da Direita e Esquerda
Realização:
Apoio:
Metodologia

O Monitor da Extrema Direita (MED) se transformou no Monitor do Debate Público (MDP). Na verdade, foi uma expansão do projeto original, que contemplava somente grupos focais contínuos de bolsonaristas convictos e moderados. Tornamos mais complexa a combinação dos critérios de seleção de participantes para produzir quatro categorias de grupos:

G1 – Bolsonaristas Convictos: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, aprovam as invasões de 08/01, acreditam que o ex-presidente é perseguido pelas instituições e não assistem à Rede Globo.

G2 – Bolsonaristas Moderados: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, desaprovam as invasões de 08/01, não há consenso sobre o ex-presidente ser perseguido pelas instituições e não rejeitam a Rede Globo.

G3 – Preferências Flutuantes: votaram Branco/Nulo no segundo turno, mas em outros candidatos no primeiro turno. Os demais critérios são diversos.

G4 – Lulodescontentes: votaram em Lula no segundo turno, mas reprovam a atual gestão. Os demais critérios são diversos.

G5 – Lulistas: votaram em Lula no segundo turno e aprovam sua gestão. Os demais critérios são diversos.

Dessa maneira, o novo Monitor do Debate Público (MDP) será capaz de captar um escopo bem mais amplo da opinião pública e dos fenômenos que regem o comportamento político no Brasil de hoje.

Nossa metodologia permite que os participantes respondam aos temas colocados no tempo que lhes for mais conveniente, liberdade essa inexistente nos grupos focais tradicionais, que são presos à sincronia do roteiro de temas e questões colocados pelo mediador. O instrumento de pesquisa, assim, se acomoda às circunstâncias e comodidades da vida de cada um, reduzindo a artificialidade do processo de coleta de dados e, portanto, produzindo resultados mais próximos das interações reais que os participantes têm na sua vida cotidiana.

É importante salientar que os resultados apresentados são provenientes de metodologia qualitativa, que tem por objetivo avaliar posicionamentos e opiniões. Mesmo quando quantificados, tais resultados não podem ser tomados como dados estatísticos provenientes de amostragem aleatória, ou seja, as totalizações dos posicionamentos de grupos específicos não devem ser entendidas como dotadas de validade estatística mas como dado indicial.

O sigilo dos dados pessoais dos participantes é total e garantido, assim como sua anuência com a divulgação dos resultados da pesquisa.

Síntese dos Principais Resultados

Entre os dias 30/6 a 6/7, cinco grupos foram monitorados a partir de suas opiniões sobre questões candentes do debate público. Compõem esses grupos 50 participantes. Todos os grupos foram montados de modo a combinar variáveis como sexo, idade, etnia, renda, escolaridade, região de moradia e religião em proporções similares às da população brasileira.
Cada grupo possui características únicas. São elas:
G1 – Bolsonaristas Convictos: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, aprovam as invasões de 08/01, acreditam que o ex-presidente é perseguido pelas instituições e não assistem à Rede Globo.
G2 - Bolsonaristas Moderados: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, desaprovam as invasões de 08/01, não há consenso sobre o ex-presidente ser perseguido pelas instituições e não rejeitam a Rede Globo.
G3 – Preferências Flutuantes: votaram Branco/Nulo no segundo turno, mas em outros candidatos no primeiro turno. Os demais critérios são diversos.
G4 – Lulodescontentes: votaram em Lula no segundo turno, mas reprovam a atual gestão. Os demais critérios são diversos.
G5 - Lulistas - votaram em Lula no segundo turno e aprovam a atual gestão. Os demais critérios são diversos.
Evangélicos - Compusemos também um "grupo virtual" formado pela agregação das falas dos participantes evangélicos, a fim de capturar tendências específicas da opinião desse contingente demográfico.

Ao longo do período, três temas foram abordados: i) reações a vídeo produzido pelo governo sobre os impostos; ii) perpectivas para o futuro político de Bolsonaro e eventual substituto; iii) percepçõeos sobre as formas de comunicação da direita e da esquerda.
Ao todo, foram analisadas 178 interações, que totalizaram 9.254 palavras

Bolsonaristas Convictos Bolsonaristas Moderados Eleitores Flutuantes Lulodescontentes Lulistas Evangélicos
Reações ao vídeo O grupo interpretou o vídeo como uma tentativa de manipulação, rejeitando o conteúdo e a proposta de aumento de impostos, cobrando cortes de gastos do governo como solução mais adequada. Os participantes haviam assistido ao conteúdo anteriormente. O grupo reafirmou que o aumento de impostos não era a solução e que o governo deveria cortar despesas. Alguns concordaram com a taxação dos mais ricos, mas mantiveram a desconfiança sobre a aplicação dos recursos. Somente um participante havia assistido ao conteúdo anteriormente. O grupo criticou fortemente o tom agressivo e manipulador do vídeo, considerando-o ofensivo e enganoso. Alguns ponderaram que a taxação dos mais ricos poderia ser válida. Somente um participante havia assistido ao conteúdo anteriormente. O grupo apoiou, em sua maioria, a ideia de que os mais ricos deveriam pagar mais impostos, mas manteve ceticismo quanto a efetividade da proposta. Também defenderam cortes de gastos públicos e reformas mais amplas no sistema tributário. Ninguém havia assistido ao conteúdo anteriormente. O grupo considerou o vídeo positivo por expor a desigualdade tributária, defendendo a taxação dos mais ricos e a redução de impostos para os trabalhadores. A maioria apoiou a mensagem central e mudanças no sistema fiscal. Ninguém havia assistido ao conteúdo anteriormente. Os participantes formularam suas respostas de acordo com seus grupos de pertencimento.
Futuro de Bolsonaro Os participantes defenderam que Bolsonaro deveria continuar como candidato, pois ainda era visto como o principal líder da direita. Alguns admitiram que, caso fosse inevitável sua inelegibilidade, ele deveria indicar um sucessor fiel. As opiniões foram divididas entre os que acreditavam que Bolsonaro deveria se aposentar, abrindo espaço para novas lideranças, e aqueles que defendiam sua permanência caso revertesse a inelegibilidade. O grupo rejeitou a continuidade de Bolsonaro na política, defendendo sua saída definitiva para que novos nomes assumissem a liderança. Predominou o desejo de superação da polarização e de renovação política ampla. Os participantes defenderam com veemência o afastamento de Bolsonaro, apontando escândalos e desgastes como motivos para sua saída. Muitos também pediram uma renovação geral da política, incluindo a saída de Lula. O grupo afirmou que Bolsonaro deveria pagar pelos crimes que lhe foram atribuídos e abandonar a política. Também expressou repúdio ao seu legado e preocupação com a continuidade do bolsonarismo mesmo após sua saída. Os participantes responderam alinhados com seus grupos.
Formas de comunicação Os participantes defenderam que a direita circulava mais conteúdos por ter maior apoio popular, domínio das redes sociais e por falar "verdades", enquanto a esquerda era vista como mentirosa, desmoralizada e isolada. O grupo atribuiu o maior alcance da direita ao uso de linguagem simples, acessível e impactante, enquanto a esquerda era considerada tecnicamente fraca, pouco atrativa e restrita ao próprio público. Os participantes afirmaram que ambos os lados usam estratégias desonestas e agressivas, mas a direita teria mais alcance por adotar uma postura ofensiva e polêmica, que geraria maior repercussão. As opiniões apontaram que o maior alcance da direita se deve ao uso mais eficaz das redes sociais e a uma base digital mais ativa, mas sem diferenças fundamentais nas formas de comunicação entre os lados. O grupo considerou que a direita tem mais sucesso por usar uma linguagem direta e emocional, enquanto a esquerda comunica de forma técnica e pouco envolvente, com menor capacidade de viralização. Não houve nenhum tipo de fundamentação religiosa nas respostas dadas.
Pergunta 45
Na semana passada, o governo divulgou esse material após a decisão do Congresso de anular a medida que aumentava o IOF. Você assistiu a esse vídeo em algum outro local? O que você achou do conteúdo do material? Ele faz você mudar sua opinião sobre a decisão do Congresso?
Rejeição ao conteúdo

As opiniões dos grupos 1, 2 e 3 (bolsonaristas convictos, bolsonaristas moderados e eleitores flutuantes) caminharam na mesma direção, revelando forte rejeição ao vídeo e desconfiança generalizada em relação ao governo. Os participantes desses grupos interpretaram o material como uma tentativa de manipulação, com discursos que consideraram ofensivos e desonestos, principalmente pelo tom que sugeria que aceitar a proposta seria um sinal de inteligência. A crítica central foi a percepção de que o vídeo buscava apenas legitimar o aumento de impostos sem resolver o problema de fundo, que, para eles, é o excesso de gastos e privilégios do próprio governo. Houve consenso de que, independentemente da proposta formal, o aumento de tributos inevitavelmente recairia sobre os mais pobres, como ocorre historicamente no país.

Além disso, esses grupos reforçaram o argumento de que a solução para o desequilíbrio fiscal deveria partir do corte de despesas públicas, em vez da criação de novos impostos.

Os participantes desses grupos mostraram-se firmemente contrários ao vídeo, sem mudança de opinião após assisti-lo, demonstrando um posicionamento cristalizado e resistente a argumentos vindos do governo.

"E como sempre o PT dando um jeitinho de iludir os pobres, fazer a cabeça, de que ter mais impostos para mais ricos, milionários vão ganhar alguma coisa com isso, quem ganha é esse desgoverno, que quer ludibriar os mais carentes, forjando ideias falsas, pois quem da emprego para os pobres são os milionários, empresários, a classe mais alta. E o que exatamente o PT quer? Roubar mais, e mais. Já afundaram o Brasil, e querem acabar totalmente com nosso país." (G1, 64 anos, empresário, PR)

"Porque o PT não começa por eles, cortando a roubalheira, corrupção, cortando regalias dos políticos, dos ministros, desembargadores, juízes, e outros mais, porque eles não cortam na carne deles pra dar exemplo. Esse vídeo aí é uma narrativa pra enganar os desavisados que ainda acredita nesse maldito governo, se aumentar o IOF, vai sobrar pra parte mais fraca que são exatamente os que menos ganham, porque isso virá como uma avalanche e mais cedo ou mais tarde vai atingir a todos como um efeito dominó. Eles não estão nem aí pro povo pobre de verdade, só pensam neles mesmos, tem que começar por eles , se não for assim não tem como aceitar essa carga tributária." (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos, RJ)

"Não vi esse vídeo em lugar nenhum, mas dá pra ver quase claramente que foi feito por IA. O vídeo tenta enganar a cabeça do pobre, fazendo parecer que esse imposto só vai ser pago pelos “ricos” mas todo mundo sabe que, na prática, a maioria dos impostos acaba pesando mesmo é no bolso dos menos favorecidos, a verdadeira solução seria cortar gastos com os ministérios, viagens e os luxos que a Janja e o Lula vive fazendo, e não criar mais impostos." (G2, 45 anos, padeiro, PB)

"A cada dia que passa, fica mais evidente que esse governo não trará solução para a nossa economia, trazer mais imposto para custear uma falsa ideia de segurança e independência. O Brasil não precisa mais de impostos, o Brasil precisa de uma verdadeira gestão, gestão de qualidade, coisa que esse governo não está sendo e nem fazendo. O vídeo, na minha opinião, é o retrato bem feito do atual governo, e ainda por cima pobre da Inteligência artificial, que não tem o direito de se defender da discriminação dessa gestão."

(G2, 42 anos, assistente logístico, PE)

"Eu não tinha visto esse vídeo e achei ele bem pesado e até mesmo agressivo! 'Mostre que você tem inteligência', acho completamente absurdo um governo falar isso. Faz com que o povo pense 'eu não sou burro, não posso agir com burrice, então claro que vou aceitar essa proposta'. É colocar a população contra a parede, tática horrível. O vídeo realmente nos leva a crer que essa proposta de aumentar o IOF é a melhor coisa do mundo pra maior parte da população brasileira. Pra ser bem sincera, o vídeo, embora horrível, me deixou em dúvida com relação à decisão do Congresso. Se essa proposta é só para deixar mais justa a taxação sobre os super ricos, bancos e bets, acho super válido! Vejo que terei que estudar mais sobre o assunto para opinar melhor, pois não confio nem um pouco no governo Lula." (G3, 37 anos, médica veterinária, PR)

"Já havia assistido. Fiquei ofendido com a abordagem, mais uma vez a política tentando fazer lavagem cerebral, se eles podem aumentar os impostos dos mais ricos, também podem diminuir o dos mais pobres... E ainda categorizam a população como burra, pois se não estamos mostrando é porque estamos agindo como burros ou desprovidos de inteligência." (G3, 25 anos, contador, RJ)

Apoio ao conteúdo

As opiniões dos grupos 4 e 5 (lulodescontentes e lulistas) apresentaram forte convergência em torno da defesa da taxação dos mais ricos como um caminho legítimo para reduzir as desigualdades no sistema tributário brasileiro. Ambos os grupos reconheceram que trabalhadores e pessoas de baixa renda carregam o maior peso da carga tributária e afirmaram que é necessário reverter esse cenário. As falas mostraram apoio à proposta de cobrar mais impostos de grandes fortunas, bancos, apostas e multinacionais, além de defenderem a diminuição dos impostos sobre a classe média e os mais pobres. Muitos participantes também destacaram que o vídeo, apesar de suas limitações, retratou com fidelidade a realidade do país, reforçando um sentimento coletivo de injustiça fiscal.

Apesar dessas semelhanças, houve uma diferença sutil entre os grupos. No grupo 4 (lulodescontentes), parte dos participantes demonstrou maior ceticismo quanto ao governo, ao formato do vídeo e à real implementação das medidas, com críticas à aparência artificial do material e à credibilidade do governo em aplicar mudanças efetivas. Já no grupo 5 (lulistas), a maioria mostrou-se mais receptiva ao conteúdo do vídeo, com depoimentos que defenderam até sua ampla divulgação e demonstraram confiança na ideia de que uma reforma tributária justa poderia, de fato, beneficiar os trabalhadores.

Importante frisar que nenhum dos participantes desses grupos havia assistido ao material anteriormente, o que evidenciou também as dificuldades do governo em estabelecer uma comunicação ativa e de sucesso.

"Eu não tinha visto esta propaganda vi agora nada mais justo cobrar de quem tem tomara que seja verdade e que dê certo quem ganha mais que pague a maior parte dos impostos e taxas e não tire de quem já não tem às vezes nem para comer às vezes deixa de comer para pagar as contas enquanto quem tem fica só ostentando taxas neles." (G4, 53 anos, dona de casa, BA)

"Não vi esse vídeo. Tenho a opinião de que os super ricos precisam pagar mais impostos, assim como as Bets e Bancos e as mega-empresas multinacionais. Mas acima de tudo é necessário corte de gastos no Congresso, no Judiciário e no Executivo. E é necessário uma revisão em todas as faixas do Imposto de Renda e não só na inicial, pois corrigindo só a primeira faixa do Imposto de Renda aumenta-se cada vez mais a sobrecarga de impostos sobre a classe média assalariada que carrega a maior parte dos Impostos. Equidade tributária e eficiência em gastos públicos são fundamentais para um desenvolvimento sustentável." (G4, 44 anos, funcionário público estadual, PR)

"Eu não tinha visto esse vídeo em lugar nenhum, acho mais do que necessário que ele seja compartilhado e apareça nas comerciais das grandes redes de comunicação, pois é exatamente o que eu cobro do Governo Lula: a taxação de grandes fortunas, das bets, dos investimentos e também dos bilionários. A reforma tributária é uns dos temas mais urgentes que há no Brasil, isso já há muitos anos. Todo economista, seja liberal, seja conservador sabe que existe uma injustiça histórica na tributação no Brasil, enquanto a classe C e D paga 20%, 30% do que ganha, a classe A arca com apenas uns 10% da renda total. Não é possível fazer justiça social e diminuir a desigualdade no Brasil com essa tributação. Eu adorei o vídeo e espero que ele seja realmente vinculado, mesmo que isso custe a tal da governabilidade, a qual, há muito tempo já foi perdida pelo Lula." (G5, 33 anos, tradutor, SP)

"Ainda não tinha visto o vídeo e realmente essa é a nossa atual realidade, muitos encargos ficam em cima da classe mais pobre, um exemplo é ir no mercado e fazer uma compra, olhar na nota quanto é cobrado em cima de cada alimento e imposto em cima de imposto, enquanto as pessoas mais ricas são sonegadores assumidos como por exemplo o dono da Havan, o Neymar entre outros... as vantagens de ser rico são essas, ter privilégios que os demais não têm." (G5, 28 anos, auxiliar administrativo, AM)

Pergunta 46
Uma pesquisa da Genial/Quaest, que entrevistou deputados federais, revelou que para 51% dos deputados, Bolsonaro deveria abrir mão da candidatura à Presidência da República em 2026. Por outro lado, 23% dos parlamentares responderam que o ex-presidente deve manter a candidatura ativa para a corrida eleitoral do próximo ano, precisando ainda reverter sua inelegibilidade. Foram entrevistados 203 deputados federais, entre os dias 7 de maio de 30 de junho. O que vocês pensam sobre o futuro político de Bolsonaro? Ele deve abrir mão e deixar outra pessoa liderar a direita?
Futuro presidente

Os participantes dos grupos 1 e 2 (bolsonaristas convictos e moderados) demonstraram forte resistência à ideia de que Bolsonaro devesse abrir mão de sua candidatura. A maioria o via como o principal representante da direita no país e como o único capaz de mobilizar o eleitorado conservador. Predominou a percepção de que sua eventual saída da disputa enfraqueceria o campo político da direita, mesmo que apoiasse outro nome. Os participantes associaram a candidatura de Bolsonaro à luta contra a corrupção, à defesa da liberdade e ao enfrentamento da esquerda, reforçando uma visão messiânica em torno de sua figura.

O grupo 2 (bolsonaristas moderados) demonstrou maior preocupação com a viabilidade eleitoral e com o risco de desgaste político, sugerindo que a direita deveria se reorganizar para além da figura de Bolsonaro. A inelegibilidade foi vista, por muitos, como um fator limitante incontornável, tornando inviável a continuidade de seu protagonismo. Nesse caso, ele poderia indicar um sucessor, desde que tivesse total alinhamento com seu projeto político.

"Eu acho que o presidente Bolsonaro não tem que abrir mão de nada, ou é ele ou ele, eu sinceramente não acredito em ninguém, ele só deve abrir mão pela saúde dele, na minha opinião até agora o único político que eu acredito de fato é no presidente Bolsonaro, se ele desistir já era."" (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos , RJ)

"Acredito que ele deveria tentar até o fim, a esperança é a última que morre, e os brasileiros querem alguém do seu nível para administrar o Brasil, a maioria dos eleitores confiam no seu trabalho, mesmo que ele venha a apoiar alguém próximo, como sua esposa, ou algum candidato querido, como o Nicolas, entre outros nomes que podem exercer bem essa função, mas, ainda assim, é diferente dele administrar!"" (G1, 45 anos, padeiro , PB)

"no meu ponto de vista ele deveria apoiar alguém do seu grupo, penso eu que o nome melhor do momento seria o Tarcísio, hoje governador de SP, mas se nenhum pegar o apoio de Bolsonaro, não tem força. O Bolsonaro ainda hoje é o nome mais forte da direita, o cara que o povo gosta." (G1, 36 anos, assistente jurídico, BA)

"Se ele conseguir reverter o quadro de inelegibilidade,ele deve sim ser candidato,pois não há nada que abone a conduta dele como político."" (G2, 54 anos, aposentado, PB)

"Estamos infelizmente vivendo no Brasil uma disputa desigual onde um lado arredio e perigoso tenta a todo custo manter-se no poder com a ajudinha dos parceiros. Mas eu acredito que Bolsonaro deve sim ser candidato,ele não pode baixar a cabeça,mesmo que muitos tenham o abandonado,eu penso que ele deve continuar firme e forte."" (G2, 42 anos, assistente logístico , PE)

Renovação política

Os participantes do grupo 3 (eleitores flutuantes) demonstraram ampla concordância sobre a necessidade de Bolsonaro se afastar definitivamente da política. Predominou a avaliação de que o Brasil precisa superar a polarização atual, com o afastamento tanto de Bolsonaro quanto de Lula, para abrir espaço a novos nomes e projetos políticos. As falas refletiram um cansaço generalizado com as disputas entre os mesmos candidatos e um desejo de renovação, com ênfase em propostas mais pragmáticas, menos personalistas e focadas nas reais demandas do país. A defesa de limites para mandatos presidenciais, como um teto de oito anos sem direito a retorno posterior, também apareceu de forma recorrente.O tom geral foi crítico, com ênfase na superação da velha política e na busca por alternativas menos extremadas.

Alguns participantes do grupo 4 (lulodescontentes) também expressaram cansaço com a polarização.

"Boa tarde, acho que ele não deveria se candidatar novamente. Eu gostaria que alguém fora dessa polarização assumisse a presidência. Já basta de Bolsonaro e Lula." (G3, 45 anos, turismóloga , RJ)

"Penso igual a nossa colega de cima já basta esses 2 . Precisa realmente ser testado por outra pessoa começar a ver se as coisas andam um pouco mudam as situações do nosso Brasil."" (G3, 39 anos, analista financeiro , SP)

"Acho que ele não deve mais se candidatar. Como a colega acima disse precisamos de novos presidentes!!! Já basta dos mesmo, de direita e esquerda. Nós queremos alguém que governe nosso país olhando para o que o país precisa e não essas intrigas que vem tendo. Alguém que nunca governou precisa ser eleito, e mais não concordo com a regra de reeleição no caso 8 anos ok, mas após isso entra alguém e depois a mesma pessoa que ficou 8 anos volta novamente. Penso que 8 anos seria o máximo do máximo de presidência, existem muitos outros candidatos para que os mesmos." (G3, 36 anos, autônoma, SP)

"Hoje precisamos de novos nomes e de uma nova identidade para a política brasileira. Bolsonaro, Lula, Ciro e etc... Já são figurinhas repetidas que devem sair da linha e deixar que novos rostos assumam o poder, para mim o máximo deviam ser dois mandatos sem direito a voltar depois." (G3, 25 anos, contador, RJ)

"Eu nao vi nada relacionado esta semana, mais acredito que o governo TODO deveria de reciclar, novas oportunidades e novos governante, nem bolsonaro nem Lula" (G4, 30 anos, gestão em TI, SP)

Rejeição total

Os participantes dos grupos 4 e 5 (lulodescontens e lulistas) demonstraram forte rejeição à permanência de Bolsonaro na política, com grande ênfase na necessidade de que ele responda judicialmente pelos crimes que lhe são atribuídos. A maioria defendia que ele deveria não apenas abrir mão de qualquer candidatura, mas também cumprir eventuais penas judiciais, destacando sua inelegibilidade como um fator irreversível e até desejável. As falas mostraram profundo repúdio ao seu histórico como presidente, especialmente em relação à pandemia e à condução geral do governo, com críticas contundentes ao seu comportamento e às consequências de suas ações para o país.

Apesar do desejo de afastamento definitivo de Bolsonaro, alguns participantes reconheceram que o bolsonarismo, como movimento político, pode continuar forte, com outros nomes ganhando espaço, o que gerou preocupação com a extrema direita no país.

"Não assisti nada a respeito mas acho que já deu o tempo do Bolsonaro criar vergonha na cara e não se candidatar mais para nenhum cargo na política,na minha opinião ele fez muito mau ao Brasil principalmente na pandemia com seu negativismo das vacinas e os ministros do seu mandato foram todos corruptos e o próprio Bolsonaro é um baita de um corrupto" (G4, 51 anos, professora , RS)

"Tenho a opinião que Bolsonaro já foi. Ele deveria abrir mão de sua candidatura em prol de uma candidatura de direita mais moderna e menos extremada. Talvez o caminho ideal seria uma candidatura de centro-direita e não de extrema direita. Bolsonaro tem cada vez menos força política até mesmo dentro da própria direita que se vê dividida entre uma candidatura com mais radicalização ou uma candidatura mais moderna e popular com representantes da ala menos radical." (G4, 44 anos, funcionário público estadual, PR)

"Esse aí já foi tarde,nem deveria pensar em se eleger,porque ele está inelegível. Acho um absurdo as falas desse cidadão e em geral os políticos não são confiáveis. Mas temos que suportar ser governados por eles e pedir ajuda a Deus!"" (G4, 49 anos, artesã , CE)

"Eu acho que ele deve pagar pelos crimes que eles está respondendo, espero que não seja possível reverter a inelegibilidade. Ao meu ver outra pessoa deve assumir o cargo de líder da direita." (G5, 28 anos, auxiliar administrativo , AM)

"Eu pouco me importo o que pensam ou deixam de pensar os deputados, o fato é que ele está inelegível e será preso, qualquer outro fator que não sejam esses, é pura cortina de fumaça para apagar os crimes cometidos por ele. Ele pode dar entrevista falando que será candidato(não acho que seja um bom jornalismo, mas aí é outro assunto), mas entre ele dar entrevista e a candidatura dele ser realidade há um longo caminho. Enfim, o futuro político do Bolsonaro é na cadeia, uma lástima que o Bolsonarismo não acabe com a sua prisão, pelo contrário, o Tarcísio vem muito forte por aí, além de outros governadores que surfam nessa onda de extrema direita.," (G5, 33 anos, tradutor, SP)

Pergunta 47
Na segunda-feira, falamos sobre o vídeo do governo sobre o IOF, que a maioria aqui disse não ter visto antes. Nesta semana, uma reportagem do jornal O Globo mostrou que pessoas ligadas à comunicação da direita decidiram não responder ao vídeo porque, segundo eles, ‘não bombou’ e o material ‘não saiu da bolha governista’. Um dos marqueteiros da direita disse o seguinte: ‘Não está funcionando. Se estivesse funcionando, responderíamos’. Vocês acham que a esquerda e a direita usam formas diferentes de se comunicar? Na opinião de vocês, por que a direita consegue fazer seus conteúdos circularem mais, enquanto a esquerda tem mais dificuldade?
Discurso sobre a realidade e acessível x discursos ilusórios e restritos

Os participantes dos grupos 1 e 2 (bolsonaristas convictos e moderados) compartilharam percepções bastante convergentes sobre a diferença na comunicação entre direita e esquerda no Brasil. De modo geral, prevaleceu a avaliação de que a direita possui uma comunicação mais eficaz, fundamentada em uma linguagem direta, simples e emocional, que se conecta facilmente com o sentimento popular e com as demandas cotidianas e reais da população. ALém disso, a direita saberia explorar as redes sociais como principal ferramenta de mobilização, o que garante maior circulação e alcance de seus conteúdos.

Em contrapartida, os participantes descreveram a esquerda como distante, pouco convincente e incapaz de dialogar com o público de forma ampla. Eles associaram essa dificuldade a uma comunicação baseada em discursos técnicos, burocráticos ou voltados apenas para o público já engajado, o que limitaria o alcance de suas mensagens. Além disso, mencionaram que a esquerda estaria aprisionada em uma “bolha” ideológica, incapaz de atrair novos apoiadores e que seus caonteúdos eram fantasiosos e não demonstrativos da realidade vivida pela população.

Por fim, destacou-se a percepção de que a direita, além de dominar a linguagem digital, possui maior unidade e coesão, enquanto a esquerda seria marcada por divisões internas e dificuldades de adaptação às novas formas de comunicação.

"A questão é bem simples, com as redes sociais ficou muito fácil verificar uma informação, então não basta criar uma narrativa pra ela se espalhar, é preciso que haja base solida na informação. Por que videos do Nikolas Ferreira viralizam? Porque ele fala de forma simples e de fácil verificação. A esquerda não se preocupa em verificar se o fato que ela quer emplacar pode ser desmascarado ou não e por isso tem tomado muitos reveses, ao ponto de querer regular a internet pra poder esconder um pouco a realidade existente amplamente divulgada nas redes." (G2, 43 anos, administradora, GO)

"Na minha opinião a direita consegue mais alcance em suas publicações, porque tem uma linguagem bem mais próxima das pessoas que vivem nas redes sociais, eu sou um seguidor e acompanho realmente e vejo essa força entre os que são de direita.

Já a esquerda realmente tem falhado bastante nas suas respectivas publicações, percebo que o conteúdo não consegue mais ter esse alcance devido aos acontecimentos atuais. O vídeo que foi postado na minha opinião não agrada muito aos de direita por ter pontos negativos na narrativa e percebe-se que também não estar alcançando 100% do público que se diz de esquerda. Essa é a minha visão a respeito." (G2, 42 anos, assistente logístico, PE)

"A esquerda perdeu a credibilidade a muito tempo. Ninguém não acredita mais em nada que eles propagam. E se vê que esse vídeo sobre o Iof é conversa pra boi dormir. Ninguém não acredita mais. A direita consegue se comunicar pq tem as redes sociais a seu favor. Ninguém assiste mais a tv aberta, pq sabe que não tem credibilidade." (G1, 38 anos, assistente administrativo, AM)

"Eu não assisto mais a Globo por isso não vi a matéria, mas acredito que cada vez mais os brasileiros estão percebendo a diferença entre as mensagens da direita e da esquerda, enquanto a esquerda tenta manipular com narrativas vazias que ficam presas na própria bolha, a direita fala com clareza, verdade e foco na família, na sociedade e no bem do país, o Brasileiro acordou, e é por isso que os conteúdos da direita circulam mais, porque são reais e conectam com o que o brasileiro vive de verdade!" (G1, 45 anos, padeiro, PB)

"Vejo que quando a direita se comunica é porque é verdadeiro, não é manipulado, já tudo o que vier da esquerda tem que desconfiar, a esquerda perdeu força." (G2, 35 anos, contadora, RS)

Discursos desacreditados de ambos os lados

As respostas dos grupos 3 e 4 (eleitores flutuantes e lulodescontentes) revelaram um padrão marcado por um forte ceticismo e certo desencanto com a comunicação política tanto da direita quanto da esquerda, afirmando que ambos os lados utilizam estratégias desonestas, sensacionalistas e oportunistas, com o objetivo de manipular a opinião pública e obter vantagens eleitorais. A percepção recorrente foi a de que a disputa entre os campos políticos se basearia muito mais em ataques mútuos e tentativas de desqualificação do adversário do que em propostas concretas ou em debates de ideias.

Ao mesmo tempo, os participantes reconheceram que a direita tem alcançado maior circulação de conteúdos, não necessariamente por superioridade na qualidade da comunicação, mas por adotar um tom mais ofensivo, polêmico e provocativo, que gera maior engajamento nas redes sociais. Em ambos os grupos, foi comum a avaliação de que a direita explora com mais eficiência o ambiente digital, enquanto a esquerda, mais cautelosa e menos agressiva, acaba com menor visibilidade.

"Boa tarde, concordo com os comentários acima, as duas partes agem de forma baixa, tentando roubar a atenção do povo com inverdades e sensacionalismo. Expõe as notícias como querem, dando ênfase a coisas erradas que o lado oposto faz, e ocultando atitudes erradas do seu próprio lado. Eu vi umas notícias dizendo que agora, com o advento da IA, a esquerda vai poder "lutar" contra a direita do mesmo jeito, pq eles ficavam pra trás nessa guerra de notícias. Acho que estão dizendo isso pq como a IA podem fazer vídeos mais apelativos." (G3, 37 anos, médica veterinária, PR)

"A forma de se comunicar de ambas são iguais, pois é sempre um querendo aparecer mais que o outro seja de forma agressiva ou apelativa. O que me chama a atenção é porque a direita tem que responder algo sobre ou vice versa se fosse o caso, neste caso as únicas pessoas que tem que falar algo sobre o vídeo é a população. Isso aí é só rixa mesmo. Agora qual lado circula mais os conteúdos eu não faço ideia pois nunca reparei nisso como a colega disse, mas acredito que um ponto de vista meu é que a direita por não estar no poder acaba atacando mais e com isso pode ser que cause mais burburinho, e o outro lado como está no poder prefere manter a pose digamos assim." (G3, 36 anos, autônoma, SP)

"Acredito que ambos não se comunicam diretamente e sim pelos seus "infiltrados" aonde às informações são passadas e consequentemente vivemos está guerra, a direita com o passar dos anos acumulou muitos seguidores e a esquerda não teve tantas oportunidades assim, por isso vejo que tem está facilitado visto que infelizmente mts vezes ate fake news circula com muita facilidade." (G4, 30 anos, gestão em TI, SP)

"A direita entendeu como as redes sociais funcionam e os seus apoiadores divulgam tudo que é produzido, já a esquerda por estar no poder os seus apoiadores não estão tão engajados em divulgar os vídeos, muitas vezes informações básicas que poderiam ajudar a população brasileira não são divulgadas ou não atingem quem precisa por conta da divulgação orgânica ser falha… Ambos utilizam as mesmas plataformas mas não possuem as mesmas experiências em produção audiovisual." (G4, 36 anos, instrutor de informática, SP)

Dificuldades de adaptação e limitação no discurso

Os participantes do grupo 5 apresentaram uma visão mais equilibrada e analítica sobre as diferenças na comunicação entre direita e esquerda. Muitos reconheceram que ambos os lados buscavam utilizar as redes sociais e a tecnologia para alcançar o público, mas consideraram que a direita havia se adaptado mais rapidamente ao ambiente digital. O grupo avaliou que a direita utilizava uma linguagem mais direta, emocional e simplificada, que facilitava o engajamento e a viralização dos conteúdos, enquanto a esquerda ainda mantinha uma abordagem mais técnica e racional, o que dificultava o alcance popular.

Além disso, várias falas apontaram que a esquerda demorou a estruturar sua comunicação digital e que seu público não replicava os conteúdos com a mesma intensidade, o que explicaria sua menor circulação nas redes. Os participantes também destacaram que a direita investia mais na estética dos vídeos, em estratégias de viralização e no uso de influenciadores digitais, enquanto a esquerda, mesmo quando apresentava propostas concretas, falhava em transmitir suas mensagens de forma acessível e atrativa.

"Primeiro que eu acho que dessa vez o material saiu da bolha, tanto é que até o Presidente do Congresso respondeu, acho que dessa vez a esquerda soube usar a tecnologia e o IA ao seu favor, mesmo que de forma bem atrasada. Dito isso, realmente a esquerda tem um problema crônico de comunicação em massa, perdeu-se a capacidade de se comunicar com o público de forma ampla e com qualidade. Isso acontece também pela questão das mídias digitais, nas quais a esquerda toma um banho da direita. Eu diria que a grande questão é popularizar a linguagem, fazendo com que a mensagem seja entendida de forma clara e sem rodeios." (G5, 33 anos, tradutor, SP)

"Sim acho que a esquerda e a direita se comunicam de formas diferentes a direita é mais direta, usa memes vídeos curtos e mensagens com emoção, o que acaba viralizando mais Já a esquerda tende a falar de forma mais técnica e racional o que dificulta o engajamento nas redes além disso a direita tem uma base digital mais organizada que ajuda a espalhar os conteúdos com rapidez." (G5, 28 anos, autônoma, MT)

"A direita sempre focou em fazer vídeo pra viralizar, tipo os do Nicolas Ferreira, que mente com cara de bom moço. Tudo no cenário é pensado pra parecer verdadeiro, mas é só encenação. Eles têm equipe, dinheiro, contato, e sabem como fazer o vídeo certo chegar nas pessoas. Enquanto isso, a esquerda tá trabalhando, mas falha na comunicação porque não foca nisso. Hoje em dia quase ninguém busca entender o governo, todo mundo vive de seguir político como se fosse influencer e acredita em qualquer coisa. A direita sabe disso e usa a favor dela. A esquerda não investe nisso e, por isso, acaba falando sozinha, mesmo quando tá fazendo mais." (G5, 21 anos, auxiliar administrativa, RO)

Considerações finais

Houve variação significativa no modo como o vídeo sobre a taxação dos mais ricos foi percebido. Os dois grupos de bolsonaristas e de eleitores flutuantes - compostos por participantes mais críticos ao governo — reagiram de forma predominantemente negativa ao conteúdo, considerando-o manipulador e ofensivo. Além disso, os participantes reafirmaram suas posições de que o governo deveria priorizar o corte de gastos públicos antes de propor novos tributos. Já entre os eleitores de Lula, apesar do reconhecimento de falhas no vídeo, houve maior disposição para considerar seu conteúdo e debater temas como justiça tributária e reforma fiscal. As reações mostraram, portanto, que a rejeição ao vídeo não se limitou ao seu conteúdo, mas esteve profundamente associada às predisposições políticas e ao nível de confiança — ou desconfiança — no governo. Isso indica que o material, isoladamente, não teve força para modificar percepções já consolidadas e mensuradas no relatório anterior.

Vale destacar que, no momento da pesquisa, muitos eleitores de Lula sequer haviam tido acesso ao vídeo por outros meios, o que reforça a impressão de uma baixa capacidade de mobilização da esquerda nas redes sociais — ponto que também emergirá na última questão da semana. Tal realidade parece ter se alterado, com pesquisas posteriores (Genial Quaest e Nexus) indicando que o conteúdo acabou viralizando — mesmo que tardiamente e ainda não alcançando a penetração de outros virais da direita.

O debate sobre o futuro político de Jair Bolsonaro revelou um cenário igualmente marcado por clivagens políticas. Os bolsonaristas convictos expressaram intensamente sua fidelidade incondicional ao ex-presidente, considerando-o insubstituível para a direita. Já os moderados adotaram posturas mais pragmáticas, condicionando sua permanência à reversão da inelegibilidade ou defendendo a construção de outras lideranças, em busca de um novo nome para representar a direita. Por outro lado, os demais grupos rejeitaram com firmeza a sua volta, seja pelo cansaço com a polarização (eleitores flutuantes), seja pela indignação com sua trajetória política, posicionamentos ideológicos e acusações criminais (lulodescontentes e lulistas).

A última questão da semana evidenciou uma percepção predominante de que a direita tem maior eficiência na comunicação política, sobretudo nas redes sociais. Os participantes, em geral, atribuíram esse fenômeno ao uso de linguagem mais direta, emocional e acessível, além de estratégias que envolvem maior engajamento e viralização, por parte da direita. Em contrapartida, a esquerda foi amplamente vista como menos hábil nesse campo, seja pela linguagem excessivamente técnica, pela demora em se adaptar às plataformas digitais ou pela limitação de seu público-alvo. Também ficou claro a percepção de que o alcance das mensagens não depende apenas de quem as produz, mas do comportamento dos públicos que as replicam, o que beneficia a direita, que tem uma base mais ativa no ambiente virtual. Esse fenômeno, inclusive, já havia se manifestado na primeira questão da semana, quando o vídeo produzido pelo governo não havia conseguido circular nem mesmo entre seus apoiadores mais próximos.

Do ponto de vista comunicacional, a desvantagem da esquerda em relação à extrema direita nas redes sociais é somente um componente, ainda que importante, de um quadro ainda mais preocupante para o governo. Isso porque a mídia tradicional voltou a fazer uma cobertura com viés fortemente contrário ao governo e ao presidente Lula, antecipando a eleição do ano que vem – ver o boletim semanal De Olho na Mídia, produzido pela equipe do Manchetômetro. Não há sequer um meio de comunicação de massas que seja minimamente plural para permitir que o governo e seus apoiadores manifestem seus pontos de vista, particularmente quando os assuntos são política econômica e relações internacionais. Assim, dada a pinça tenaz imposta pelas redes sociais e as mídias tradicionais, ambos dominadas pelas direitas, dizer que o governo tem um problema de comunicação é um eufemismo.

Distribuição da Participação
Leia outros Relatórios do MDP

Infraestrutura e falhas governamentais; Resgate de Juliana Marins; Anulação de Decreto (IOF)

Ataques de Israel; Atuação do governo na economia; Papel social do governo

CLT; Interrogatório de Bolsonaro; Audiências de Ministros no Congresso

Política migratória dos EUA; Câmeras corporais nas fardas; Condenação de humorista.

Imagem de Janja; Ataques a Marina Silva; Programa Mais Especialistas

Responsabilidade pela Segurança Pública; Programa SuperAção SP; Anistia a Dilma Rousseff

Número de Deputados Federais; Mídia e INSS; CPI das BETS

Fraude no INSS; Papa Francisco; Viagem de Lula à Rússia

Prisão de Collor; Terapias hormonais em adolescentes; Camisa vermelha da seleção

Bolsa Família como Inclusão Social; Minha Casa, Minha Vida para Moradores de Rua

Ampliação da Isenção para Igrejas; Código Brasileiro de Inclusão

Governadores em Ato pró-Anistia; Percepções sobre os EUA; Percepção sobre Donald Trump

Identidades políticas adversárias; Autoidentificação de grupo; Percepções sobre crimes de abuso sexual

Aumento da Faixa de Isenção do IR.; Condenação de Carla Zambelli.; Bolsonaro Réu por Ataques à Democracia.

Passeata de Bolsonaro por anistia; Licenciamento de Eduardo Bolsonaro; Avaliação do Governo Federal.

Prisão de Braga Netto;Aprovação do do pacote de cortes de gastos;Concessão de benefícios extras

Tarcísio de Freitas e o uso de câmeras;Regulamentação de IA;Declarações de Moro e a Cassação de Caiado.

Isenção do IR; PEC dos Gastos Públicos; Divergências entre Mercado e Governo.

Tentativa de Golpe: informações gerais; Indiciamento de Jair Bolsonaro; Pedido de Anistia

Especial G20: Falas de Janja; Percepeções gerais; Avaliação de pautas

Símbolos religiosos em órgãos públicos; PEC para fim da escala de trabalho 6x1; Atentado em Brasília.

Retirada de livros com conteúdo homofóbico.; Vitória de Trump.; Programa Pé de Meia.

Fragmentação da Direita; Anulação de condenações da Lava-Jato; Reunião de Lula com governadores

Participação do Brasil no BRICS; Mudanças de candidato no 2T; Caso Gustavo Gayer

Privatização de estatais; Fake News nas eleições; Eleição de policiais e militares

CPI das apostas online; Aumento da pena para crimes contra a mulher

Decisão do voto: Direita x Esquerda; Voto no PT; Campanha 2024 e expectativas; Avaliação dos Resultados

Descriminalização das Drogas; Ens. Religioso; Escola cívico-militar; Aborto; Prisão de mulheres que abortam

Violência entre Datena e Marçal; Regras do debate eleitoral; Definição do voto

Manifestação convocada por Bolsonaro; Atuação de Marina Silva; Prisão de Deolane

Suspensão do X (antigo Twitter); Queimadas florestais; Acusações sofridas por Silvio Almeida

Semana Temática: Bolsa Família; Auxílio Brasil; Privatização das Estatais

Pablo Marçal; Folha contra Moraes; Suspensão das Emendas

Temático: Casamento Homoafetivo; Adoção por casal Gay; Cotas Raciais

ESPECIAL ELEIÇÕES MUNICIPAIS: Interesse pelo Pleito; Gestor Ideal; Apoios de Lula e Bolsonaro

Temático Segurança: Porte de Armas; Pena de Morte; Redução da Maioridade Penal

Desistência de Joe Biden; Declarações de Maduro; Declarações de Tebet

Atentado contra Trump; Cotas na Política; Fala de Lula

Espectro ideológico; Avaliação do Governo Lula; Isenção de Multa para Irmãos Batista

Saúde de Pessoas Trans; Lula e o Câmbio; Indiciamento de Bolsonaro

Aumento para os Procuradores de SP; Descriminalização da Maconha no país; Golpe na Bolívia

Lula no G7; Críticas de Lula ao BC; PL dos Jogos de Azar

Eleições nos EUA; Arthur Lira e o Conselho de Ética; PL 1904

Parada LGBT+; Terceirização da Escola Pública ; Escolas Cívico-Militares

Acusações contra Zambelli; PEC das Praias; Veto à criminalização das Fake News

Benefício Emergencial no RS; Absolvição de Moro; Imposto sobre Importações

Fake news da tragédia; Fala de Eduardo Leite; Fuga de condenados bolsonaristas

SEMANA PETROBRÁS - Privatização, Desenvolvimento e Meio Ambiente

Saídas Temporárias, Condenações de 8/1, Atuação de Presidentes em Calamidades Públicas

Manifestação pró-Bolsonaro em Copa, Novos programas para pequenos empresários e empreendedores; Elon Musk e Alexandre de Moraes

Caso Marielle; Comissão de mortos e desaparecidos; Percepções sobre a ditadura

Taxação dos super ricos; Fraude na carteira de vacinção; Áudios de Cid

Segurança Pública em SP; Nikolas na Comissão de Educação; 60 anos da Ditadura

#Diário Gal Heleno #Economia #Pautas para Mulheres

Manifestação pró-Bolsonaro; Isenção tributária a entidades religiosas; iii) Mudanças nos mandatos

Guerra do Iraque; Vacinação da Dengue; Vídeo de Bolsonaro

#Investigações do Golpe #Fuga dos Detentos de Mossoró

#Aproximação entre Lula e Tarcísio de Freitas #Avaliação de Bolsonaro #Avaliação de Lula

Abin e Alexandre Ramagem; Carlos Bolsonaro e espionagem; Erros no ENEM

Percepções sobre a vida atual, Eleições municipais, Programa

Janones, Declarações de Lula sobre Dino, Indulto de Natal

Falas de Michele, Auxílio a Caminhoneiros e Taxistas, Apoios de Criminosos

#Dados do desemprego no Brasil #Colapso ambiental em Maceió #Disputa entre Venezuela e Guiana

Fim das Decisões Monocráticas, Morte de Clériston Pereira, Dino no STF

#Pronunciamento de Janja #Redução dos custos das Passagens Aéreas #Redução dos custos dos Combustíveis

Militares na Política, Privatizações, Dama do Tráfico no Planalto

#Déficit Zero na Economia #Gabinete do Ódio #Redação do ENEM

Desvio de Armas, Jair Renan na Política, 2a. Condenação de Bolsonaro

Veto dos EUA, Milei, Violência no Rio de Janeiro

GUERRA: Crianças, Resgate de Brasileiros, Conselho de Segurança

Violência no RJ, Fake News da Vacina, Oriente Médio

Inclusão de Pessoas Trans, Grampos de Moro, Conselho Tutelar

Golpismo renitente, Canais de informação bolsonaristas, Gal. Heleno

Rede Globo, Jair Renan, Casamento Civil Homoafetivo

Desfile da Independência, Operação Lava Jato, Desastre no RS

O silêncio de Jair e Michele, Hábitos de Consumo de Informação, Voto Secreto no STF

Zanin, Faustão e a Taxação das Grandes Fortunas

Relatório #19 MED

ESPECIAL: O CASO DAS JOIAS

Tarcísio, Zema, Avaliação 7 meses do Governo Lula

Bolsa família, Laicidade do Estado e MST

Taxação de fundos exclusivos, Marielle e Porte de Arma

Escolas Cívico-Militares, Ataque a Moraes e Desenrola

Tarcísio vs. Bolsonaro, Lula no Mercosul e Aprovação de Lula

Condenação, Plano Safra e Inércia Bolsonarista

Julgamento, PIX e Condenação de Bolsonaro

Julgamento, Cid e políticas sociais

Valores: Marcha, Parada e Aborto

Temas: Zanin / substituto de Bolsonaro

Monitor da Extrema Direita

Os temas da semana são: (1) Investigações sobre os depósitos an

As técnicas tradicionalmente utilizadas para investigar a opinião pública são os surveys e os grupos focais. Ambas são muito úteis, mas têm com limitações da ordem prática e orçamentária, particularmente se deseja realizar um monitoramento contínuo.

O Monitor do Debate Público (MDP) é baseado em uma metodologia inovadora para monitorar de modo dinâmico a opinião pública e suas clivagens no que toca temas, preferências, valores, recepção de notícias etc.

O MDP é realizado por meio de grupos focais de operação contínua no WhatsApp, com participantes selecionados e um moderador profissional.

Assim como na metodologia tradicional de grupos focais, os grupos contínuos no WhatsApp do MDP permitem que o moderador estimule o aprofundamento de temas sensíveis e difíceis de serem explorados por meio de pesquisas quantitativas ou mesmo pela aplicação de questionários estruturados.

O caráter assíncrono dos grupos do MDP, possibilitado pela dinâmica da comunicação no WhatsApp, permite respostas mais refletidas por parte dos participantes, o que é adequado para eleitoral, dado que o voto é também uma decisão que demanda reflexão.

Por sua natureza temporal contínua, grupos focais do MDP são propícios para criar situações deliberativas, nas quais as pessoas se sentem compelidas a elaborar suas razões a partir das razões dadas por outros participantes do grupo.

O telefone celular é hoje o meio mais democrático e acessível de comunicação. Assim, a participação nos grupos do MDP não requer o uso de computador ou mesmo que os participantes interrompam suas atividades para interagirem entre si.

Equipe MDP

Carolina de Paula – Diretora geral

Doutora em Ciência Política pelo IESP-UERJ. Coordenou o IESP nas Eleições, plataforma multimídia de acompanhamento das eleições 2018. Foi consultora da UNESCO, coordenadora da área qualitativa em instituto de pesquisa de opinião e big data, atuando em diversas campanhas eleitorais e pesquisas de mercado. Realiza consultoria para desenho de pesquisa qualitativa, moderações e análises de grupos focais e entrevistas em profundidade. Escreve no blog Legis-Ativo do Estadão.

João Feres Jr. – Diretor científico

Mestre em Filosofia Política pela UNICAMP e mestre e doutor em Ciência Política pela City University of New York, Graduate Center. Foi professor do antigo IUPERJ de 2003 a 2010. É, desde 2010, professor de Ciência Política do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP-UERJ). Coordenador do LEMEP, do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA) e do Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB).

Francieli Manginelli – Coordenadora de recrutamento

Cientista Social e mestre em Sociologia pela UFPR, com experiência em relações de consumo e estratégias de comunicação. Possui formação em UX Research e cursos de gestão e monitoramento de redes sociais e estratégias eleitorais, mídias digitais e gerenciamento de redes. Possui experiência em pesquisas de mercado e campanhas políticas. Realiza moderações e análises de grupos focais e entrevistas em profundidade.

André Felix – Coordenador de TI

Mestre em Ciência Política pelo IESP-UERJ. Tem experiência em planejamento e desenvolvimento de sistemas computacionais de pequeno e médio porte, manutenção de servidores web e possui especialização em modelagem e implementação de bancos de dados relacionais.