Relatório 13

De 07 a 13/07

Temas:

  • Tarcísio vs. Bolsonaro, Lula no Mercosul e Aprovação de Lula
Realização:
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Metodologia

O Monitor da Extrema Direita (MED) se transformou no Monitor do Debate Público (MDP). Na verdade, foi uma expansão do projeto original, que contemplava somente grupos focais contínuos de bolsonaristas convictos e moderados. Tornamos mais complexa a combinação dos critérios de seleção de participantes para produzir quatro categorias de grupos:

G1 – Bolsonaristas Convictos: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, aprovam as invasões de 08/01, acreditam que o ex-presidente é perseguido pelas instituições e não assistem à Rede Globo.

G2 – Bolsonaristas Moderados: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, desaprovam as invasões de 08/01, não há consenso sobre o ex-presidente ser perseguido pelas instituições e não rejeitam a Rede Globo.

G3 – Preferências Flutuantes: votaram Branco/Nulo no segundo turno, mas em outros candidatos no primeiro turno. Os demais critérios são diversos.

G4 – Lulodescontentes: votaram em Lula no segundo turno, mas reprovam a atual gestão. Os demais critérios são diversos.

G5 – Lulistas: votaram em Lula no segundo turno e aprovam sua gestão. Os demais critérios são diversos.

Dessa maneira, o novo Monitor do Debate Público (MDP) será capaz de captar um escopo bem mais amplo da opinião pública e dos fenômenos que regem o comportamento político no Brasil de hoje.

Nossa metodologia permite que os participantes respondam aos temas colocados no tempo que lhes for mais conveniente, liberdade essa inexistente nos grupos focais tradicionais, que são presos à sincronia do roteiro de temas e questões colocados pelo mediador. O instrumento de pesquisa, assim, se acomoda às circunstâncias e comodidades da vida de cada um, reduzindo a artificialidade do processo de coleta de dados e, portanto, produzindo resultados mais próximos das interações reais que os participantes têm na sua vida cotidiana.

É importante salientar que os resultados apresentados são provenientes de metodologia qualitativa, que tem por objetivo avaliar posicionamentos e opiniões. Mesmo quando quantificados, tais resultados não podem ser tomados como dados estatísticos provenientes de amostragem aleatória, ou seja, as totalizações dos posicionamentos de grupos específicos não devem ser entendidas como dotadas de validade estatística mas como dado indicial.

O sigilo dos dados pessoais dos participantes é total e garantido, assim como sua anuência com a divulgação dos resultados da pesquisa.

Síntese dos Principais Resultados

Entre os dias 07 a 13/07 dois grupos foram monitorados a partir de suas opiniões sobre questões do momento. Compõem esses grupos 36 participantes, todos eleitores de Jair Bolsonaro no segundo turno de 2022, divididos entre bolsonaristas convictos (G1) e bolsonaristas moderados (G2) – o critério de seleção é o apoio aos atos de 8 de janeiro.
Cada grupo foi montado de modo a combinar variáveis como sexo, idade, etnia, renda, escolaridade, região de moradia e religião em proporções similares às da população brasileira.
Ao longo da semana, três temas foram abordados: i) a discussão entre Bolsonaro e Tarcísio ; ii) a nomeação de Lula à presidência do Mercosul; iii) reações a pesquisas de opinião.
Ao todo, foram analisadas 129 interações, que totalizaram 4.982 palavras.

Bolsonaristas Convictos Bolsonaristas Moderados
Discussão de Bolsonaro e Tarcísio O grupo não avaliou o acontecido como uma briga entre Bolsonaro e Tarcísio, mas como uma divergência de opiniões. A maioria colocou-se a favor de Bolsonaro, considerando que, por ser mais experiente, estaria com a razão. O grupo criticou a briga entre os dois principais líderes da direita, sem se posicionar a favor de um ou outro. Para eles, ambos deveriam estar preocupados com o texto da reforma em si, avaliando o que é bom e o que é ruim para a população e se unindo para fortalecer a direita.
Nomeação de Lula ao Mercosul A maioria do grupo sabia dos principais atributos do Mercosul e aprova os mesmos. Poucos participantes debateram a função desempenhada por Lula, mas a tendência foi de aprovação. Os participantes foram mais superficiais em suas respostas acerca das funções do Mercosul. Alguns avaliaram positivamente a liderança de Lula, porém outros reprovaram seu discurso de crítica a União Europeia e apoio a Venezuela.
Reações à Pesquisa de Opinião Mostrando Apoio a Lula Unanimamente os participantes mostraram-se revoltados com as informações, afirmando ser uma notícia falsa, proferindo ofensas em relação ao petista e reafirmando seus posicionamentos e valores. O grupo foi bastante moderado em suas respostas. Todos os participantes afirmaram não votar em Lula e nem no PT, mas poucos questionaram os dados da pesquisa e nenhum se referiu ao presidente de maneira ofensiva.
Pergunta 36
Ontem, durante uma reunião do PL, Bolsonaro e Tarcísio se desentenderam acerca da votação da Reforma Tributária. Enquanto o governador de SP é favorável a mesma, avaliando ser uma medida que corresponde às expectativas da direita, Bolsonaro mostrou-se contrário, argumentando ser oposição a Lula e preferir contestar todas as propostas do atual governo. O vídeo demonstra um trecho da briga. O que vocês acham da postura de ambos? Quem está certo?
Bolsonaro está correto

Em ambos os grupos, poucos participantes conheciam os detalhes da reforma. A maioria apenas reproduziu discursos sobre "vai prejudicar os mais pobres"

Os participantes do grupo 01 (bolsonaristas convictos) apoiaram massivamente o ex-presidente, embora avaliassem que não houve briga ou discussão, apenas uma divergência de opiniões.

Para eles, Bolsonaro seria muito mais experiente e competente que Tarcísio em temáticas nacionais, estando certo em criticar a reforma e, mais ainda, em não apoiar a esquerda em nenhum tipo de decisão.

Tarcísio foi avaliado como ingênuo, inexperiente e traidor por sua postura.

"não acho que foi desentendimento, eles tem que tenque falar sobre o assunto mesmo, Bolsonaro está certo, jamais ficaria do lado desses ai, tem que se opor" (G1, 16 anos, técnica em computação, SE)

"O presidente Bolsonaro explicou que em um vídeo que o Tarcísio é um ótimo técnico mas na politica ele é ingênuo, não tem a malicia que ele tem por ser politico por 30 anos. Não achei que eles se desentenderam, apenas cada um deu sua opinião. A mídia podre e os políticos ladrões querem confundir a população e ficam colocando pilha pra direita acreditar e cair nessas narrativas de que os dois estão de desentendendo. Eu confio no presidente Bolsonaro, porque ele é mais experiente e sempre esteve ao lado do povo, e não é ladrão e corrupto." (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos , RJ)

"Eu intendi que eles não se desentenderam foi somente que cada um tem sua opnião mais Bosolnara tem mais tempo e esperiencia na politica que o nosso Governador Tarcicio e logico que esta na cara que esse projeto vai lascar o povo, pensam, vai tirar o emposto da cesta basica mais isso iram aplicar nos serviços basicos como transporte e na saude todos seram prejudicados tanto o pobre como os mais favorecidos." (G1, 48 anos, do lar, SP)

"A Reforma tributária é talvez, a reforma mais importante de nossa história. Bolsonaro por ser mais experiente já tem o conhecimento na pratica sobre isso, enquanto Tarcísio ainda está movido pelos discursos esquerdistas que falam, falam e não fazem nada. Eu acho que Tarcísio não entendeu este processo e estava muito preso aos seus conceitos que são bons porem muito inocentes perante a corja do PT que está no poder." (G1, 39 anos, dona de salão de beleza, BA)

"Eu acho que ambos querem uma decisão para ser tomada,acho que eles não se intendeu em nada o Jair que o melhor para o Brasil é não está de acordo a reforma imagina o que vamos pagar de taxas e imposto inda mais do que pagamos,o bolsonario está super certo e nunca ficaria do lado deles." (G1, 26 anos, especialista em TI, PR)

Os dois estão errados

Os participantes do grupo 02 (bolsonaristas moderados) ponderaram que a reforma seria um assunto complexo, impossível de ser tratado com consenso e que ambos haviam errado em discutir esse tema de modo público e com ares de desavença.

Para esse grupo a racha dentro da direita foi prejudicial, sobretudo em um momento em que a união se faz necessária para enfrentar as políticas da esquerda.

"No quesito da discussão entre o ex presidente e o governador de São Paulo, acho que a razão fica ao lado do primeiro. Mas é uma lástima ver a direita brigando entre si." (G2, 50 anos, advogado, PR)

"Na atual conjuntura política, minha opinião é de que a proposta de reforma tributária do governo federal parece ser inadequada e visa centralizar a arrecadação. No tocante ao debate entre o ex-presidente e o governador de São Paulo, acredito que a argumentação do primeiro prevalece. É lamentável presenciar conflitos internos dentro do espectro político de direita." (G2, 38 anos, gerente de imobiliária, SP)

"Na minha opinião essa briga ainda vai longe parecia que bolsonaro queria fazer tumulto e discórdia de propósito pois seu Maior adversário um político é aquele que disputa o mesmo espaço. O real motivo da briga entre Bolsonaro e Tarcísio é que, na política e em questões eleitorais, seu pior inimigo não é seu adversário, mas aquele que disputa a sua mesma mesq Hoje, Tarcísio e os bolsonaristas disputam a trincheira da direita, e Bolsonaro defende que a trincheira deve ser radical, com seus filhos ou até mesmo sua mulher sendo os expoentes, enquanto o governador de São Paulo parece querer se distanciar desse tipo de radicalismo na minha opinião Bolsonaro é todos seus seguidores querem tumulto e radicalismo pois não tem mais nada a perder" (G2, 38 anos, vendedor, RS)

"Em uma proposta tão complexa quanto a reforma tributária é preciso analisar todos os pontos benéficos para a população e para a política partidária, uma discussão é sempre bem vinda, mas a maneira com que os próprios de direita trataram seus membros vaiando Tarcísio ao defender seus interesses não cabe diante de uma reunião democrática. O Ex-presidente ainda tem grande influência como principal líder de direita nesse país para influenciar os membros do partido para as decisões que ele achar mais benéfica para si, visto o seu total descontentamento com o atual governo. Por isso acho nesse quesito Bolsonaro errado ao interromper Tarcísio nesse trecho!" (G2, 26 anos, administrador , GO)

Pergunta 37
O presidente Lula assumiu na semana passada presidência rotativa do Mercosul. O que vocês já ouviram falar sobre o Mercosul? Avaliam que é importante a existência do bloco?
Aprovam o Mercosul e a presidência de Lula

Os participantes de ambos os grupos sabiam e apoiavam as funções básicas do bloco econômico.

Poucos se manifestaram acerca do papel assumido por Lula, mas os que fizeram, na maioria, avaliaram positivamente o presidente, expressando a expectativa de que ele poderia unificar ainda mais os países e estabelecer medidas satisfatórias de crescimento econômico.

"Eu ouvi falar que a característica principal do Mercosul é a adoção da tarifa externa comum, e que faz com que esse bloco seja chamado de aduaneira, ou seja cobrança de impostos! E é um bloco econômico, ou seja, um acordo feito por alguns países para facilitar o comércio e as relações econômicas entre eles, com o objetivo de aumentar o desenvolvimento e a integração." (G1, 40 anos, pedagoga, RS)

"O Mercosul é o importante bloco econômico mundial, composto por países sul-americanos, como forma de fortalece-los entre si e tbm diante da economia global! Eu acho extremamente importante que o Brasil tenha força nesse bloco, pois só faz com que nossa economia cresça, especialmente no quesito de exportação e tbm com a possibilidade de importação com taxas menores, através de acordo entres esses países! Apesar do Presidente ser quem é, gosto da ideia do Brasil liderar esse bloco!" (G1, 39 anos, contadora, BA)

"Eu tenho um pouco de conhecimento e sim, eu acredito que o Mercosul é importantíssimo, porque se não houvesse o bloco exportaríamos basicamente produto primário, a Argentina, por exemplo, é crucial a indústria brasileira. O Brasil fez a coisa certa ao assumir a liderança do bloco e formar uma zona de influência no sul da América. Eu acho que enfim, Lula fez algo bom, esse bloco de protocolo de cooperação e facilitação de investimentos, prevê o retorno do crescimento econômico e dos empregos, e com isso superar uma das grandes dificuldades econômicas atuais." (G1, 39 anos, dona de salão de beleza, BA)

"Acho que deveria ser mais amplo, e fazer entrar neste bloco países como o Chile e Bolívia, acho que eles seriam essenciais para o Mercosul por causa dos gases naturais e também por causa da liberdade econômica do Chile. Fico satisfeita pelo presidente está à frente disso, mas temos muito a melhorar, temos que aprender com quem deu certo. Imagina só uma América do Sul toda unida assim como a União Europeia." (G1, 39 anos, cabeleireira, PE)

"Acho importante a existência dessa união , para que todos os nossos Hermanos cresçam juntos e podendo ajudar um ao outro , e o nosso presidente a frente acho que podemos esperar coisas boas vindas por aí" (G2, 53 anos, fiscal, CE)

"O bloco do Mercosul muito importante para o Brasil. Espero que o presidente lula faça uma boa liderança frente aos outros países que fazem parte. Vamos esperar o futuro e ver como o Brasil vai se sair." (G2, 54 anos, gerente senior, PA)

"Sim, é um bloco extremamente importante que o presidente está muito empenhado em fortalecer as relações com os países vizinhos, o que favorece muito para a livre circulação de pessoas e bens e a integração econômica e política desses países com a criação de uma moeda única para facilitar as transações financeiras." (G2, 26 anos, administrador , GO)

Sempre a Venezuela

Entre os poucos participantes que criticaram o desempenho de Lula até então, a aproximação com a Venezuela e seu discurso de rejeição às propostas feitas pela União Europeia, sobretudo por se tratar de questões de preservação ambiental, foram citados para sustentar a reprovação do presidente.

"Acho muito interessante o Mercosul. A cada 6 meses é passado a presidência para um dos países. Porém em seu discurso Lula afirmou não aceitar as ameaças de sanções da União Europeia. Achei hipocrisia pois a UE está querendo aplicar sanções aos países que não cumprirem o acordo de preservação do meio ambiente e logo ele e seu partido que criticaram tanto a gestão anterior. Mas a exportação ainda é uma fonte de recursos muito forte para o país. Espero que seja bem administrada." (G2, 43 anos, comerciante, TO)

"E importante por conta da entrada de produtos internacionais no país entre outras coisas portanto não faz sentidos paises como Venezuela passar a participar do mesmo, sendo que ja está banida a alguns anos por conta das suas crises, pois não tem nada a contribuir além de suas dividas, que é uma das propostas do até então presidente Luiz Inácio!" (G2, 24 anos, eletrotécnico , GO)

"Uma tentativa de aumentar a relevância do bloco é a integração com a União Europeia. Porém as exigências do velho continente para a adesão ao bloco foram, segundo o presidente Lula, demasiadamente impostas. Entre algumas das exigências estão o cumprimento dos acordos de preservação da Amazônia e medidas para a garantia da democracia. Nesse sentido o Presidente Lula mostrou contraditória, pois a um ano atrás deu razão as críticas da França com relação ao desmatamento e não considerou as dificuldades inerentes.

Uma coisa que Lula cometeu foi afirmar que ""Não sabe os problemas por menores da democracia da Venezuela"", é fato público e notório do mundo inteiro que a Venezuela vive uma Ditadura e não respeita os Direitos Humanos, e Lula se aproxima da Venezuela, quer trazer ela pro bloco e se distância do mundo por questões ideológica." (G2, 31 anos, contadora, BA)

Pergunta 38
Recentemente, uma pesquisa de opinião, divulgada pela BBC de Londres, revelou que 22% dos eleitores de Bolsonaro passaram a avaliar positivamente o atual governo Lula. Desses, 8% disseram que votariam em Lula, no futuro. Vocês partilham dessa opinião?
Rejeição, questionamentos e ofensas

Embora todos os participantes tenham afirmado não estarem dispostos a aderir a Lula, foi notória a diferença de argumentos e tom das narrativas utilizadas entre os dois grupos.

O grupo 01 (bolsonaristas convictos) reagiram de modo bastante agressivo, com a retomada das ofensas e acusações ao presidente, com questionamentos acerca da veracidade da pesquisa e dos dados, tanto de intenção de voto quanto de avaliação positiva da atual gestão. Houve também reafirmação dos valores partilhados somente com Bolsonaro.

"Isso é fake News, até quem votou nesse desgoverno está arrependido imagina quem votou em Bolsonaro passar a votar no ex condenado? a Mídia esquerdista não cansa de espalhar mentiras pra dividir a direita, mas a verdade sempre vai prevalecer." (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos , RJ)

"Isso deve ser uma piada! Vejo mais o contrário, quem votou no lula arrependido. Mas essa notícia aí, na minha opinião, é a mais fake do mês." (G1, 34 anos, artesã , SC)

"Rs dá até vontade de rir dessa mídia comprada, jamais um eleitor do Bolsonaro vai voltar no lula. Todos sabem que ele é ladrão, descondenado, jamais inocente. A única coisa que fez pelo Brasil foi roubar. É cada uma rs"" (G1, 47 anos, secretária, MG)

"Acho que entrevistaram o pessoal que gosta de mamata e não trabalham...os mesmos vivem de ""Bolsas"", é uma vergonha isso!" (G1, 42 anos, técnica administrativa, PA)

"Não tenho conhecimento dessa pesquisa, que não me parece real! Sinceramente, não consigo imaginar que isso seja possível, pq um verdadeiro eleitor de Bolsonaro e fiel aos bons costumes, jamais votaria no Lula, ou em qualquer um mandado por ele!" (G1, 39 anos, contadora, BA)

"Eu não conheço ninguém que não tenha votado em Lula na eleição passada e esteja hoje em dúvidas. Até porque não é somente ser bolsonarista, é que somos brasileiros que respeitamos amamos nossa nação e estamos atentos para que ela não seja lesada. Isso é de fato uma mentira, a verdade é que eu ainda não vi esse presidente começar a trabalhar de maneira correta, sem corrupção, o que eu tenho visto muito é muita falácia e pouca eficiência." (G1, 39 anos, dona de salão de beleza, BA)

"Bolsonaro abriu os nossos olhos, Bolsonaro fez a gente enxergar o que os petistas ainda vão ver e ainda vão entender o porquê a gente lutava, chorava, dia e noite por este país, Brasil." (G1, 39 anos, cabeleireira, PE)

Discordância

O grupo 02 (bolsonaristas moderados) apenas discordou dos dados da pesquisa, afirmando sua rejeição a Lula, mas ponderando que outras pessoas poderiam sim ter mudado suas opiniões, sem fundamentar suas respostas em ofensas ou argumentos pejorativos.

"Nunca que votaria no Lula" (G2, 50 anos, dona de casa , DF)

"Eu avaliaria como regular, porém não votaria no Lula.. nem agora nem no futuro" (G2, 28 anos, autônoma, DF)

"Nunca na minha vida votaria no lula. Minha sinceridade e essa ." (G2, 54 anos, gerente senior, PA)

"Pesquisas de opinião refletem o sentimento de uma amostra específica da população e podem variar ao longo do tempo. É importante levar em consideração que os resultados de uma pesquisa de opinião não representam a opinião de todos os eleitores, mas eu respeito que os entrevistados possam ter mudado as suas. Com relacao a pergunta: Eu não tenho intenção de votar em nenhum candidato Partido dos Trabalhadores (PT) nas eleições futuras." (G2, 38 anos, gerente de imobiliária , SP)

"Não tenho algum interesse de votar no partido dos trabalhadores, por afetar diretamente com a minha ética e meus conceitos a serem defendidos." (G2, 44 anos, autônomo , AL)

"Avaliar bem não significa mudar opinião. Nao voto no Lula nem no PT. Algumas ações são boas e benéficas e outras não, mas ele não representa meus valores" (G2, 43 anos, agente de turismo , GO)

"Também avalio positivo alguns pontos do governo atual, porém não votaria nunca no pt" (G2, 31 anos, contadora, BA)

Considerações finais

O desentendimento entre Bolsonaro e Tarcísio produziu reações diferentes nos grupos. Os convictos, não somente minoraram o acontecimento, descrito como divergência de opiniões e, de quebra, deram razão a Bolsonaro. Já os moderados não gostaram do evento e não tomaram partido, somente lamentando a desunião da direita. É notável o fato de a identidade política de direita, historicamente acanhada no Brasil, ser exposta de maneira tão aberta. A literatura acadêmica tem creditado a Bolsonaro o papel de facilitador desse processo de “saída do armário”.

O fato de Tarcísio ter sido taxado de ingênuo, inexperiente e traidor por sua postura, no grupo dos convictos, não deve ser lido como forte rejeição a sua figura. A adesão desse grupo é tão forte à máquina de comunicação bolsonarista que basta uma sinalização para que a opinião mude. Notemos que, de fato, as redes bolsonaristas reagiram de modo conflitivo e desorganizado em relação ao evento, inclusive com importantes influenciadores bolsonaristas atacando Tarcísio. Assim, o grupo refletiu fidedignamente essa desorientação, ao mesmo tempo preservando seu líder.

No que toca os comentários sobre Lula assumir a presidência do Mercosul, os convictos supreendentemente se mostraram informados acerca do papel da instituição e alguns até aprovaram a participação do petista. Houve também aprovação à condução do petista à presidência entre os moderados, mas neste grupo também surgiram ressalvas quando as críticas feitas por Lula à União Europeia e seu apoio à Venezuela. Os moderados mais uma vez mostram uma grande sintonia com os enquadramentos da grande imprensa, sempre submissa aos países desenvolvidos e crítica a laços de solidariedade entre os em desenvolvimento.

As reações aos dados da pesquisa que mostra a conversão de uma fatia do eleitorado de Bolsonaro a Lula também dividiu os grupos. Os convictos mostraram-se revoltados com a notícia, rejeitando-a como fake news e aproveitando a oportunidade para baterem tambor: reiterando seu compromisso com valores conservadores e proferindo ofensas contra Lula e o PT. Já os moderados, a despeito de afirmarem não votar em Lula e no PT, não questionaram os dados da pesquisa e não ofenderam o presidente. Mais uma vez aqui temos diferentes “mentalidades” associadas a diferentes atitudes informacionais. Os convictos se mostram agarrados às narrativas bolsonaristas, a ponto de qualquer dado que destoe delas serem veementemente rejeitados, já os moderados, ainda que se afirmem de direita, não cultivam identidade forte com o bolsonarismo e, mais uma vez, se mostram receptivos em relação a dados de pesquisa e informações advindas de fora da bolha bolsonarista, geralmente produzidas pelos grandes meios de comunicação.

Distribuição de Participação
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Monitor da Extrema Direita

Os temas da semana são: (1) Investigações sobre os depósitos an

As técnicas tradicionalmente utilizadas para investigar a opinião pública são os surveys e os grupos focais. Ambas são muito úteis, mas têm com limitações da ordem prática e orçamentária, particularmente se deseja realizar um monitoramento contínuo.

O Monitor do Debate Público (MDP) é baseado em uma metodologia inovadora para monitorar de modo dinâmico a opinião pública e suas clivagens no que toca temas, preferências, valores, recepção de notícias etc.

O MDP é realizado por meio de grupos focais de operação contínua no WhatsApp, com participantes selecionados e um moderador profissional.

Assim como na metodologia tradicional de grupos focais, os grupos contínuos no WhatsApp do MDP permitem que o moderador estimule o aprofundamento de temas sensíveis e difíceis de serem explorados por meio de pesquisas quantitativas ou mesmo pela aplicação de questionários estruturados.

O caráter assíncrono dos grupos do MDP, possibilitado pela dinâmica da comunicação no WhatsApp, permite respostas mais refletidas por parte dos participantes, o que é adequado para eleitoral, dado que o voto é também uma decisão que demanda reflexão.

Por sua natureza temporal contínua, grupos focais do MDP são propícios para criar situações deliberativas, nas quais as pessoas se sentem compelidas a elaborar suas razões a partir das razões dadas por outros participantes do grupo.

O telefone celular é hoje o meio mais democrático e acessível de comunicação. Assim, a participação nos grupos do MDP não requer o uso de computador ou mesmo que os participantes interrompam suas atividades para interagirem entre si.

Equipe MDP

Carolina de Paula – Diretora geral

Doutora em Ciência Política pelo IESP-UERJ. Coordenou o IESP nas Eleições, plataforma multimídia de acompanhamento das eleições 2018. Foi consultora da UNESCO, coordenadora da área qualitativa em instituto de pesquisa de opinião e big data, atuando em diversas campanhas eleitorais e pesquisas de mercado. Realiza consultoria para desenho de pesquisa qualitativa, moderações e análises de grupos focais e entrevistas em profundidade. Escreve no blog Legis-Ativo do Estadão.

João Feres Jr. – Diretor científico

Mestre em Filosofia Política pela UNICAMP e mestre e doutor em Ciência Política pela City University of New York, Graduate Center. Foi professor do antigo IUPERJ de 2003 a 2010. É, desde 2010, professor de Ciência Política do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP-UERJ). Coordenador do LEMEP, do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA) e do Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB).

Francieli Manginelli – Coordenadora de recrutamento

Cientista Social e mestre em Sociologia pela UFPR, com experiência em relações de consumo e estratégias de comunicação. Possui formação em UX Research e cursos de gestão e monitoramento de redes sociais e estratégias eleitorais, mídias digitais e gerenciamento de redes. Possui experiência em pesquisas de mercado e campanhas políticas. Realiza moderações e análises de grupos focais e entrevistas em profundidade.

André Felix – Coordenador de TI

Mestre em Ciência Política pelo IESP-UERJ. Tem experiência em planejamento e desenvolvimento de sistemas computacionais de pequeno e médio porte, manutenção de servidores web e possui especialização em modelagem e implementação de bancos de dados relacionais.