Relatório 01

13 a 19 de abril

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Metodologia

O Monitor da Extrema Direita (MED) se transformou no Monitor do Debate Público (MDP). Na verdade, foi uma expansão do projeto original, que contemplava somente grupos focais contínuos de bolsonaristas convictos e moderados. Tornamos mais complexa a combinação dos critérios de seleção de participantes para produzir quatro categorias de grupos:

G1 – Bolsonaristas Convictos: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, aprovam as invasões de 08/01, acreditam que o ex-presidente é perseguido pelas instituições e não assistem à Rede Globo.

G2 – Bolsonaristas Moderados: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, desaprovam as invasões de 08/01, não há consenso sobre o ex-presidente ser perseguido pelas instituições e não rejeitam a Rede Globo.

G3 – Preferências Flutuantes: votaram Branco/Nulo no segundo turno, mas em outros candidatos no primeiro turno. Os demais critérios são diversos.

G4 – Lulodescontentes: votaram em Lula no segundo turno, mas reprovam a atual gestão. Os demais critérios são diversos.

G5 – Lulistas: votaram em Lula no segundo turno e aprovam sua gestão. Os demais critérios são diversos.

Dessa maneira, o novo Monitor do Debate Público (MDP) será capaz de captar um escopo bem mais amplo da opinião pública e dos fenômenos que regem o comportamento político no Brasil de hoje.

Nossa metodologia permite que os participantes respondam aos temas colocados no tempo que lhes for mais conveniente, liberdade essa inexistente nos grupos focais tradicionais, que são presos à sincronia do roteiro de temas e questões colocados pelo mediador. O instrumento de pesquisa, assim, se acomoda às circunstâncias e comodidades da vida de cada um, reduzindo a artificialidade do processo de coleta de dados e, portanto, produzindo resultados mais próximos das interações reais que os participantes têm na sua vida cotidiana.

É importante salientar que os resultados apresentados são provenientes de metodologia qualitativa, que tem por objetivo avaliar posicionamentos e opiniões. Mesmo quando quantificados, tais resultados não podem ser tomados como dados estatísticos provenientes de amostragem aleatória, ou seja, as totalizações dos posicionamentos de grupos específicos não devem ser entendidas como dotadas de validade estatística mas como dado indicial.

O sigilo dos dados pessoais dos participantes é total e garantido, assim como sua anuência com a divulgação dos resultados da pesquisa.

Síntese dos Principais Conteúdos

Durante 6 dias (de 13 a 19/04), dois grupos foram monitorados a partir de suas opiniões sobre questões do momento. Compõem esses grupos 36 participantes, todos eleitores de Jair Bolsonaro no segundo turno de 2022, divididos entre aqueles que aprovam (G1) e aqueles que reprovam (G2) os ataques de 8 de janeiro de 2023 aos edifícios da Praça dos Três Poderes, em Brasília. Cada grupo foi composto de modo a combinar variáveis como sexo, idade, etnia, renda, escolaridade, região de moradia e religião. Dois temas foram explorados ao longo dessa primeira semana: i) os recentes atos de violência em escolas do país e a decisão do Ministro da Justiça de limitar a circulação de informações sobre esses atos nas redes sociais e ii) a economia, por meio da (já revogada) decisão de taxar compras internacionais e a apresentação no novo arcabouço fiscal. Ao todos, foram analisadas 208 interações, que totalizaram 7984 palavras.

EDUCAÇÃO ECONOMIA
G1 (Bolsonaristas extremos) Para os participantes, os principais responsáveis pela onda de ódio que culmina nos ataques às escolas são os pais negligentes e as ideias disseminadas por grupos nazistas e presentes em jogos virtuais; a maioria do grupo criticou a decisão de proibir a divulgação em redes sociais de vídeos e nomes dos criminosos, avaliando como censura e um ataque ao direito de serem informados.A maioria do grupo criticou a medida de taxação de importados, pois seria uma intervenção no livre mercado. Alguns se mostraram compreensivos com as medidas em prol de um comércio mais justo. Ninguém do grupo soube opinar sobre a temática do arcabouço fiscal, alguns apenas reproduziram informações rasas já divulgadas.
G2 (Bolsonaristas moderados) No grupo o PT e partidos de esquerda foram acusados de responsabilidade pelos atos, uma vez que defendem e "vitimizam" os criminosos. Vídeo games e internet também foram citados como motivadores dos atos de violência. A maioria do grupo apoiou a decisão de limitar informações sobre atos violentos nas redes sociais, compreendendo a efetividade da ação.Unanimamente o grupo criticou a taxação das compras, argumentando, sobretudo, que iria prejudicar justamente as classes mais baixas, que são a base de apoio do PT. Alguns participantes sabiam do arcabouço fiscal, havendo divisão entre quem o aprovava por ser um limitante de gastos e quem o reprovava por acreditar que acarretaria alta de preços, de impostos e da inflação.
Pergunta 01
Vocês devem ter acompanhado o caso da creche em Blumenau, em que um jovem de 24 anos invadiu e assassinou 4 crianças, além de outros episódios de ataques às escolas que estão ocorrendo pelo Brasil. Quem vocês avaliam são os principais responsáveis por essa onda de violência? E quais soluções vocês acham que são eficientes para resolver essa questão?
Posicionamentos acerca dos ataques às escolas

Alguns motivos foram citados, em ambos os grupos, como causadores/incentivadores dos atos de violência que veem ocorrendo nas escolas e sociedade em geral:

i) A propagação de ideias nazistas como incentivo à violência;

ii) Estímulos causados por jogos violentos e uso indevido de redes sociais;

iii) Falta de participação dos pais no dia a dia de seus filhos e culpabilização da educação dada, avaliada por alguns como muito permissiva e pouco punitiva;

iv) A existência de leis que defendem demasiadamente os jovens, somadas aos políticos de esquerda hoje no poder, que optam por vitimizar os agressores.

“Principais responsáveis são células nazistas que disseminam ódio, terror e pânico a todos. Tentam demonstrar aos envolvidos que eles são melhores que os demais, uma raça pura como eles se auto denominam, e que realizando estes ataques procuram respeito neste tipo de Clã.” (G1, 46 anos, SP, gerente de negócios)

“Principais responsáveis somos nós por não supervisionar o que os filhos fazem atrás das telas! O governo por ter tanta lei q protege adolescentes e crianças.. por ter leis fracas “ (G1, 29 anos, SP, empregada doméstica)

“E partidos políticos, principalmente os de esquerda com suas ideologias de vitimização da criminalidade” (G2, 43 anos, BA, funcionário público)

“Eu acho que esses ataques pode estar ligado aos políticos de esquerda, eles são capazes de tudo e não duvido que possam estar por trás desses ataques, ainda mais depois da fala do ministro da justiça Flávio Dino, que está querendo regulamentar as redes sociais por conta desses ataques, isso seria uma desculpa para por em prática a agenda comunista que eles estão implantando no Brasil desde o dia 1° de Janeiro, quando assumiram a presidência do país. A extrema esquerda não enxerga nada a sua frente, quando se trata de usar seus artifícios para alcançar seus objetivos, chegando ao extremo do radicalismo como sacrificar inocentes.” (G1, 55 anos, RJ, gerente de serviços)

“Eu acho que td isso é culpa do atual governo que apoia os marginais” (G2, 55 anos, PE, corretora de imóveis)

“não digo o principal mas com certeza o que influencia muito é a internet , esses jogos malucos com desafios a serem batidos… tudo isso uma absurdo” (G1, 33 anos, SP, assistente administrativa)

“Uma questão bem delicada , muitos falam que essas coisas estão acontecendo devido a um jogo , no qual o intuito é fazer os jogadores ter a missão de matar , então um dos vilões é a internet” (G2, 26 anos, PB, confeiteira)

“Na minha opinião os principais responsáveis sao os pais que estao exaustos da jornada e nao acompanham de fato o que os filhos fazem dentro e fora de casa e acham q a escola que deve educar.” (G2, 43 anos, GO, agente de turismo)

“Na minha opinião é uma questão de falta de Deus, educação, e segurança e uma influência ruim que jogos e internet faz com as pessoas.temos que ter mais segurança nas escolas, hoje em dia qualquer pessoa consegue entrar em uma escola pública. Os jovens de hoje em dia estão muito sem respeito com os professores, jogam esses jogos horríveis, não se apegam com Deus.” (G2, 39 anos, BA, administradora)

Soluções propostas

Maior cerceamento das liberdades, aumento da vigilância nas escolas e o enrijecimento de leis e das punições foram os aspectos mais citados pelos participantes como soluções para coibir esse tipo de ação.

Somado a essas ações, apoio psicopedagógico nas escolas, maior participação dos pais na vida dos filhos e políticas públicas de atividades extra-curriculares foram citados como medidas complementares, mas em menor escala que as punitivas.

As soluções, seriam: - Implantação de vigilância eletrônica - Reunião Pedagógica com os pais e Assistente social para saber o quê está acontecendo em casa. - Adotar Implantação de religiosidade nas escolas” (G1, 42 anos, PA, técnica administrativa)

“Ter psicólogo em todas as escolas para apoiar os alunos a terem saúde mental. Medidas de segurança nas escolas em que verifiquem os alunos para verificar com detector de metais e não deixe qualquer pessoa entrar teria que ter um controle sobre entrada e saída mais rigoroso. Ter sempre um policial na escola em caso de ameaça de ataque.” (G1, 18 anos, SP, aprendiz)

“Como solução leis mais rígidas e a redução da maioridade penal, abolir a audiência de custódia, e tratar essas pessoas como terroristas.” (G1, 55 anos, RJ, gerente de serviços)

“Tem que ter mais segurança nas escolas,e esse governo não está dando a mínima atenção.” (G2, 32 anos, PA, do lar)

“o governo tinha que oferecer algo pra colocar os jovens nos esportes ou pra fazer alguma atividade que futuramente seria sua profissão,deveria ter mais condições para as crianças não ficarem na rua ou em frente do computador aprendendo o que não deve.” (G2, 50 anos, DF, do lar)

"Uma das soluções seria reduzir a menoridade penal,e aplicar punições severas. Fazer com que paguem pelos erros e para que os outros vejam e não repitam.” (G2, 24 anos, DF, promotora de eventos)

“Qualquer palmada agora ,eles vêm como uma tortura ou castigo físico e outros blá blá blá. Tem que deixar os pais de fato educarem os filhos, sem mimimi” (G2, 43 anos, BA, funcionário público)

Pergunta 1.1
Vocês acham que a proibição da exibição de vídeos e conteúdos dos ataques nas redes sociais é uma ação válida?
Apoiam as restrições

O G2(moderados) quase que unanimamente mostrou-se a favor das restrições à veiculação irrestrita de informações sobre os ataques, enquanto o G1(radicais) ficou mais dividido em suas opiniões.

Entre os argumentos utilizados para justificar a aceitação das medidas restritivas estão: a responsabilidade com as emoções das famílias vítimas dos ataques e o fato de trata-se de uma medidas já utilizadas em outros países e que se mostraram efetivas no combate a esse tipo de violência.

“A proibição de exibir vídeos e conteúdos dos ataques nas redes sociais é uma ação que tem sido adotada por várias plataformas, como forma de limitar a disseminação de conteúdos violentos e perturbadores que podem causar danos emocionais e psicológicos em pessoas que assistem. A proibição pode ser vista como uma medida válida, considerando que a exibição desses conteúdos pode estimular outras pessoas a realizarem atos semelhantes, além de ferir a sensibilidade de familiares e amigos das vítimas.” (G1, 38 anos, SP, gerente de imobiliária)

“Nós precisamos estar informados, mas a vinculação precisa ser feita de forma responsável, preservando as vítimas e tendo cuidado para que os ataques não ganhem a proporção de licitude ou qualquer tipo de respaldo!” (G1, 39 anos, BA, contadora)

“Sim , bastante válido. Pois o que o criminoso quer é atenção ,mídia . Já a família quer respeito e empatia no momento delicado.” (G2, 34 anos, AP, técnica de enfermagem)

“sim pois a familia precisa ter sua imagem preservada.esses ataque q eles transmitem na midia abala muito o psicologico das pessoas q ja estao vivendo momentos de panico” (G2, 29 anos, PI, desempregada)

“Acho que sim.. não devemos divulgar e dar ibope para esse tipo de coisa, não dar visibilidade e desestimular esse tipo de comportamento, hoje tudo é jogado nas redes sociais, então deve sim ser proibido e se não for respeitado aplicar multas e suspender as contas de quem fizer, a maioria desse tipo de coisa querem aparecer e não devemos compactuar com esses comportamentos” (G2, 28 anos, DF, autônoma)

Rejeitam as restrições

Entre os argumentos utilizados para rejeitar tal medida estão acusações de censura às liberdades e culpabilização do governo federal, diretamente pelos acontecimentos e por tentar esconder os fatos.

Ficou evidente que muitos não entendiam quais informações eram passíveis de serem proibidas de veiculação.

“Acho que não tem nada a ver, se houver essa proibição voltamos ao tempo da ditadura que era vedado o direito de livre expressão” (G1, 26 Flaviene)

“o governo tem que tomar uma atitude sobre isso e não querer esconder o que está acontecendo punindo as redes sociais.” (G1, 55 anos, RJ, gerente de serviços)

“Acho que não devia proibir e para nois esta em alerta e pode ter algumas atitudes Para poder proteger nossos filhos e ficar por dentro do assunto no dia a dia" (G1, 26 anos, PR, especialista em TI)

“Creio que a solução não seja a proibição nas redes sociais , inibir o que está acontecendo não é a solução. Sei que o sofrimento para que viveu esse pesadelo , que ficar vendo essas notícias é terrível , mas tem que ser mostrado , para quero mundo veja o que está acontecendo e as providências sejam tomadas.” (G2, 26 anos, PB, confeiteira)

“Penso que não deveria proibir porque com os vídeos sabemos o que está acontecendo além disto eles são explicativos. “ (G1, 18 anos, SP, aprendiz)

Pergunta 2.1
O governo federal colocará fim à isenção de imposto de importação para encomendas de até US$ 50 (R$ 250) remetidas por pessoas físicas e destinadas também a pessoas físicas. Vocês estão acompanhando essa discussão? O que pensam sobre isso?
Apoiam a taxação

Poucos participantes disseram apoiar tal medida. Os que o fizeram, usaram como justificativa a questão econômica do país e a necessidade de haver competição mais justa entre os comerciantes.

“O objetivo é evitar fraudes cometidas por empresas que usam o nome de pessoas físicas como remetente para burlar a fiscalização aduaneira.” (G1, 38 anos, SP, gerente de imobiliária)

“Para os comerciantes local é uma boa!!! Mas para nós compradores será péssimo pois os preços são ótimos” (G1, 29 anos, SP, empregada doméstica)

“Nessa questão eu penso pelo dos lados pois a pressão dos grandes Logístas brasileiros tá grande pois os mesmos não estão tendo vendas podendo gerar desemprego e fechamento de várias lojas isso prejudica nossa econômia infelizmente não estão errados.pensando pelo lado consumidor é ruim pois antes podíamos aproveitar preços baixo qualidade boas pagando mais barato, mas essa é a realidade temos que pensar no futuro para não prejudicar nosso país. “ (G1, 38 anos, RS, vendedor)

"Estou acompanhando sim e entendo que, apesar de que isso pode trazer certa mudança nos preços para nós consumidores, o que essa taxação propõe é diminuir as fraudes no envio de produtos ao país, que até então é isento de PF para PF! Só que infelizmente, mtas empresas estavam se passando por pessoas físicas e assim deixando de recolher os impostos! E para o país isso tbm não é bom, pois diminue a arrecadação!" (G2, 47 anos, MG, secretária)

Rejeitam a taxação

A maioria, no entanto, rejeitou tal iniciativa, sob argumentos de que os preços ficariam mais altos, devido ao repasse dos impostos cobrados, e que isso seria interferir no livre mercado.

Para que haja uma concorrência mais equilibrada, o fim de impostos nacionais foi sugestão dada por alguns.

Houve espaço também para outras críticas ao governo, que foi acusado de buscar aumentar a arrecadação para pagamentos de propinas e, mais recorrentemente, de estar agindo de modo a prejudicar as classes mais baixas, justamente aquelas que o PT se comprometeu a cuidar.

“Eu acho que esse novo governo quer dinheiro pra pagar as propinas e mensalão, aí tá aumentando os impostos porque o governo passado deixou o BC independente, então esse novo governo fez promessas de campanha que precisa ser pago agora, não pode esperar os dois anos que o Banco Central está trancado e a chave bem guardada, como esse partido que assumiu não tem escrúpulos nem amor ao pobre, nem a eles mesmos quem vai sofrer é quem mais precisa e pode aguardar que mais impostos e taxação virão, o povo humilde acreditou que seria seria "cerveja e picanha" agora todos nós vamos pagar pela ignorância de quem é obrigado votar e não tem um mínimo de noção do que estamos vivendo, lamentável!” (G1, 55 anos, RJ, gerente de serviços)

“Não concordo pois atrapalha o livre mercado aumentando o imposto sobre os produtos.” (G1, 18 anos, SP, aprendiz)

“Isso afeta principalmente a população de baixa renda, pois as roupas compradas no aplicativo são de boa qualidade e de um preço de custo muito bom, fora que tem campanhas de desconto. Com essa inflação, isso vai mudar, pois o valor vai ficar equivalente a de uma loja de departamento, muito caro!” (G1, 24 anos, BA, assistente administrativo)

“Não concordo com essa isenção, o que o Governo deveria era diminuir os impostos sobre os produtos nacionais em comparação ao produtos importados para incentivar a compra dos ecommerces nacionais.” (G2, 26 anos, GO, administrador)

“Se a tática é fazer com que compramos aqui, por que não rever os impostos daqui ? Vejo isso como aproveitamento por parte do governo.” (G2, 24 anos, DF, promotora de eventos)

“sabia que eles iam arrumar meios de cobrar mais impostos como meio de recuperar o dinheiro, agora ou a gente paga mais caro com produtos nacionais ou paga uma taxa exorbitante para receber o produto, então sempre estamos sendo lesados” (G2, 28 anos, DF, autônoma)

“E complicado pois em vez de abaixarem os impostos nacionais fazem e aumentar os importados, infelizmente o Brasileiro tem sido atacado principalmente nós pobres, ou medianos, deveriam ter mais cuidado conosco, e a população em si não ta fazendo nada” (G2, 24 anos, GO, eletrotécnico)

“O governo então ta mostrando ao que veio. Como sempre dessa formar onerando as classes menos favorecidas. Deverial fazer com que as empresas pagassem o devido imposto e não retirando de quem compra. Pois assim torna mais caro o produto as classes que mais necessitam. Deveriam achar uma outra solução para o devido problema em questao” (G2, 54 anos, PA, gerente senior)

“Também não concordo, o governo está pensando apenas nele, no seu próprio bolso e consequentemente vai afetar a classe mais necessitada, que hoje em dia o seu poder de compra está quase que exclusivo nesses sites, principalmente itens para bebê que são muito caro “ (G2, 31 anos, BA, contadora)

“Muito ruim pra quem compra com frequências nesses ecomerce essa taxação, bom para as redes de varejo do Brasil que o PT apadrinhou” (G2, 43 anos, BA, funcionário público)

Pergunta 2.2
Além dessa questão das taxas de importação, existem outras medidas que o governo propôs no chamado "NOVO ARCABOUÇO FISCAL". Vocês já ouviram falar sobre isso? Quais medidas ouviram? São positivas ou negativas?
Aprovam as medidas

A maioria dos participantes não sabia do que se tratava.

Entre os que sabiam, alguns avaliaram a medida como positiva, pois limitaria o gasto público, promovendo assim maior estabilidade na economia do país.

"Sim, eu já ouvi falar mas ainda não entendi direito como funciona, se é bom ou ruim para o nosso país, já escutei a ministra falando sobre isso e não deu uma explicação que fosse fácil de entender." (G1, 16 anos, SE, técnica em computação)

"Como já foi dito, é um conjunto de novas regras, mudanças e ajustes fiscais, que visam estabilizar a economia como um todo! Vejo que de um lado, pode ser bom para no país, pois pode nos trazer mais estabilidade económica e Crescimento!" (G1, 39 anos, BA, contadora)

"Tem postos positivos pois pode se tornar possível estabilizar a dívida pública equilibrar as contas e aumentar os investimentos e áreas consideradas prioridades. Resumindo segurando as contas para investir em prioridades como segurança, emprego,ensino. Acho que afeta a todos pelo lado positivo em conjunto." (G1, 39 anos, PR, vendedora online)

Rejeitam as medidas

No G2(moderados), alguns participantes interpretaram o arcabouço como uma artimanha do governo para gastar mais, inclusive combinado com o aumento de impostos. Associam assim o aumento do gasto público com o prejuízo à população. Houve inclusive associação da taxação de importados, assunto da pergunta 2.1.

"Na minha visão pelo que eu já ouvir falar são medidas negativas, porque se o governo aumenta o gasto ele vai ter que aumentar arrecadação, e como ele aumenta arrecadação?? Cobrando imposto como vai ser cobrado agora da shopee, shein,aliexpress, por isso na minha opinião é algo muito negativo para a população. Para a população vai ser ruim , para o presidente vai ser muito bom né" (G2, 39 anos, BA, administradora)

"Isto apenas beneficia o governo , já que irá permitir o governo financiar serviços públicos enquanto tenta manter a dívida do país sob controle. Entao acho que para nós é um lado negativo , pq consequentemente os impostos iram aumentar" (G2, 26 anos, PB, confeiteira)

"Agora o governo Lula busca como alternativas essa nova medida para poder gastar mais para cumprir as suas promessas, principalmente as de assistência social. Se forem visando a melhoria pra população, vejo como positivo, mas pelo que conhecemos o governo, haverá mais gastos, aumento da inflação, aumento da dívida pública, juros e mais impostos! No final da balança seria mais negativo, prejudicando ainda mais o atual momento econômico que vivemos!" (G2, 26 anos, GO, administrador)

"vi que o grande ministro da econômia está levando para ser aprovado no congresso em questão cobrança das taxas e claro que isso vai beneficiar somente o governo então como ele quer gastar muito ele tem que provar que tem como ele cobrir estes gastos exagerados e ai e por isso que ele esta taxando td" (G2, 55 anos, PE, corretora de imóveis)

Considerações Finais

Essa foi a primeira semana de implantação do projeto.

Para além dos detalhes enumerados acima, algumas detalhes são dignos de nota:

- o nome de Jair Bolsonaro não foi citado em nenhum momento pelos participantes.

- Não houve citações a pessoa de Lula, tampouco, mas sempre ao seu governo.

- A referências ao governo Lula foram frequentemente associadas a críticas (ou falácias) comuns do repertório bolsonarista: que o PT defende e vitimiza o marginal, que essa atitude do partido contribui para aumentar a violência, que os petistas querem aumentar impostos para pagar mais propinas, etc.

- As decisões e medidas relativas ao caso de violência nas escolas foram mais bem aceitas do que as decisões da pasta da economia.

- As ações na área da econômica foram criticadas por violarem a concepção bastante neoliberal, disseminada entre os participantes, de que o gasto governamental fere o interesse público, e a percepção de que o governo do PT é um gastador irresponsável, ou mesmo corrupto.

- A ignorância dos participantes quanto à natureza e os detalhes da proposta do Arcabouço Fiscal é grande, o que é previsível dada a complexidade da matéria e sua recente publicização.

Destaque da semana

É digno de nota o fato de ter aparecido somente no G2(moderados) o argumento de que o aumento na taxação dos importados iria prejudicar os setores mais desfavorecidos da população, justamente aqueles que dão maior apoio a Lula e ao PT.

Como esse grupo é o mais fracamente ligado ao bolsonarismo, é possível que essa percepção tenha contaminado também pessoas que estão em posição simétrica na base de apoio do Governo, ou seja, aqueles mais fracamente ligados ao PT e a Lula, mas que votaram no petista ou declaram apoio a seu governo. Ou seja, de todos os assuntos tratados na semana, esse foi o mais crítico.

Participação
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Monitor da Extrema Direita

As técnicas tradicionalmente utilizadas para investigar a opinião pública são os surveys e os grupos focais. Ambas são muito úteis, mas têm com limitações da ordem prática e orçamentária, particularmente se deseja realizar um monitoramento contínuo.

O Monitor do Debate Público (MDP) é baseado em uma metodologia inovadora para monitorar de modo dinâmico a opinião pública e suas clivagens no que toca temas, preferências, valores, recepção de notícias etc.

O MDP é realizado por meio de grupos focais de operação contínua no WhatsApp, com participantes selecionados e um moderador profissional.

Assim como na metodologia tradicional de grupos focais, os grupos contínuos no WhatsApp do MDP permitem que o moderador estimule o aprofundamento de temas sensíveis e difíceis de serem explorados por meio de pesquisas quantitativas ou mesmo pela aplicação de questionários estruturados.

O caráter assíncrono dos grupos do MDP, possibilitado pela dinâmica da comunicação no WhatsApp, permite respostas mais refletidas por parte dos participantes, o que é adequado para eleitoral, dado que o voto é também uma decisão que demanda reflexão.

Por sua natureza temporal contínua, grupos focais do MDP são propícios para criar situações deliberativas, nas quais as pessoas se sentem compelidas a elaborar suas razões a partir das razões dadas por outros participantes do grupo.

O telefone celular é hoje o meio mais democrático e acessível de comunicação. Assim, a participação nos grupos do MDP não requer o uso de computador ou mesmo que os participantes interrompam suas atividades para interagirem entre si.

Equipe MDP

Carolina de Paula – Diretora geral

Doutora em Ciência Política pelo IESP-UERJ. Coordenou o IESP nas Eleições, plataforma multimídia de acompanhamento das eleições 2018. Foi consultora da UNESCO, coordenadora da área qualitativa em instituto de pesquisa de opinião e big data, atuando em diversas campanhas eleitorais e pesquisas de mercado. Realiza consultoria para desenho de pesquisa qualitativa, moderações e análises de grupos focais e entrevistas em profundidade. Escreve no blog Legis-Ativo do Estadão.

João Feres Jr. – Diretor científico

Mestre em Filosofia Política pela UNICAMP e mestre e doutor em Ciência Política pela City University of New York, Graduate Center. Foi professor do antigo IUPERJ de 2003 a 2010. É, desde 2010, professor de Ciência Política do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP-UERJ). Coordenador do LEMEP, do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA) e do Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB).

Francieli Manginelli – Coordenadora de recrutamento

Cientista Social e mestre em Sociologia pela UFPR, com experiência em relações de consumo e estratégias de comunicação. Possui formação em UX Research e cursos de gestão e monitoramento de redes sociais e estratégias eleitorais, mídias digitais e gerenciamento de redes. Possui experiência em pesquisas de mercado e campanhas políticas. Realiza moderações e análises de grupos focais e entrevistas em profundidade.

André Felix – Coordenador de TI

Mestre em Ciência Política pelo IESP-UERJ. Tem experiência em planejamento e desenvolvimento de sistemas computacionais de pequeno e médio porte, manutenção de servidores web e possui especialização em modelagem e implementação de bancos de dados relacionais.