Relatório 09

09 a 15/06

Temas:

  • Valores: Marcha, Parada e Aborto
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Metodologia

O Monitor da Extrema Direita (MED) se transformou no Monitor do Debate Público (MDP). Na verdade, foi uma expansão do projeto original, que contemplava somente grupos focais contínuos de bolsonaristas convictos e moderados. Tornamos mais complexa a combinação dos critérios de seleção de participantes para produzir quatro categorias de grupos:

G1 – Bolsonaristas Convictos: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, aprovam as invasões de 08/01, acreditam que o ex-presidente é perseguido pelas instituições e não assistem à Rede Globo.

G2 – Bolsonaristas Moderados: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, desaprovam as invasões de 08/01, não há consenso sobre o ex-presidente ser perseguido pelas instituições e não rejeitam a Rede Globo.

G3 – Preferências Flutuantes: votaram Branco/Nulo no segundo turno, mas em outros candidatos no primeiro turno. Os demais critérios são diversos.

G4 – Lulodescontentes: votaram em Lula no segundo turno, mas reprovam a atual gestão. Os demais critérios são diversos.

G5 – Lulistas: votaram em Lula no segundo turno e aprovam sua gestão. Os demais critérios são diversos.

Dessa maneira, o novo Monitor do Debate Público (MDP) será capaz de captar um escopo bem mais amplo da opinião pública e dos fenômenos que regem o comportamento político no Brasil de hoje.

Nossa metodologia permite que os participantes respondam aos temas colocados no tempo que lhes for mais conveniente, liberdade essa inexistente nos grupos focais tradicionais, que são presos à sincronia do roteiro de temas e questões colocados pelo mediador. O instrumento de pesquisa, assim, se acomoda às circunstâncias e comodidades da vida de cada um, reduzindo a artificialidade do processo de coleta de dados e, portanto, produzindo resultados mais próximos das interações reais que os participantes têm na sua vida cotidiana.

É importante salientar que os resultados apresentados são provenientes de metodologia qualitativa, que tem por objetivo avaliar posicionamentos e opiniões. Mesmo quando quantificados, tais resultados não podem ser tomados como dados estatísticos provenientes de amostragem aleatória, ou seja, as totalizações dos posicionamentos de grupos específicos não devem ser entendidas como dotadas de validade estatística mas como dado indicial.

O sigilo dos dados pessoais dos participantes é total e garantido, assim como sua anuência com a divulgação dos resultados da pesquisa.

Síntese dos Principais Resultados

Entre os dias 09 a 15/06, dois grupos foram monitorados a partir de suas opiniões sobre questões do momento. Compõem esses grupos 36 participantes, todos eleitores de Jair Bolsonaro no segundo turno de 2022, divididos entre bolsonaristas convictos (G1) e bolsonaristas moderados (G2) – o critério de seleção é o apoio aos atos de 8 de janeiro.
Cada grupo foi composto de modo a combinar variáveis como sexo, idade, etnia, renda, escolaridade, região de moradia e religião em proporções similares às da população brasileira.
Essa semana focamos a questão dos valores e escolhemos três temas, utilizando eventos e exemplos concretos para lastrear a discussão: i) a 31° edição da Marcha para Jesus ; ii) a 27ª edição da Parada do Orgulho LGBT+; iii) a descriminalização do aborto.
Ao todos, foram analisadas 142 interações, que totalizaram 5.446 palavras.

G1 (Bolsonaristas Convictos) G2 (Bolsonaristas Moderados)
Marcha para Jesus Unanimamente o grupo apoiou e validou a Marcha para Jesus, como um evento que os representava. A ausência de Lula foi comemorada e criticada, enquanto a ausência de Bolsonaro foi sentida e justificada por vários motivos. A maioria do grupo preferiu a ausência de Lula e Bolsonaro, por avaliarem o evento como de caráter religioso e apolítico. Lula foi criticado por alguns e compreendido por sua postura por outros. A ausência de Bolsonaro foi pouco debatida, mas com elogios a ele, quando mencionada.
Parada do Orgulho LGBT+ O grupo ficou dividido entre os que rejeitavam totalmente o movimento, os que mantiveram o discurso polido do respeito (mas não gosto) e alguns que apoiavam o movimento baseados nos princípios da igualdade e dos direitos de lutar por ela. A defesa da família tradicional e das crianças foi o principal argumento dos que rejeitavam o movimento. Poucos participantes do grupo apoiavam integralmente o movimento. A maioria disse respeitar a causa, mas criticando o movimento por permitir a presença de crianças e por realizar obscenidades em público. Os valores conservadores foram bastante explicitados pelos participantes.
Descriminalização do aborto Unanimamente o grupo mostrou-se contra a descriminalização do aborto, salvo nos casos já previstos pela lei. A maioria argumentou a partir de apelos religiosos. Algumas participantes falaram da necessidade de políticas públicas para a mulher. A maioria do grupo discordava da descriminalização do aborto, argumentando sob princípios religiosos e de direito à vida. Somente algumas participantes foram favoráveis à legalização do aborto.
Pergunta 24
A 31° edição da Marcha para Jesus tomou as ruas de São Paulo nesta quinta-feira (8). Qual a opinião de vocês sobre esse evento? O presidente Lula e o ex-presidente Bolsonaro foram convidados, mas não compareceram. O que acham dessa ausência deles na Marcha?
Avaliação do evento

O evento foi muito bem avaliado por todos, como um direito de manifestação e uma celebração de suma importância para os religiosos. Em ambos os grupos a fé cristã foi mencionada como o real motivo para a Marcha, levando muitos participantes a questionarem a presença de políticos não praticantes no evento. Importante observar que a presença de Bolsonaro, quando citada nesses contexto de debate, foi avaliada como genuína e não eleitoreira.

Quase unanimemente no grupo 2 (bolsonaristas moderados) o evento foi avaliado como apolítico, com apelos para que parlamentares e políticos em geral não o usassem como palanque eleitoral.

"Eu amo a marcha para Jesus um momento de dizer ao mundo que Jesus é o nosso único e suficiente salvador." (G1, 47 anos, secretária, MG)

"Eu acho muito linda essa marcha pra Jesus, pois é uma demostração de fé e esperança da humanidade! Na minha opinião foi até bom Lula e Bolsonaro não terem ido, porque causaria disputa e tiraria a pureza do evento." (G1, 40 anos, pedagoga, RS)

"Acho que qualquer manifestação que não atrapalhe o direito de ir e vir dos outros é válido. Não sou cristã, mas acho muito lindo a fé das pessoas." (G1, 34 anos, artesã , SC)

"Eu acho válido qualquer forma de manifestação da fé cristã. Vejo que não é necessário a presença de políticos. A marcha é feita para adorar a Deus" (G1, 47 anos, microempreendedora , SP)

"Politizar a religião não dá!!! Eventos religiosos, sejam de evangélicos, católicos ou qualquer outra denominação eu penso que o presidente da República não deve ir. Eu não concordo quando políticos participam de eventos evangélicos se aproveitando e misturando política com religião. Não se deve misturar Estado com Igreja." (G1, 39 anos, cabeleleira, PE)

"É um evento religioso e na minha opinião nao tem necessidade de envolvimento politico." (G2, 43 anos, agente de turismo , GO)

"Um evento religioso e envolvimento político só causaria tumulto e tiraria o principal objetivo do evento que é o doutrinamento de amor a Deus independente de placa de igreja." (G2, 43 anos, comerciante, TO)

"A decisão de participar ou não da Marcha para Jesus é uma escolha pessoal de cada político, e não há uma resposta única para essa questão, mas acho de bom tom mesmo não ir, porque daria a cara de palanque político né." (G2, 38 anos, gerente de imobiliária , SP)

Menções a Lula

O grupo 01 (bolsonaristas convictos) criticou intensamento o presidente por sua ausência, usando o tema para ofender Lula e suas ações, avaliando-o como anti-cristão, covarde (por não ter ido ao pressentir que seria vaiado) e outros impropérios.

No grupo 02 (bolsonaristas moderados) poucos criticaram Lula por sua ausência, avaliando sua postura mais como sensata, por saber que não era um evento para ele ou para sua base eleitoral mais significativa. A carta enviada foi mais bem aceita por esses participantes, por demonstrar respeito ao ato e manter as instituições separadas.

"Lula é anti cristão ele não iria mesmo." (G1, 47 anos, secretária, MG)

"Sobre a ausência de Lula, eu acredito que ele não quis ir lá sabia que seria vaiado e que não teria uma boa repercussão!" (G1, 39 anos, contadora, BA)

"Esqueçam Bolsonaro, ele não tem obrigação de ir a lugar nenhum, ao contrário do atual, e quem é presidente é o ex-presidiário, ele que teria que comparecer na marcha, até porque o ex-presidiário enche a boca pra dizer que foi ele que criou a Marcha. Uma coisa é certa, não foi porque tá fugindo do povo porque sabe que seria vaiado e xingado, não pode sair na rua, porque não tem paz e sossego, é odiado por onde passa, uma coisa muito estranha, pra quem ganhou uma eleição democraticamente!" (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos , RJ)

"O presidente Lula, nunca foi de manifestar como Cristão...mais o fator "birita" é mais atrativo para ele!" (G1, 42 anos, técnica administrativa, PA)

"O presidente mesmo sabendo que ia ser vaiado por isso não foi " (G1, 25 anos, estudante, ES)

"Sobre o atual presidente não ter ido para a marcha, não me lembro de Lula ter ido a nenhuma marcha para Jesus. Ele sempre mandou representantes. Não faz falta alguma." (G2, 39 anos, cabeleireira, PE)

"Acredito que Lula não foi porque com certeza haveria um murmurinho, e mesmo ele não indo enviou um de seus ministros e ao citar o nome do então presidente foi vaiado,pois sabemos que a grande maioria dos Cristãos que estavam no evento são Bolsonarista" (G2, 34 anos, técnica de enfermagem , AP)

"A macha pra Jesus é um momento de professar a fé religiosa e não palanque para político como foi a do ano anterior. Achei muito sensato o Presidente não comparecer ao evento e ainda enviou uma carta explicando e agradecendo ao convite, bem como enviando um representante legal para o evento." (G2, 26 anos, administrador , GO)

Menções a Bolsonaro

Novamente os grupos se comportaram de modos diferentes. O grupo 01 (bolsonaristas convictos) justificou de inúmeras maneiras a ausência de Bolsonaro, vitimizando-o, inclusive. Quase unanimamente os participantes acreditavam que o ex-presidente faltou ao evento por alguma causa maior.

No grupo 02 (bolsonaristas moderados) a ausência quase não foi debatida, mantendo a narrativa em torno da necessidade de separação entre política e religião (no campo da religião).

Apenas um participante criticou Bolsonaro, num discurso generalizante, sobre a ausência de ambos os líderes mencionados na pergunta, mas num viés que demostrava insatisfação e a percepção de que a presença no evento ocorreria apenas para a satisfação de interesses particulares.

"Bolsonaro deve ter seus motivos para não ter ido." (G1, 47 anos, secretária, MG)

"Bolsonaro deve ter tido um imprevisto não compareceu mais o governador foi ." (G1, 48 anos, do lar, SP)

"Bolsonaro imagino q está com tanta perseguição e outros problemas para resolver que logo dará algum depoimento de apoio ou homenagem." (G1, 34 anos, artesã , SC)

"Sobre o Bolsonaro não ir faz sentido , apesar dele sempre ter demonstrado servir a Deus .. mas para que se expôr né em um País onde querem o fim dele a todo custo" (G1, 33 anos, assistente administrativa , SP)

"Já sobre a ausência de Bolsonaro, creio que foi mais um ato de auto proteção, uma vez que ele vem sendo alvo de calúnias e difamação a meses e acredito que ele precise mesmo preservar sua imagem, e até mesmo sua vida!" (G1, 39 anos, contadora, BA)

"Bolsonaro anda doente, talvez tenha se preservado!" (G1, 42 anos, técnica administrativa, PA)

"Já o ex presidente não foi por que deve ter um motivo bom pra não ir" (G1, 25 anos, estudante, ES)

" E acredito que se Bolsonaro fosse seria um palanque político, e o foco da Marcha para Jesus é outro, então ele não foi pra respeitar o momento." (G1, 34 anos, técnica de enfermagem , AP)

"Quantos aos convidados que não apareceram sua falta não foi sentida e nem estragou o expectativas da marcha. Agora para presidente que se dizem religiosos deixam muito a desejar. Não foram porque não tinha nada de seu interesse para tirar proveito próprio. Enfim O a esquerda e O a direita" (G2, 54 anos, gerente senior, PA)

Pergunta 25
Ontem, ocorreu a 27ª edição, a Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo, que saiu às ruas em defesa de pautas e políticas sociais para o público LGBT+. A estimativa foi de 4 milhões de participantes. O que vocês acham desse evento?
Considerações iniciais

A receptividade à Parada da Diversidade não foi unânime entre os participantes.

Quase metade deles (42% do total) - majoritariamente entre os participantes do grupo 01 (bolsonaristas convictos) - disse reprovar o movimento e a causa defendida; 34% dos participantes tiveram postura velada, muitas vezes também homofóbica, disfarçada em frases "respeito, mas não acho que..." e 24% disseram apoiar o movimento e todas as formas de manifestação, avaliando-as como legítimas e inclusive, comparando-as com os mesmos direitos exercidos 2 dias antes, pela Marcha para Jesus.

Discursos de reprovação - explícitos e implícitos

A maioria dos participantes colocou-se numa postura contrária às ideias defendidas pelo movimento, argumentando a partir de princípios conservadores e moralizantes. A noção de normalidade foi utilizada por muitos, para defender suas ideias de que seria algo fora dos padrões (religiosos) por eles vividos e que seria um mal exemplo para as crianças em processo de formação identitária.

Muitos trouxeram também informações inverídicas, provavelmente fruto de notícias falsas que circularam em grupos extremistas, como a de que havia pessoas fazendo pole dance numa cruz (imagens retiradas de gravações dos Estados Unidos).

"Eu particularmente não apoio esse movimento é contra o que eu acredito, mas cada ser humano tem o livre arbítrio, só não gosto de quando querer ter direitos exclusivos, acho que todos tem que ter direitos iguais." (G1, 47 anos, secretária, MG)

"Não acho satisfatório pois os homossexuais poderiam se fazer notar obtendo respeito de uma outra forma! A cidade depois dessa "marcha", fica suja e cheia de gente bêbada, um verdadeiro horror!" (G1, 42 anos, técnica administrativa, PA)

"Eu acredito que todos devem se manifestar livremente porém acho um mal exemplo para as crianças." (G1, 18 anos, aprendiz, SP)

"No meu ponto de vista não acho nada educativo, não gosto! Cada um escolhe a vida que quer, mas acho isso um mal exemplo pras crianças, percebo que as gerações futuras vão seguir muitos exemplos ruins por excesso de liberdade!" (G1, 40 anos, pedagoga, RS)

"Podia ter a parada heterosexual também. Uma libertinagem danada. Sou contrária. Acho que não tem necessidade de se comemorar..." (G1, 25 anos, estudante, ES)

"Pra mim não apoio de jeito nenhum. Nao acho essas coisas bonita e nem corretas" (G1, 26 anos, especialista em TI, PR)

"Eu vi até umas pessoas brincando com a cruz, fazendo poli dance na cruz" (G2, 39 anos, administradora, BA)

"Eles confundem "Liberdade" com "Libertinagem" simples assim. Pode ir lá se manifestar, mas não precisa ficar beijando na boca né, ou então estar quase sem roupas" (G2, 50 anos, dona de casa , DF)

"Assim eu não tenho nada contra, só que eu não sou a favor de tipo ser algo normal vc sair na rua com sua família, seus filhos e ser obrigado a tá vendo duas pessoas do mesmo sexo si pegando ou algo do tipo . Acho muito desagradável ter que passar por esse tipo de situação. Olha que eu não sou contra tá. Acho que cada um de nós temos direito a fazer nossas escolhas. Assim como eu tenho essa opinião. Meu cunhado é gay, eu me dou super bem com ele." (G2, 44 anos, autônomo , AL)

"Tenho um primo gay e me orgulho do exemplo dele. Não precisa de fazer arruaça para mostrar pra ninguém o que ele escolhe pra vida. Infelizmente essa manifestação não tem nada de bom. Drogas e sexo explícito são parte da manifestação e não acho necessário isso. Todos tem direito a escolher o que quiser ser sem tirar a liberdade do próximo." (G2, 43 anos, comerciante, TO)

"É um evento que acho necessário, só achei errado a presença de crianças segurando faixas na frente de um bloco falando que crianças trans existe. Não acho necessário a presença de crianças." (G2, 39 anos, administradora, BA)

Discursos de aprovação

Para cerca de um quarto dos participantes, o evento foi avaliado pela ótica do direito à igualdade e de lutar por respeito perante a sociedade, sendo comparado à Marcha para Jesus. Foi também declaro como consonante a princípios democráticos e validado como legítimo. Além disso, suas pautas foram apoiadas e discursos acerca da necessidade de preservar o direito à vida da população LGBT+ foram feitos.

A participação de crianças incomodou também aqueles que disseram apoiar o evento e suas causas.

"Gosto desse evento já fui algumas vezes não tenho nada contra .. é onde as pessoas se encontra e se identifica é o momento deles . Era melhor no começo , de uns anos pra cá já virou palhaçada .. Igual ontem vi um cartaz lá que criança já nasce trans .. um absurdo , estão querendo enfiar isso guela abaixo cada vez mais da sociedade .. mas de um modo geral nada contra é onde eles pode se encontrar sem sofrer qualquer tipo de preconceito ." (G1, 33 anos, assistente administrativa , SP)

"Eu tenho um posicionamento mto claro sobre isso: se não gosto, não vou! Eles lá, não vão me prejudicar em nada! Estão apenas exercendo seu direito de se manifestarem! É uma festa autorizada pelos órgãos competentes, com patrocinadores que custeiam o evento - tal qual o carnaval; que já ganhou repercussão mundial e que movimenta mto a economia de SP, gerando empregos tanto formais quanto informais! Ela é como a Marca pra Jesus, um direito de manifestação. E o preconceito mata milhares de LGBT+ (que são tão cidadãos como nós, que pagam os mesmos impostos que nós, que trabalham muitas vezes cuidando de nossa família!)" (G1, 39 anos, contadora, BA)"

"Assim como os católicos fazem as procissões, os protestantes a marcha para Jesus, a comunidade LGBT+ também tem o direito de realizar suas manifestações públicas, todos pagam impostos e como cidadãos brasileiros tem o direito à liberdade de expressão, credo e amor. Isso tudo é garantido a todos pela Constituição que é o livro que rege o nosso país. E é bom lembrar que todos somos iguais independentemente do gênero e parar com o preconceito, que ainda é bastante presente no Brasil, um país bastante conservador." (G1, 39 anos, dona de salão de beleza, BA)

"A diversidade sexual não deve ser mais tratada como um tabu. Este evento demostra que todos somos iguais perante a deus independente de nossa escolha sexual . Dou nota 10" (G2, 54 anos, gerente senior, PA)

"É um evento voltado para pedir o mínimo, que é o respeito pela comunidade LGBTQIA+, acho importante, e serve como conscientização para que as pessoas respeitem as escolhas de cada um e para preservar a vida deles, porque todo dia alguém é espancado em decorrência de preconceito." (G2, 24 anos, promotora de eventos , DF)

"Acho legal, é um evento que representa a diversidade, a cultura e a ideologia deles, devem ser respeitadas, então acho legal que tenha assim como tem de várias outras pessoas" (G2, 28 anos, autônoma, DF)

Pergunta 26
Até outubro, antes de se aposentar, a ministra Rosa Weber, presidente do STF, irá pautar a questão da descriminalização do aborto. O que vocês pensam dessa questão?
Contrários à descriminalização

92% dos participantes mostraram-se contrários à proposição.

A religiosidade teve grande peso no embasamento das opiniões, inclusive para os casos já previstos em lei (estupro, má formação do feto ou risco à vida da mulher). O direito à vida (ao nascimento, pelo menos) se sobrepõe, na opinião desses, a qualquer outro direito.

Entre os bolsonaristas convictos, a ideia foi associada novamente à ideologia do comunismo, que seria o responsável pelo fim da moral e dos bons costumes.

"Eu sou contra o aborto em qualquer situação pois é uma vida a ser tirada uma crueldade contra tudo que aprendemos com Deus" (G1, 48 anos, do lar, SP)

"Sou totalmente contra o aborto, derramamento de sangue inocente. Infelizmente o diabo está tendo essa legalidade para atacar as crianças, tragédias com crianças tem acontecido muito, principalmente em Países que o aborto é liberado. Se Deus quiser o Brasil não vai legalizar o aborto." (G1, 47 anos, secretária, MG)

"Aborto é crime na minha opinião, deveria ser aceito apenas em casos de estupro e má formação de fetos! Não acredito que a pessoa sem sofrer esses atos acima deva fazer aborto, porque temos muitos métodos contraceptivos no mercado!" (G1, 42 anos, técnica administrativa, PA)

"A nossa constituição já dá o direito de abortar em caso de estupro e má formação do feto! O que esse governo quer é seguir a agenda do comunismo que aceita o aborto por questão de libertinagem, como se fosse uma coisa normal, nesse caso é um assassinato, existem muitos métodos de se evitar filhos, esses comunistas satanistas querem o sexo sem compromisso, daí a legalização do aborto, sou totalmente contra." (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos , RJ)

"Está e uma questão muito delicada. No meu ver o aborto deve ser consentido no caso de estupro ou risco de vida. Contudo a principal opinião a ser ouvida e da vítima, se ela quer, pois existem muitas clínicas clandestinas que praticam o aborto e os donos devem ser responsabilizados" (G2, 54 anos, gerente senior, PA)

"O aborto é um crime e descriminar seria um absurdo na minha opinião. Acho que em caso de estupro deve ser ouvida a vontade da mãe e se ela quiser deve ser levada a sério sua opinião. Porém na lei está falando de liberar pra qualquer pessoa que faz sexo sem responsabilidade e isso é inaceitável. É como premiar a irresponsabilidade." (G2, 43 anos, comerciante, TO)

"Eu sou totalmente contra o aborto é uma vida em caso de estrupo tbm sou contra talvez essa criança pode ser uma benção e existe casos que não são estrupos deve ser punidos e pagar as consequências" (G2, 43 anos, motorista de aplicativo , GO)

"Hoje existem muitos meios contraceptivos para evitar uma gravidez indesejada, claro que por sermos um país laico não devemos levar 100% para o lado religioso, mas um feto em perfeitas condições não deve ser descartado sem motivo algum." (G2, 26 anos, administrador, GO)

"Sou contra qualquer tipo de aborto, uma criança não merece perder sua vida seja por qualquer motivo, hoje existem locais para entregar o filho caso não queira, ainda mais sendo por irresponsabilidade de pessoas! Vi várias pessoas dizendo que por má formação deve ser abortado, porem ja vi vários milagres acontecerem até mesmo com má formação nascer e ter uma vida digna!" (G2, 24 anos, eletrotécnico, GO)

Contrários à descriminalização, mas favoráveis ao debate

Alguns participantes, mesmo contrários à legalização do aborto, mostraram-se abertos ao debate, a fim de que medidas de saúde pública fossem intensificadas, com mais divulgação de informações sobre métodos contraceptivos, educação sexual e responsabilização masculina.

"Ainda não sei sobre isso .Aborto esse é um assunto bem delicado que eu não sei se sou a favor ou contra 😬 claro que em casos de abusos ou má formação não tem nem o que pensar sobre .. mas como os colegas falou mais acima hoje existe muitaaaaas informações e contraceptivos .. então né ..Mas no Brasil não pode né ? Só em caso de aborto e etc .. por isso existe muitas mulheres que fazem aborto clandestino e acabam morrendo por não ser legalizado no Brasil, então eu sou muito a favor do debate e de novas políticas .." (G1, 33 anos, assistente administrativa , SP)

"Absolutamente sou contra o aborto, sou absolutamente a favor da vida, mas também sou totalmente a favor da educação sexual, sou a favor de que o Estado tome vergonha na cara e ajude as mulheres de VERDADE, proporcionando a elas uma estrutura física, financeira, mental e psicológica para que não haja a necessidade de interromper vidas, seja da mulher ou do feto. Sou a favor que os designados por esse governo atual ou futuro trabalhem de verdade para que as mulheres NÃO TENHAM que decidir entre qual vida salvar." (G1, 39 anos, dona de salão de beleza, BA)

"Não é prudente querer consertar um mal com um mal maior, mas agir nas causas, com mais educação para conscientização, disponibilidade e acessibilidade aos métodos contraceptivos. Isso é uma questão de educação para a prevenção." (G1, 39 anos, cabeleireira, PE)

"É um assunto muito delicado porém necessário que deve ser tratado com muito cuidado, porque deve sim ter uma lei que descriminalize o aborto em alguns outros casos, acho que deve sim ser votado e ouvido, deve ser muito mais debatido e fora da esfera religiosa, acho que ela faz uma ótima opção em vir com esse assunto" (G2, 28 anos, autônoma, DF)

"Acho que o governo deveria investir em mais métodos contraceptivos isso sim. Sou contra essa lei. Só pra completar o homem ter mais apoio pra fazer vasectomia ou ter mais métodos também pra eles não só recair para as mulheres a "responsabilidade" (G2, 50 anos, dona de casa , DF)

Favoráveis à descriminalização

Entre os poucos favoráveis, a percepção de que métodos contraceptivos não são 100% eficazes e a necessidade de se debater a partir de princípios de direitos das mulheres foram citados como motivadores para a decisão.

"Sou a favor da descriminação do aborto. É muito delicado mesmo esse assunto, acho que cada um tem o direito de decidir o que quiser da sua vida, até porque eles que vão pagar as consequências." (G2, 39 anos, administradora, BA)

"É de grande valia essa pauta, para mim, o aborto deve ser legalizado! Todos nós sabemos que não existe nenhum método contraceptivo 100% seguro e eficaz, é melhor interromper uma gestão indesejada do que permitir que a criança venha ao mundo para sofrer. Diariamente vemos casos de recém nascidos jogados no lixo, abandonados e sem contar o tanto de crianças que passam fome, não tem amparo nenhum de ninguém." (G2, 24 anos, promotora de eventos , DF)

"Na minha opinião essa questão é bem pessoal mais válida ser discutida pois gera muitas polêmicas sobre o assunto. Em países mais desenvolvidas a mulher tem o direito de escolher sem ferir seus direitos como ser humano e sua vida sendo assim cabe essa discussão será bem válida para futuras mudanças nos direitos humanos. Eu sou a favor, porque cabe a mulher essa decisão." (G2, 38 anos, vendedor, RS)

Considerações finais

Ao falarem da Marcha para Jesus, convictos e moderados se dividiram com os primeiros se sentindo confortáveis com a mistura de religião e política, enquanto os segundos declaram preferir manter as duas instâncias separadas. Alguns moderados inclusive mostraram simpatia em relação à decisão de Lula de não comparecer.

Já o tema da Parada do Orgulho LGBT+ dividiu os grupos internamente. Uma maioria inferior a 50% rejeitou-o inteiramente como um atentado aos valores da família tradicional, um terço demonstrou rejeição velada, usando a fórmula “respeito mas não gosto”, e um quarto dos participantes apoiaram o movimento por ser uma luta pela igualdade. A preocupação com uma suposta “má influência” exercida sobre as crianças apareceu nos dois grupos, inclusive entre os que defenderam o movimento como uma manifestação da luta desse grupo da população por respeito e igualdade de direitos.

No que toca a descriminalização do aborto, a reação foi uma mistura das duas anteriores. Houve uma maioria contrária, em ambos os grupos, que rejeita o aborto por razões religiosas. Mas apareceu também um pequeno contingente favorável à medida, exclusivamente no grupo de moderados, que via com bons olhos a educação sexual e o debate acerca de políticas dessa natureza.

O experimento dessa semana com pautas de valores mostra que o bolsonarismo, particularmente o moderado, não é monolítico, a despeito da forte influência religiosa e adesão conservadora. Há entrada para discussões sobre políticas públicas e direitos de minorias. Contudo, esses mesmos temas são utilizados pela máquina de propaganda extremista para radicalizar seguidores mais convictos, pois são tratados como confirmação de que a esquerda "comunista" no poder é de fato contrária aos valores da família, do cristianismo e da vida.

A atual dimensão deste projeto piloto não nos permite avaliar o "trade-off" entre a abertura de eleitores moderados e a radicalização dos mais extremados induzidas por esses temas sensíveis.

Distribuição de Participação
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Tarcísio, Zema, Avaliação 7 meses do Governo Lula

Bolsa família, Laicidade do Estado e MST

Taxação de fundos exclusivos, Marielle e Porte de Arma

Escolas Cívico-Militares, Ataque a Moraes e Desenrola

Tarcísio vs. Bolsonaro, Lula no Mercosul e Aprovação de Lula

Condenação, Plano Safra e Inércia Bolsonarista

Julgamento, PIX e Condenação de Bolsonaro

Julgamento, Cid e políticas sociais

Temas: Zanin / substituto de Bolsonaro

Monitor da Extrema Direita

Os temas da semana são: (1) Investigações sobre os depósitos an

As técnicas tradicionalmente utilizadas para investigar a opinião pública são os surveys e os grupos focais. Ambas são muito úteis, mas têm com limitações da ordem prática e orçamentária, particularmente se deseja realizar um monitoramento contínuo.

O Monitor do Debate Público (MDP) é baseado em uma metodologia inovadora para monitorar de modo dinâmico a opinião pública e suas clivagens no que toca temas, preferências, valores, recepção de notícias etc.

O MDP é realizado por meio de grupos focais de operação contínua no WhatsApp, com participantes selecionados e um moderador profissional.

Assim como na metodologia tradicional de grupos focais, os grupos contínuos no WhatsApp do MDP permitem que o moderador estimule o aprofundamento de temas sensíveis e difíceis de serem explorados por meio de pesquisas quantitativas ou mesmo pela aplicação de questionários estruturados.

O caráter assíncrono dos grupos do MDP, possibilitado pela dinâmica da comunicação no WhatsApp, permite respostas mais refletidas por parte dos participantes, o que é adequado para eleitoral, dado que o voto é também uma decisão que demanda reflexão.

Por sua natureza temporal contínua, grupos focais do MDP são propícios para criar situações deliberativas, nas quais as pessoas se sentem compelidas a elaborar suas razões a partir das razões dadas por outros participantes do grupo.

O telefone celular é hoje o meio mais democrático e acessível de comunicação. Assim, a participação nos grupos do MDP não requer o uso de computador ou mesmo que os participantes interrompam suas atividades para interagirem entre si.

Equipe MDP

Carolina de Paula – Diretora geral

Doutora em Ciência Política pelo IESP-UERJ. Coordenou o IESP nas Eleições, plataforma multimídia de acompanhamento das eleições 2018. Foi consultora da UNESCO, coordenadora da área qualitativa em instituto de pesquisa de opinião e big data, atuando em diversas campanhas eleitorais e pesquisas de mercado. Realiza consultoria para desenho de pesquisa qualitativa, moderações e análises de grupos focais e entrevistas em profundidade. Escreve no blog Legis-Ativo do Estadão.

João Feres Jr. – Diretor científico

Mestre em Filosofia Política pela UNICAMP e mestre e doutor em Ciência Política pela City University of New York, Graduate Center. Foi professor do antigo IUPERJ de 2003 a 2010. É, desde 2010, professor de Ciência Política do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP-UERJ). Coordenador do LEMEP, do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA) e do Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB).

Francieli Manginelli – Coordenadora de recrutamento

Cientista Social e mestre em Sociologia pela UFPR, com experiência em relações de consumo e estratégias de comunicação. Possui formação em UX Research e cursos de gestão e monitoramento de redes sociais e estratégias eleitorais, mídias digitais e gerenciamento de redes. Possui experiência em pesquisas de mercado e campanhas políticas. Realiza moderações e análises de grupos focais e entrevistas em profundidade.

André Felix – Coordenador de TI

Mestre em Ciência Política pelo IESP-UERJ. Tem experiência em planejamento e desenvolvimento de sistemas computacionais de pequeno e médio porte, manutenção de servidores web e possui especialização em modelagem e implementação de bancos de dados relacionais.