Relatório 19

De 18 a 24/08

Temas:

  • Relatório #19 MED
Realização:
Apoio:
Metodologia

O Monitor da Extrema Direita (MED) se transformou no Monitor do Debate Público (MDP). Na verdade, foi uma expansão do projeto original, que contemplava somente grupos focais contínuos de bolsonaristas convictos e moderados. Tornamos mais complexa a combinação dos critérios de seleção de participantes para produzir quatro categorias de grupos:

G1 – Bolsonaristas Convictos: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, aprovam as invasões de 08/01, acreditam que o ex-presidente é perseguido pelas instituições e não assistem à Rede Globo.

G2 – Bolsonaristas Moderados: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, desaprovam as invasões de 08/01, não há consenso sobre o ex-presidente ser perseguido pelas instituições e não rejeitam a Rede Globo.

G3 – Preferências Flutuantes: votaram Branco/Nulo no segundo turno, mas em outros candidatos no primeiro turno. Os demais critérios são diversos.

G4 – Lulodescontentes: votaram em Lula no segundo turno, mas reprovam a atual gestão. Os demais critérios são diversos.

G5 – Lulistas: votaram em Lula no segundo turno e aprovam sua gestão. Os demais critérios são diversos.

Dessa maneira, o novo Monitor do Debate Público (MDP) será capaz de captar um escopo bem mais amplo da opinião pública e dos fenômenos que regem o comportamento político no Brasil de hoje.

Nossa metodologia permite que os participantes respondam aos temas colocados no tempo que lhes for mais conveniente, liberdade essa inexistente nos grupos focais tradicionais, que são presos à sincronia do roteiro de temas e questões colocados pelo mediador. O instrumento de pesquisa, assim, se acomoda às circunstâncias e comodidades da vida de cada um, reduzindo a artificialidade do processo de coleta de dados e, portanto, produzindo resultados mais próximos das interações reais que os participantes têm na sua vida cotidiana.

É importante salientar que os resultados apresentados são provenientes de metodologia qualitativa, que tem por objetivo avaliar posicionamentos e opiniões. Mesmo quando quantificados, tais resultados não podem ser tomados como dados estatísticos provenientes de amostragem aleatória, ou seja, as totalizações dos posicionamentos de grupos específicos não devem ser entendidas como dotadas de validade estatística mas como dado indicial.

O sigilo dos dados pessoais dos participantes é total e garantido, assim como sua anuência com a divulgação dos resultados da pesquisa.

Síntese dos Principais Resultados

Entre os dias 18 a 24/08 dois grupos foram monitorados a partir de suas opiniões sobre questões do momento. Compõem esses grupos 36 participantes, todos eleitores de Jair Bolsonaro no segundo turno de 2022, divididos entre bolsonaristas convictos (G1) e bolsonaristas moderados (G2) – o critério de seleção é o apoio aos atos de 8 de janeiro.
Cada grupo foi montado de modo a combinar variáveis como sexo, idade, etnia, renda, escolaridade, região de moradia e religião em proporções similares às da população brasileira.
Ao longo da semana, três temas foram abordados: i) a proposta de Tarcísio de Freitas para conceder anistia às pessoas multadas pela falta de uso de máscaras durante a pandemia ; ii) as acusações realizadas pelo hacker Walter Delgatti contra Jair Bolsonaro ; iii) entrevista de Bolsonaro assumindo ter pedido que notícias falsas fossem repassadas.
Ao todo, foram analisadas 122 interações, que totalizaram 4.249 palavras.

Bolsonaristas Convictos Bolsonaristas Moderados
Proposta de anistia de Tarcísio de Freitas A maioria do grupo foi favorável à proposta, alguns baseados em argumentos anticientíficos e outros pautadas na questão econômica. A parcela contrária à concessão do perdão argumentou com base em princípios coletivos e sanitários, opondo-se inclusive à atitude de Bolsonaro. A maioria do grupo foi favorável a anistia, criticando a obrigatoriedade do uso de máscaras, por avaliá-la como uma decisão de cunho individual apenas. A medida também foi avaliada como educativa, e que, portanto, não deveria causar danos financeiros às pessoas. Os poucos participantes contrários argumentaram em defesa do bem da coletividade.
Acusações do hacker Walter Delgatti Unanimamente o grupo não acreditou nas informações prestadas, argumentando serem mentiras de Delgatti e estratégias do atual governo para continuar a perseguir Bolsonaro. Muitos também afirmaram concordar com Bolsonaro no tocante às fraudes das urnas. A maioria do grupo avaliou que o hacker não tinha provas contra Bolsonaro e estaria mentindo (por ser petista). Alguns participantes estenderam ao ex-presidente o benefício da dúvida, aguardando o fim das investigações, enquanto outros já o têm como culpado e defendem sua punição legal.
Reação de Bolsonaro em entrevista Unanimamente os participantes validaram as falas de Bolsonaro, reforçando o sentimento de aprovação em relação ao mesmo, que, o desrespeitar os protocolos, demonstraria sua honestidade e sinceridade, assumindo seus posicionamentos e ações (sejam elas corretas ou não). O grupo manteve o discurso de que Bolsonaro estaria sendo perseguido, não vendo gravidade em suas falas, que seriam "destinadas apenas a um grupo de amigos". Muitos também retomaram discursos de ódio a Lula, afirmando que ele, sim, deveria ser investigado por seus crimes.
Pergunta 53
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, enviou à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) um projeto de lei que concede anistia a quem foi multado por descumprir medidas sanitárias impostas durante a pandemia de Covid-19, como o uso de máscaras. Se aprovado, o projeto irá beneficiar, inclusive, o ex-presidente Jair Bolsonaro, cujas infrações pela não utilização da proteção no estado chegam a quase R$ 1 milhão. Vocês ouviram falar dessa proposta? O que acham dela?
Favoráveis à medida proposta

A maioria dos participantes foi favorável à proposta do governador de São Paulo, argumentando a partir de princípios como os direitos individuais e o livre arbítrio que qualquer indivíduo deveria poder escolher entre usar ou não usar a máscara.

As multas foram avaliadas como excessos cometidos por governadores durante a pandemia.

"Sim! Concordo totalmente com a proposta uso de máscara é como se o mesmo direto de ir e vim usa que quer! Eu fico de acordo com esta proposta e por tanto cada um sabe como se proteger!" (G1, 41 anos, promotor de vendas , RS)

"Eu ouvi falar e concordo com esse projeto pois usa quem quê o problema é da pessoa que pode ficar doente." (G1, 48 anos, do lar, SP)

"Concordo pois a maioria dos descumprimento foi por necessidade independente da omissão de alguns governantes" (G1, 47 anos, administrador, GO)

"Eu acho que sim será muito bom que cada pessoa pode ter sua opinião de pode ou não usar a máscara quem quiser se proteger e quem não quiser concordo com essa proposta que eles estão fazendo....." (G1, 44 anos, técnico de informática, SP)

"Primeiro que multar por não usar máscara é ridículo, as pessoas são responsáveis pelo seus atos,acho correto o que o governador está fazendo." (G2, 39 anos, administradora, BA)

"Concordo com essa decisão. Houve muita fake News na época do cotidiano. Todo mundo tem o livre árbitro pra decidir o que é melhor pra si mesmo" (G2, 54 anos, gerente senior, PA)

"Acho que isso ajudara a corrigir os excessos da pandemia, pois se olharmos os dados da covid por milhão de habitantes o brasil foi um dos países que se antecipou em quase tudo e a aplicação de multa foi completamente desnecessário" (G2, 38 anos, técnico eletricista , RS)

Favoráveis à medida proposta e contrários à ciência

A maioria dos participantes do grupo 01 (bolsonaristas convictos) baseou suas respostas em informações falsas e anticientíficas, ao mostrarem-se convencidos da ineficiência do uso de máscaras, da existência de laudos falsos sobre mortes por Covid e de casos de pessoas multadas por estarem simplesmente sentadas em uma praça. Os discursos mostraram-se bastante alinhados com as falas do ex-presidente durante a pandemia, para validar suas ações contra o isolamento social.

"Ouvi falar por cima .. ah sei lá complicado viu .. na época foi muito falado que as máscaras nao protegiam de nada .. então concordo sim com essa lei" (G1, 33 anos, assistente administrativa , SP)

"É uma ótima proposta vindo do governador Tarcísio de Freitas de SP, que já ficou provado que essas máscaras não impedem de pegar o vírus. Portanto, todos os estados deveriam adotar essa medida de anistiar as pessoas que foram multadas por algo que não tem comprovação científica. Muita coisa que aconteceu durante a pandemia tem que ser revista, foi cometida muita injustiça que precisa ser corrigida!"" (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos , RJ)

"Eu concordo, nem a vacina está salvando vidas imagina uma máscara, e sim perdi muitos amigos com COVID, mais alguns que morreram por outro tipos de morte e foram com o laudo como COVID, então sabemos que ouve um aumento nesse número de morte por COVID sem ter" (G1, 44 anos, desempregada , PR)

"Eu concordo em anistia pois muitas pessoas receberam multas injustas, teve uma mulher que estava de máscara sentada no banco de uma praçinha ao ar livre e prenderam ela só porque ela foi dar uma volta na rua. Infelizmente usaram da pandemia para manipular e dominar a população." (G1, 47 anos, secretária, MG)

"Corretíssimo. O uso de máscara nunca foi um bom negócio pra contenção da doença, a pessoa contaminada acabava suando e secava o suor com a mão e antebraço. Com isso aumentava a propagação da doença. Sem contar que para ter resultado o uso deve ser de no máximo 30 minutos. Nunca vi ninguém fazer isso. Ridículo cobrar multa por não usar algo que não é comprovado ser eficiente" (G2, 43 anos, comerciante, TO)

Contrários à medida proposta

Alguns participantes mostraram-se contrários à decisão e às atitudes de Bolsonaro na época, avaliando que se tratava de medidas necessárias ao combate da disseminação do vírus, baseadas em protocolos rigorosos e científicos aplicados a uma crise na saúde pública.

"Mas, ao contrário de outras propostas de Tarcísio, dessa proposta que eu ainda não ouvir falar eu discordo totalmente. Somente quem perdeu um familiar para a Covid 19 entende o quanto as orientações de saúde eram necessárias durante a pandemia. Se usar máscaras e todas as recomendações que recebemos aqui no Brasil e todos os países do mundo tivessem sido respeitada até pelo nosso presidente que eu estimo muito, mas que tenho essa magoa, hoje talvez eu estivesse com meu pai ao meu redor. Que por encontrar lugares abertos durante as restrições saiu de casa porque era uma pessoa teimosa, mas de idade ele teria ficado em casa e ainda teríamos ele quem sabe ao nosso redor. Mesmo me considerando da direita eu nunca me identifiquei com as ações na época do nosso presidente. Por isso, não, eu não concordo e acho que seja justo que sejam multados e responsabilizados."" (G1, 39 anos, cabeleireira, PE)

"Eu não concordo com essa proposta! Várias pessoas perderam a vida pelo ato irresponsável de algumas pessoas!" (G1, 42 anos, técnica administrativa, PA)

"Apesar do meu posicionamento de direita, tem coisas que não dá pra concordar! Eu acho que essa anistia não é correta, pois havia uma normal de saúde e todos tínhamos a obrigação de cumprir! Estávamos vivendo uma terrível pandemia mundial, centenas de milhares de pessoas morrendo no mundo inteiro! A organização Mundial de Saúde orientando o uso de máscaras - sim, as máscaras fizeram e ainda faz seu trabalho, e em todos os países do mundo, as pessoas estavam em quarentena e usando máscaras! Infelizmente aqui, vimos esse desuso, que na minha opinião, foi irresponsável, e isso pode ter contribuído e mto com as mortes por aqui!" (G1, 39 anos, contadora, BA)

"Aqui está cheio de gente com covid não concordo com o governador, deve a ver punição sim" (G2, 43 anos, motorista de aplicativo , GO)

"Não ouvi falar dessa anistia,mais as leis são pra ser cumpridas não acho certo ter essa anistia .Era lei usar então fizeram errado em não utilizar." (G2, 50 anos, dona de casa , DF)

Pergunta 54
A CPI dos Atos Golpistas ouviu nesta quinta-feira (17) o hacker Walter Delgatti, que foi preso por invadir o sistema da Justiça. Ele fez acusações contra Jair Bolsonaro, afirmando que o então presidente promoveu ações para divulgar informações falsas sobre as urnas eletrônicas, como a criação de um código falso que mostraria fraude nas urnas. Delgatti disse à CPI que teve um encontro no Palácio da Alvorada com o ex-presidente, no dia 10/08/22, quando recebeu diretamente de Bolsonaro o pedido para tentar manipular as urnas eletrônicas. Como vocês avaliam essa atitude de Jair Bolsonaro?
Inocente e perseguido

Unanimamente no grupo 01 (bolsonaristas convictos) e na maioria do grupo 02 (bolsonaristas moderados) o depoimento do hacker foi descredibilizado, tido como falso e organizado pela esquerda para continuar com a perseguição ao ex-presidente.

Entre os participantes do grupo 01, o depoimento foi avaliado como falso, prestado com o intuito de tentar mais uma vez incriminar Bolsonaro. Houve a concordância entre os participantes convictos, de que as urnas foram sim fraudadas pelo PT, fato provado pela vitória de Lula, e que agora estaria perseguindo Bolsonaro por vingança.

Entre os participantes do grupo 02, a certeza de que Delgatti estaria mentindo foi baseada no fato dele supostamente ser petista. O grupo reproduziu intensamente falas acerca da perseguição sofrida pelo ex-presidente.

"Quem garante que esse depoimento é verdadeiro? Eu trabalhei nas eleições e presenciei panes nas urnas! Acredito em Bolsonaro e acho que o atual governo têm que parar com essa perseguição esquizofrênica de vez!" (G1, 42 anos, técnica administrativa, PA)

"Depois de tanta pressão do ministro e de todos o cara preso é claro que pode existir uma nova versão de depoimentos essa eleição com certeza existiu fraude eu não confio mesmo nessas urnas,como de fato temos muitos relatos de erros no dias da votação e nada sobre isso foi apurado!!" (G1, 41 anos, promotor de vendas , RS)

"Sinceramente eu não acredito que Bolsonaro fez isso, pra mim é tudo armação e a fraude sim existiu, mas por parte do PT." (G1, 40 anos, pedagoga, RS)

"Tenho certeza que dá parte do Bolsonaro não tem nada , vai ser mais uma acusação só pra tentar prender ele , e vimos na rua quem realmente vence as eleições, então sabemos quem mandou forja as urnas." (G1, 44 anos, desempregada , PR)

"Com certeza esse hacker foi comprado pelo PT, não acredito no envolvimento do Presidente Bolsonaro, ele tem todo o direito de criticar as urnas eletrônicas, tem direito de duvidar da sua veracidade, claro que existe uma forma de alterar a urna quem criou sabe o jeito de mudar os votos, Bolsonaro tem o direito de pedir voto em cédula como é feito nos EUA. Continuo apoiando Bolsonaro ele é inocente de todas as acusações." (G1, 47 anos, secretária, MG)

"A única verdade é que ao final do vídeo esse "hacker" declara estar fazendo isso para ganhar notoriedade para se candidatar a deputado federal e o pior de um partido de esquerda." (G1, 39 anos, dona de salão de beleza, BA)

"Concordo com o colega... Achei bem estranho o depoimento desse hacker, pra mim é perseguiçao com o ex-presidente pra tentar achar algo de ruim." (G2, 34 anos, contadora, RS)

"Pra mim isso aí é manobra pra tentar incriminar o ex presidente. Por tanto não acredito em nada desse hacker, no insta dele mostra que ele vota no PT." (G2, 44 anos, autônomo , AL)

"Logicamente pra provar algo tem que fazer algo, foi bem claro que iria mudar pra provar que as urnas são fáceis de fraudar, burrice foi da zambelli que sabia que o cara é petista e chamou ele pra ajudar a direita..." (G2, 24 anos, eletrotécnico , GO)

Do benefício da dúvida à evidência da culpa

Com poucas ocorrências, e restritas entre os participantes do grupo 02 (bolsonaristas moderados), painelistas consideraram que as denúncias eram graves e deveriam ser investigadas, com a busca de provas e evidências para que Bolsonaro fosse então devidamente julgado por seus atos. Outros já o consideravam culpado e criticaram sua postura criminosa.

No entanto, o número de ocorrências desse tipo foi bastante reduzido em relação a temas passados, nos quais mais participantes colocavam-se a favor das investigações.

"Na minha opinião se for verdade o que um hacker está dizendo o ex presidente é um irresponsável e sem noção" (G2, 53 anos, fiscal, CE)

"Está mais claro do que nunca a culpa do ex-presidente Bolsonaro nos fatos ocorridos. Tem que ser julgado e se condenado pagar por todos seus crimes perante a justiça. Ninguém é impune" (G2, 54 anos, gerente senior, PA)

"Pelo que eu entendi ele não conseguiu provar essa conversa com o ex-presidente, mas tem que ser averiguado pra saber o que realmente ouve" (G2, 30 anos, pensionista, TO)

"Acho que as palavras dele soaram um pouco vazias, já que se houver provas devem ser sim apresentadas, se for realmente comprovado isso tudo que ele falou acho que deve ser julgado e se tornar inelegível, porém não se deve fazer tudo baseado em falácias, e sim em provas coisas que tem faltado bastante" (G2, 28 anos, autônoma, DF)

"Mesmo duvidando muito do que Walter Delgatti disse, é necessário examinar de forma justa para descobrir se é verdade. Se as acusações acabarem sendo confirmadas, o comportamento do Jair Bolsonaro seria visto como preocupante, já que espalhar dados falsos sobre o sistema de votação poderia abalar a confiança nas instituições democráticas. No entanto, é fundamental esperar até que as investigações terminem antes de tirar conclusões definitivas." (G2, 42 anos, administradora, GO)

"Caso seja verdade venha ser punido conforme a lei. Mas sei lá, é muito denuncia que aparece né, isso ta soando muito perseguição, tudo vira investigação." (G2, 50 anos, dona de casa , DF)

Pergunta 55
Intimado a depor pela Polícia Federal nas investigações sobre um grupo de empresários que discutiu um golpe de Estado por WhatsApp, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) confirmou ter enviado a contatos uma mensagem que insinuava, sem provas, uma fraude do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas eleições do ano passado. Ele também teria pedido que a mesma fosse repassada em larga escala. “Mandei, qual o problema?”, disse Bolsonaro sobre mensagem com ataques TSE e STF, em entrevista concedida ontem (22/08). Como vocês avaliam o fato de Bolsonaro reproduzir notícias falsas e assumir tal fato?
Honestidade e sinceridade acima de tudo

Para os participantes do grupo 01 (bolsonaristas convictos) as falas de Bolsonaro apenas reforçavam tudo aquilo que ele é: autentico, que não se curva às hipocrisias do meio político, fala o que pensa e assume seus atos.

Além disso, o conteúdo abordado não foi avaliado como uma notícia falsa, uma vez que o grupo compartilhava a visão de que o sistema eleitoral foi fraudado.

"Só mostra o quanto é diferente dos crápulas que querem a todo custo acabar com ele, diferente desses larápios nojentos, não tem medo de mostrar a cara e dizer a verdade." (G1, 51 anos, pensionista, GO)

"Ele fez certo, mais acredito que não seja uma notícia falsa, as eleições foram sim fraudadas, e vendo como a mídia é suja , tudo o que ele fala eles torcem tudo." (G1, 44 anos, desempregada , PR)

"Ele foi sincero né ? Diferente de muitos que fazem e não assumem .. O diferencial dele é que ele fala mesmo não fica fazendo linha .. agora é aguardar para ver as investigações.. apesar que essa eleição foi toda com fraudes .." (G1, 33 anos, assistente administrativa , SP)

"Ele está certo, pois não acho que as notícias são falsas, se ele repassou é com certeza verdadeira! Esse PT é uma sujeira só e está evidente que roubaram nas eleições mesmo." (G1, 40 anos, pedagoga, RS)

"Acho que ele se excedeu um pouco ao falar dessa forma. Mas, gente está chato isso, não esquecem o Bolsonaro de jeito algum. Pelo menos ele de um jeito ou outro ele confessa seus erros, não se esconde, dá a cara a tapa, quando está errado ou mesmo que não tenha feito assume a responsabilidade de pessoas que ele liderava, agora se você for olhar para o presidente atual, eu nem preciso dizer que é um verdadeiro mentiroso. A verdade é que enquanto perdem tempo com nosso ex presidente, o Brasil caminha célere para o abismo e eles não falam nada!!!!!!" (G1, 39 anos, dona de salão de beleza, BA)

"Grande novidade! Bolsonaro fazia lives falando o que pensava sobre o processo eleitoral, ele nunca escondeu sua opinião e sempre conseguiu provar mesmo que o STF barrasse ele o tempo todo. A verdade é que não se pode ser um Réu confesso de algo que não é nem nunca foi crime. Pedir para alguém compartilhar uma mensagem não é crime. Alguns tem caráter para dizer que fez outros dizem que cobertura não é dele, que sitio é da falecida e por ai vai." (G1, 39 anos, cabeleireira, PE)

"Correto a fala. Ele assume o que faz. E quem disse que é falso? Eu ainda acredito que houve fraude. A gente sabe que, pelas pesquisas, Bolsonaro ganharia as eleições! " (G1, 34 anos, artesã , SC)

Perseguido em tudo o que faz

O grupo 02 (bolsonaristas moderados) também não viu gravidade nos atos cometidos por Bolsonaro, argumentando tratar-se apenas de uma conversa entre amigos em um aplicativo de mensagens. Para esse grupo, o questionamento dos atos do ex-presidente seria decorrente da extrema perseguição que ele vem sofrendo, sendo acusado injustamente por tudo o que faz.

Muitos participantes, em ambos os grupos, utilizaram exemplos de Lula ser um "condenado", com provas evidentes de seus crimes, e mesmo assim ser o atual presidente, corroborando suas hipóteses de que o STF estaria perseguindo e procurando provas para condenar Bolsonaro.

"Acho que qualquer coisa que Bolsonaro venha a fazer, ele será indiciado e preso,se ele colocar o lixo da casa dele no dia errado e fora do horário da coleta,a polícia federal irá intima-lo a dar explicações,se ele parar em uma lanchonete e deixar cair algum pedaço do sanduíche no chão,novamente a polícia federal ira intima-lo a depor e vim um agravante,a rede Globo estará também filmando e mostrando por semanas nos seus telejornais,tudo o que ele fez." (G2, 58 anos, administrador, MA)

"Ele pelo menos não ficar dando um de inocente igual uns e outro. Acho que falar mandar mensagem não é crime. Como diz o ditado "Enrolar o rabo e fala do rabo do outro" acho que o atual presidente esqueceu do seu passado né? Minha opinião." (G2, 50 anos, dona de casa , DF)

"Acho que já estar mais que claro que é perseguição. O cara não pode fazer nada que já é motivo pra ser investigado. Eu sou a favor da justiça quando ela é correta. Pk essa justiça brasileira tá de brincadeira, um cara que cometeu um monte de crime hoje é presidente." (G2, 44 anos, autônomo , AL)

"não vejo problema pois foi em um grupo de "amigos", hoje não podemos mais nos expressar em nenhum lugar que sempre vai ter um fdp que vai divulgar o que falamos, o bolsonaro teve um governo supostamente limpo, se fez coisa errada ate o momento não foi possivel identificar, porem o governo atual junto ao stf querem a todo custo culpar ele por algo." (G2, 38 anos, corretor de imoveis, SC)

"Não vejo problema em falar o que vc quer. Ele apenas expressou o que pensa. Muitas pessoas tem o mesmo pensamento e não estão respondendo nem um processo. Isso é muito mi-mi-mi em torno da fala do ex-presidente bolsonaro" (G2, 54 anos, gerente senior, PA)

"Acho que tá bem evidente que é perseguição com ex presidente Bolsonaro, ele não consegue dar um passo sem que queiram investigar. Lula aprontou um monte de coisas agora é o presidente, chega ser inacreditável ex-presidiário na presidência." (G2, 42 anos, administradora, GO)

"O STF vai fazer de tudo pra invalidar provas da insegurança nas urnas, estamos vivendo uma ditadura do judiciário, não temos a quem recorrer, infelizmente! Até soltaram o Lula e sumiram com as provas contra ele, pq esse ai não questiona né, foi eleito graças a isso" (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos , RJ)

Considerações finais

O perdão dado por Tarcísio das multas aplicadas às pessoas que não usaram máscaras em São Paulo foi apoiado pela maioria dos participantes. É interessante notar que o pequeno grupo dos que discordaram da medida foi formado por participantes convictos e moderados, unidos na certeza de que a pandemia era um problema de saúde pública que deveria ser tratado com seriedade.

A diferença entre os grupos aparece na adesão muito mais forte dos convictos à desinformação anticientífica, o que demonstra sua proximidade às fontes de comunicação bolsonaristas.

A reação dos participantes às acusações do hacker de Araraquara foi de forte rejeição, mostrando que a blindagem de Bolsonaro tem várias camadas, com algumas notícias mostrando maior capacidade de penetrá-la do que outras. Resta saber se essa blindagem se estende a outros envolvidos no caso, como Carla Zambelli e os militares que parecem ter pedido ajuda a Delgatti para desacreditarem as urnas eletrônicas.

Mesmo neste caso, a blindagem não foi total, pois alguns participantes do grupo de moderados veem com seriedade as acusações ou até já consideram Bolsonaro culpado. Ou seja, a divisão revelada é coerente com o desenho da pesquisa de separar os dois grupos.

A questão sobre mensagem atacando o sistema eleitoral enviada por Bolsonaro a um grupo de empresários produziu uma gama de respostas muito interessantes. Os convictos, além de acreditarem que de fato houve fraude eleitoral, enfatizaram aspectos da personalidade de Bolsonaro, louvada por demonstrar uma suposta sinceridade e autenticidade rara no mundo político. Já os moderados preferiram acusar Lula, o PT e o sistema de justiça de perseguirem Bolsonaro.

Nessas respostas identificamos vários exemplos daquilo que os estudos da comunicação chamam de priming, ou seja, a influência de informações prévias, sedimentadas da mente de uma audiência, no julgamento que fazem de novas questões que lhes são colocadas. Primeiramente, temos a crença disseminada entre bolsonaristas, particularmente os convictos, mas não só, de que houve fraude eleitoral. A massiva campanha de ataque ao processo eleitoral promovida pelo bolsonarismo produziu esse efeito de inculcar essas informações falsas em seus seguidores, que agora as utilizam como ponto de partida para julgarem os fatos novos.

Outro exemplo de priming bem sucedido é a percepção, demonstrada particularmente pelas respostas dos moderados a essa questão, de que Lula é um criminoso que foi injustamente liberado pelo STF para voltar à vida pública. Essa convicção, contudo, não é produto exclusivo da comunicação bolsonarista, pois foi produzida originalmente pela grande imprensa, que até recentemente publicava editoriais argumentando que o petista teve seus processos e condenações canceladas pela justiça, mas permanecia culpado. Não é coincidência que esse priming antipetista apareceu mais forte entre os moderados, aqueles que mostram ter mais abertura inclusive aos canais de comunicação tradicionais.

Distribuição da Participação
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Monitor da Extrema Direita

Os temas da semana são: (1) Investigações sobre os depósitos an

As técnicas tradicionalmente utilizadas para investigar a opinião pública são os surveys e os grupos focais. Ambas são muito úteis, mas têm com limitações da ordem prática e orçamentária, particularmente se deseja realizar um monitoramento contínuo.

O Monitor do Debate Público (MDP) é baseado em uma metodologia inovadora para monitorar de modo dinâmico a opinião pública e suas clivagens no que toca temas, preferências, valores, recepção de notícias etc.

O MDP é realizado por meio de grupos focais de operação contínua no WhatsApp, com participantes selecionados e um moderador profissional.

Assim como na metodologia tradicional de grupos focais, os grupos contínuos no WhatsApp do MDP permitem que o moderador estimule o aprofundamento de temas sensíveis e difíceis de serem explorados por meio de pesquisas quantitativas ou mesmo pela aplicação de questionários estruturados.

O caráter assíncrono dos grupos do MDP, possibilitado pela dinâmica da comunicação no WhatsApp, permite respostas mais refletidas por parte dos participantes, o que é adequado para eleitoral, dado que o voto é também uma decisão que demanda reflexão.

Por sua natureza temporal contínua, grupos focais do MDP são propícios para criar situações deliberativas, nas quais as pessoas se sentem compelidas a elaborar suas razões a partir das razões dadas por outros participantes do grupo.

O telefone celular é hoje o meio mais democrático e acessível de comunicação. Assim, a participação nos grupos do MDP não requer o uso de computador ou mesmo que os participantes interrompam suas atividades para interagirem entre si.

Equipe MDP

Carolina de Paula – Diretora geral

Doutora em Ciência Política pelo IESP-UERJ. Coordenou o IESP nas Eleições, plataforma multimídia de acompanhamento das eleições 2018. Foi consultora da UNESCO, coordenadora da área qualitativa em instituto de pesquisa de opinião e big data, atuando em diversas campanhas eleitorais e pesquisas de mercado. Realiza consultoria para desenho de pesquisa qualitativa, moderações e análises de grupos focais e entrevistas em profundidade. Escreve no blog Legis-Ativo do Estadão.

João Feres Jr. – Diretor científico

Mestre em Filosofia Política pela UNICAMP e mestre e doutor em Ciência Política pela City University of New York, Graduate Center. Foi professor do antigo IUPERJ de 2003 a 2010. É, desde 2010, professor de Ciência Política do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP-UERJ). Coordenador do LEMEP, do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA) e do Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB).

Francieli Manginelli – Coordenadora de recrutamento

Cientista Social e mestre em Sociologia pela UFPR, com experiência em relações de consumo e estratégias de comunicação. Possui formação em UX Research e cursos de gestão e monitoramento de redes sociais e estratégias eleitorais, mídias digitais e gerenciamento de redes. Possui experiência em pesquisas de mercado e campanhas políticas. Realiza moderações e análises de grupos focais e entrevistas em profundidade.

André Felix – Coordenador de TI

Mestre em Ciência Política pelo IESP-UERJ. Tem experiência em planejamento e desenvolvimento de sistemas computacionais de pequeno e médio porte, manutenção de servidores web e possui especialização em modelagem e implementação de bancos de dados relacionais.