O Monitor da Extrema Direita (MED) se transformou no Monitor do Debate Público (MDP). Na verdade, foi uma expansão do projeto original, que contemplava somente grupos focais contínuos de bolsonaristas convictos e moderados. Tornamos mais complexa a combinação dos critérios de seleção de participantes para produzir quatro categorias de grupos:
G1 – Bolsonaristas Convictos: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, aprovam as invasões de 08/01, acreditam que o ex-presidente é perseguido pelas instituições e não assistem à Rede Globo.
G2 – Bolsonaristas Moderados: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, desaprovam as invasões de 08/01, não há consenso sobre o ex-presidente ser perseguido pelas instituições e não rejeitam a Rede Globo.
G3 – Preferências Flutuantes: votaram Branco/Nulo no segundo turno, mas em outros candidatos no primeiro turno. Os demais critérios são diversos.
G4 – Lulodescontentes: votaram em Lula no segundo turno, mas reprovam a atual gestão. Os demais critérios são diversos.
G5 – Lulistas: votaram em Lula no segundo turno e aprovam sua gestão. Os demais critérios são diversos.
Dessa maneira, o novo Monitor do Debate Público (MDP) será capaz de captar um escopo bem mais amplo da opinião pública e dos fenômenos que regem o comportamento político no Brasil de hoje.
Nossa metodologia permite que os participantes respondam aos temas colocados no tempo que lhes for mais conveniente, liberdade essa inexistente nos grupos focais tradicionais, que são presos à sincronia do roteiro de temas e questões colocados pelo mediador. O instrumento de pesquisa, assim, se acomoda às circunstâncias e comodidades da vida de cada um, reduzindo a artificialidade do processo de coleta de dados e, portanto, produzindo resultados mais próximos das interações reais que os participantes têm na sua vida cotidiana.
É importante salientar que os resultados apresentados são provenientes de metodologia qualitativa, que tem por objetivo avaliar posicionamentos e opiniões. Mesmo quando quantificados, tais resultados não podem ser tomados como dados estatísticos provenientes de amostragem aleatória, ou seja, as totalizações dos posicionamentos de grupos específicos não devem ser entendidas como dotadas de validade estatística mas como dado indicial.
O sigilo dos dados pessoais dos participantes é total e garantido, assim como sua anuência com a divulgação dos resultados da pesquisa.
Entre os dias 31/3 a 6/4, cinco grupos foram monitorados a partir de suas opiniões sobre questões candentes do debate público. Compõem esses grupos 50 participantes. Todos os grupos foram montados de modo a combinar variáveis como sexo, idade, etnia, renda, escolaridade, região de moradia e religião em proporções similares às da população brasileira.
Cada grupo possui características únicas. São elas:
G1 – Bolsonaristas Convictos: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, aprovam as invasões de 08/01, acreditam que o ex-presidente é perseguido pelas instituições e não assistem à Rede Globo.
G2 - Bolsonaristas Moderados: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, desaprovam as invasões de 08/01, não há consenso sobre o ex-presidente ser perseguido pelas instituições e não rejeitam a Rede Globo.
G3 – Preferências Flutuantes: votaram Branco/Nulo no segundo turno, mas em outros candidatos no primeiro turno. Os demais critérios são diversos.
G4 – Lulodescontentes: votaram em Lula no segundo turno, mas reprovam a atual gestão. Os demais critérios são diversos.
G5 - Lulistas - votaram em Lula no segundo turno e aprovam a atual gestão. Os demais critérios são diversos.
Evangélicos - Compusemos também um "grupo virtual" formado pela agregação das falas dos participantes evangélicos, a fim de capturar tendências específicas da opinião desse contingente demográfico.
Ao longo do período, três temas foram abordados. As duas primeiras questões da semana versavam sobre uma análise de percepção do “nós” e do “eles”: i) descrição de perfis identitários de grupos ideológicos opostos; ii) descrição de perfis identitários de grupos ideológicos similares; iii) percepções sobre casos de violência sexual divulgados pela imprensa.
Ao todo, foram analisadas 168 interações, que totalizaram 11.387 palavras.
Bolsonaristas Convictos | Bolsonaristas Moderados | Eleitores Flutuantes | Lulodescontentes | Lulistas | Evangélicos | |
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Percepção sobre Grupos Opostos | Os petistas foram definidos como pessoas de baixa renda, pouco instruídas, dependentes de programas sociais, artistas e professores "doutrinadores", e membros de minorias como LGBTQIA+. Foram vistos como manipuláveis, preguiçosos ou interessados em vantagens. | Os apoiadores do PT foram associados às classes sociais mais baixas e pessoas beneficiárias de programas sociais, que seriam motivadas por um desejo de obter vantagens sem esforço ou por falta de acesso à educação e informação de qualidade. | Os petistas foram associados às classes mais baixas, dependentes de programas sociais e minorias que sofrem preconceitos. Os antipetistas a pessoas mais velhas e conservadoras, evangélicos e de classe média ou alta. | O grupo rejeitou generalizações e perfis fixos sobre antipetistas, rejeitando categorizações rígidas baseadas em características demográficas de sexo, idade e etnia. Houve consenso quanto serem pessoas com alto padrão de vida, conservadoras e muitas vezes evangélicas. | O grupo associou antipetistas à elite branca, evangélica e conservadora, com resistência às políticas inclusivas do PT, enfatizando o consumo de fake news, desprezo pelos pobres e intolerância à diversidade. | Os participantes evangélicos deram respostas alinhadas a seus grupos originais de pertencimento, com alguns, inclusive, criticando o conservadorismo. |
Autopercepção de Grupo | Antipetistas foram definidos como pessoas moralmente corretas, religiosas, patriotas, defensoras da família tradicional e contrárias ao socialismo, à ideologia de gênero e à corrupção. A oposição ao PT foi vista como um compromisso ético, patriótico e espiritual. | Antipetistas foram vistos como pessoas com valores diferentes dos defendidos pelo PT, principalmente ligados ao conservadorismo, ao cristianismo e ao apoio ao capitalismo. Parte do grupo rejeitou perfis fixos, destacando a ideologia como fator determinante. | Aqueles que votam nulo, branco ou se abstêm foram associados à frustração, cansaço e descrença com a política institucional. Essa escolha foi vista como protesto ou autoproteção diante de promessas não cumpridas e corrupção persistente. | Os petistas foram associados à defesa da igualdade social e ao apoio a políticas públicas, especialmente trabalhadores, beneficiários de programas sociais e pessoas com visão liberal. Muitos evitaram generalizações e destacaram a diversidade entre os apoiadores do PT. | Os petistas foram associados principalmente às classes mais baixas e minorias, vistos como gratos por políticas inclusivas e sociais do partido. Ser petista significava defender justiça social, redução da desigualdade e valorização dos trabalhadores. | Os participantes evangélicos apresentaram respostas coerentes com seus grupos originais de participação. |
Denúncias de Violência Sexual | O grupo defendeu que a mídia influencia demais na opinião pública e que é necessário cautela ao julgar, dando importância às provas e ao devido processo legal. | O grupo enfatizou a necessidade de investigação antes de tomar partido e criticou a mídia por sensacionalismo e seletividade, especialmente quando há celebridades envolvidas. | Os participantes expressaram desconfiança tanto das vítimas quanto dos acusados, defendendo o acompanhamento das investigações e destacando o papel tendencioso da mídia. | O grupo mostrou maior empatia pelas vítimas e destacou que as redes sociais têm mais peso que a imprensa na repercussão dos casos, podendo gerar julgamentos precipitados. | O grupo reforçou apoio às vítimas, com críticas à descredibilização da palavra da mulher e à impunidade de pessoas influentes, além de questionar o papel tendencioso da mídia. | Os evangélicos formularam suas respostas de acordo com seus grupos de participação. |
Os participantes dos grupos 1 e 2 (bolsonaristas convictos e moderados) demonstraram uma percepção marcadamente homogênea e estigmatizada sobre os apoiadores do Partido dos Trabalhadores (PT). Os simpatizantes do partido, foram descritos como pessoas de baixa renda e baixa instrução formal, ou pertencentes a grupos sociais como artistas, professores, sindicalistas e membros da comunidade LGBTQIA+. Essas características foram muitas vezes interpretadas como indicadores de dependência do Estado, ignorância política ou busca por vantagens pessoais. Também houve uma forte associação entre o petismo e uma suposta ameaça aos valores tradicionais, como a defesa da família, da religião e da moralidade, sendo o petista alguém contrário à ordem e ao progresso moral da sociedade.
Além disso, foi comum o discurso que vinculava o PT a ideologias tidas como perigosas ou destrutivas, como o comunismo, o socialismo e o globalismo. A maioria das respostas demonstrou desconfiança quanto às intenções do partido, visto como manipulador, oportunista e interessado em manter a população em situação de vulnerabilidade para fins eleitorais. Essa visão foi reforçada por argumentos que retrataram os petistas como vítimas de doutrinação, especialmente nas escolas e universidades, e como indivíduos incapazes de compreender a realidade política do país.
"Um típico petista de classe média é formado ou estuda em faculdades públicas, na maioria professores de história, sociologia, e artistas que dependem da lei Rouanet, e pessoas que não tem acesso a internet que assistem tv aberta como a Globo, e na classe baixa são as pessoas que dependem do bolsa família pra comer, gente sem expectativas de melhorar de vida e ter ganhos próprios para seu sustento. Na classe alta, os políticos corruptos têm que defender esse narco-partido com intenção de receber propinas. Simpatizantes da agenda 2030, onde tudo de ruim está associado como aborto, mudança de sexo, doutrinação nas escolas." (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos , RJ)
"No meu ponto de vista, tipicamente petista é bastante a classe social e ao sexo e gênero.
Classe social, pois vejo que tem apoio com as classes de funcionários públicos e baixa renda. E sexo devido a forte presença de pessoas LGBTQIA+ , que se identificam com a política de igualdade de gênero."" (G1, 27 anos, microempreendedora , MG)
"O típico petista é a pessoa de classe social média a baixa, mas também temos o exemplo dos artistas oportunistas que defendem o PT até a morte, pois levam vantagens e privilégios. Vejo também os LGBTs que apoiam, vemos o show de horrores que nos eventos, desrespeitando a família brasileira digna e cristã. Muitos professores influenciam alunos para movimentos a favor do partido. Enfim, o fato é que nosso país está cada vez pior, nossas crianças que são o futuro do Brasil, estão aprendendo o que nas escolas públicas? A ser petista e comunista no futuro?!"" (G1, 64 anos, empresário, PR)
"Petistas são pessoas que querem ganhar fácil sem ter que trabalhar e tomar o que poderem de quem batalhou muito para ter, como os sem terras ,por exemplo." (G2, 54 anos, aposentado, PB)"
"Me baseando no que vejo aqui na minha cidade e estado, as características seriam pessoas de pouca renda e sem vontade de trabalhar (assim ganham bolsa família), que moram em bairros mais pobres e perigosos, e sem muita instrução, conhecimento, estudo. O porque é: que vale mais a pena não trabalhar e assim mesmo ganham renda, do que passar 30 dias trabalhando e ganhar a mesma coisa (isso em determinadas funçoes)." (G2, 35 anos, contadora, RS)
"Petista, no nordeste são pessoas q tem pouco ou nenhum acesso às mídias alternativas, em sua maioria muito pobre q dependem de benefícios sociais, mas q não conseguem perceber que esse espectro politico os mantem cativos para suprir seu eleitorado. Nas outras regiões do pais predominantemente funcionário publico sindicalizado, estudante repetente universitário muitos são usuário de substancias ilícitas, sexo variado, e no caso dos estudantes muitos LGBTs de todas ""configurações"". Professor militante, estes são classe média baixa, membros de movimentos sociais como MTST, MST e afins. Nos dois casos os mais doutrinados são em sua maioria ateus, e os que se dizem cristãos ou não conhecem a bíblia ou não conhece os princípios marxistas descritos no livro ""O Capital"" . Já os mais pobres e sem informação são cristão e acham que Lula também é. Também há uma parte grande de seguidores de religião afro onde valores como proteção a vida desde a concepção, a manutenção da família tradicional, o combate as drogas não são prioridades e em alguns casos esse valores são até rechaçados." (G2, 43 anos, administradora, GO)
Os participantes dos grupos 4 e 5 (lulodescontentes e lulistas) descreveram os antipetistas como majoritariamente pertencentes às classes mais altas (A e B), de etnia branca, religião evangélica e orientação conservadora, com predisposição ao preconceito, especialmente contra minorias. Houve também menções à predominância do sexo masculino e à valorização da autoridade, da hierarquia e dos “valores da família”, geralmente identificados como opostos aos princípios progressistas defendidos pelo PT. Em diversas falas, os antipetistas foram descritos como consumidores frequentes de desinformação e fake news, principalmente via WhatsApp, além de apresentarem comportamento agressivo ou intolerante no debate político.
Houve também menções ao crescimento do antipetismo entre pequenos e médios empresários, agricultores e servidores públicos, motivado por insatisfações econômicas. Outra observação recorrente foi a dificuldade de parte dos antipetistas em reconhecer qualquer aspecto positivo nas ações do partido, o que, para alguns respondentes, indicaria um sentimento mais passional ou ideológico do que crítico.
"Para mim , são pessoas com alto padrão de vida, na maioria das vezes preconceituosas, não tem idade exata, e nem religião, mesmo que boa parte das vezes sejam evangélicos fanáticos. Alguns são pessoas que simplesmente odeiam o partido ou o presidente mesmo."" (G4, 25 anos, babá, RS)
"Antipetista existe em todas as classes sociais e grupos socioeconômicos. Não há um "padrão" socioeconômico do antipetismo atualmente. Embora haja muito mais concentração de antipetistas na classe "A" (alta renda) com muitas propriedades, hoje está crescente a quantia de antipetistas na classe média assalariada registrada , e entre os servidores públicos (principalmente: federais e estaduais do Sul e Sudeste) e os microempresários e empresários de pequeno porte que não têm fácil acesso ao crédito "oficial". Também é muito forte o antipetismo entre os pequenos e médios agricultores que dependem de crédito privado para custeio. Nessas categorias/grupos o sentimento antipetista se deve em grande parte por constantes insatisfações quanto às políticas econômicas do Governo Federal e ao crescente conflito político com alas com ideologias mais radicais e voltadas à direita mais extremada; embora haja uma crescente e forte corrente antipetista na classe média e pequenos empresários que se identificam fortemente com correntes políticas de centro-direita menos extremadas." (G4, 44 anos, funcionário público estadual, PR)
"Acredito que é mais a elite,os conservadores e as pessoas que foram enganadas por falas que foram lançadas através dos fale news. Mais muitas ações do PT contribuem para que muitas pessoas não gostem desse partido.
Porque eu acredito que o verdadeiro antipetista não enxerga nem as coisas boas que o partido faz,pra eles tudo é negativo."" (G4, 49 anos, artesã , CE)
"O antipetismo clássico vem das pessoas que trabalham demais, não tem tempo para se atualizarem e consumem informações apenas vindas pelo WhatsApp, sendo assim levadas a acreditar que o PT é um partido corrupto, ruim e que só fez mal para o Brasil." (G5, 33 anos, tradutor, SP)
"Pude notar algumas características dessas pessoas principalmente durante o tempo em que os apoiadores do Bolsonaro acamparam na frente dos quartéis aqui na minha cidade o perfil que eu pude observar eram de pessoas em sua grande maioria evangélicas, brancas e do sexo masculino vindos de uma classe social confortável, como por exemplo donos de grandes estabelecimentos, empresários... E antipetistas ao meu ver são aquelas pessoas que tem raiva e aversão ao partido, que consomem muitas matérias e notícias fakes que são espalhadas com o intuito de gerar uma comoção negativa encima do partido." (G5, 28 anos, auxiliar administrativo , AM)
"Eu tenho a percepção de que as pessoas que não gostam do PT e consequentemente são de direita em sua grande maioria são pessoas evangélicas brancas de classe A, ou B." (G5, 28 anos, gerente comercial , AM)
Os eleitores flutuantes, embora tenham recorrido a alguns esteriótipos, adotaram um tom mais analítico e menos carregado de juízo moral em comparação com os grupos anteriores.
Para muitos, os petistas seriam pessoas que se sentem representadas pelo partido por conta de sua origem humilde (provenientes das classes C, D e E), que mantêm fidelidade política pela continuidade de políticas assistenciais. Também foram mencionados jovens universitários, especialmente aqueles que vivem em uma realidade mais confortável, sem grandes responsabilidades financeiras e com posicionamentos ideológicos de esquerda. Alguns depoimentos destacaram ainda o apoio de grupos minoritários como a comunidade LGBTQIA+, pessoas negras e indígenas, sugerindo que o PT é visto como um partido que acolhe demandas dessas populações. Para alguns, tal posicionamento foi vinculado à admiração pelo atual presidente, Lula.
O grupo caracterizou os antipetistas majoritariamente como pertencentes à classe média e alta, com forte presença no Sul e Sudeste do país, e em sua maioria brancos, mais velhos (50+), religiosos — especialmente evangélicos — e com um perfil conservador. Foram frequentemente descritos como pessoas apegadas à tradição, aos valores familiares convencionais e à meritocracia, defendendo a ideia de conquista individual por meio do trabalho árduo. Também surgiram críticas a esse grupo, apontando-o como preconceituoso, resistente a mudanças sociais e hostil às minorias.
"Gostam do PT: A maioria de renda baixa, pois são os benefícios do governo que seguram eles para continuar votando no partido. Região de moradia uma boa fatia do nordeste no qual encontra-se a maioria dos beneficiários. Raça não tem relevância nesse caso ... já idade acredito que o PT esta conseguindo uma boa parcela dos jovens, com programas de estudo no qual se dá dinheiro para o jovem ir a aula. Outra fatia tambem tem relação com o publico LBGT no qual o partido oposto tem um certo preconceito. Tipicamente petista quem se aproveita dos benefícios e não quer trabalhar, aquele que vê, mas não quer enxergar.
Não gostam do PT: Evangélicos, os mais velhos em relação a idade, regiões de moradia sudeste/sul a maioria. Classe media. Tipicamente antipetista é quem não concorda com as atitudes e decisões que partido toma.
Agora a minha opinião não sendo nem de um lado nem de outro é que hoje em dia as pessoas não levanta o histórico do candidato, virou mesmo é só uma disputa entre o A e o Bm independente das atitudes."" (G3, 36 anos, autônoma, SP)
"PT:são as pessoas com classe social mais baixa ,que precisam dos benefícios do governo .
Não PT:acho que são pessoas acima de 55 anos, com a classe mais alta que são contra muitas opiniões e ideias e atitudes deles."" (G3, 32 anos, vendedor, MG)
"As pessoas que gostam do PT são aquelas beneficiárias dos programas sociais, uma grande parcela de funcionários públicos e professores. A maioria são mulheres, moram nos bairros mais perifericos, classe C e D, a idade tem grupos de todas as idades e raça.
As pessoas que não gostam do PT são os empreendedores, empresários, investidores, uma minoria de funcionários públicos, a maioria são homens, a classe social é A e B, e moram em bairros nobres ou áreas com maior valor, tem grupos de todas idades e a maioria é branca ou parda. Ser antipetista é não concordo com as políticas econômicas e sociais que o partido acredita e põe em ação."" (G3, 45 anos, professora , MT)
"PT - são pessoas de classe C, D em diante, não tem idade , a grande maioria na região do Nordeste são pessoas muito humildes, muitos católicos . Porque recebem o benefício bolsa família, auxílio reclusão, Vale gás, pé de meia e assim por diante, já que tornou se um costume para esses menos favorecidos.
Não PT - Classe A principalmente e B, sendo na sua maioria empresários, Evangélicos bolsonaristas roxo, maioria na região Sul e Sudeste. Pessoas muito preconceituosas que não são de conversa amigável, tudo já parte para o lado ruim do país ou sempre falam a lá lado B"" (G3, 39 anos, analista financeiro , SP)
Para os participantes dos grupos 1 e 2 (bolsonaristas convictos e moderados), ser tipicamente antipetista significava valorizar a família tradicional, a fé cristã (especialmente evangélica e católica), o respeito à ordem, à moral e à propriedade. O antipetista foi descrito como alguém íntegro, trabalhador, honesto e consciente politicamente, que rejeitava ideologias associadas à esquerda, como o socialismo, o comunismo, a ideologia de gênero e a descriminalização das drogas ou do aborto. Além disso, as falas evidenciaram uma percepção de superioridade intelectual, de alguém que "acordou", que conhece a verdade e rejeita a “doutrinação da esquerda”.
Entre os moderados, o foco maior foi em distinguir-se como alguém que rejeita a dependência econômica e reconhece a importância do mérito pessoal.
"No meu ponto vista, é porque o pessoal da direita, valoriza a família tradicional, valoriza a igreja católica e evangélicos, tem orgulho de levantar a bandeira do nosso País, afinal a deles são “VERMELHA”, isso já diferencia e muito, sem falar que o povo não acredita no socialismo, isso difere bastante. Por outro lado; no que se refere ser tipicamente antipetista é você não apoiar; a corrupção, não defender bandidos, não defender o comunismo, não defender invasão de terras, por que são pontos que deixa uma sociedade frágil, muita coisa errada para um partido só." (G1, 36 anos, assistente jurídico, BA)
"Anti petista é uma pessoa que não concorda com as ideologias de esquerda. Que não concorda com a ideologia de gênero, com o aborto, com o socialismo. Com cotas. Que não compactua com as pautas ideológicas que não agregam em nada." (G1, 38 anos, assistente administrativo , AM)
"Bem td que meus colegas ja falaram concordo com eles,ser anti PT e ñ concordar com a cartilha que eles pregam tipo ideologia de gênero dentro das escolas,só eles são os certos só a opinião delas que valem,eles falam que a direita é homofobica,que pregamos o ódio que somos facistas etc...mas na vdd eles que são td isso e mais um ha e falam tbm que a direita só defende quem é rico e eles são o pai dos pobres sendo que na vdd eles querem mais que o povo ñ tenha cultura, mesmo pq tendo cultura ja ñ votam mais no PT ,questão de classe social quem vota na esquerda são mais as pessoas sem nenhuma cultura nenhuma ñ tem um sexo definido e sim uma cultura,nós de direita somos um povo diferenciado,que apoiamos o que e certo DEUS PATRIA e Familia..." (G1, 57 anos, confeiteira, PE)
"Um anti petista, é trabalhador, não fica dependendo da ajuda do governo, é patriota, tem orgulho de ser da região que mora, não rouba, não fica fazendo apologia ao crime e as drogas, é a favor da família, não quer que as crianças sejam doutrinadas nas escolas e sim aprendam sobre as matérias em geral, não é a favor do aborto, tem sua fé e sua religião sem impor nada a ninguém, gosta da liberdade de expressão, fala a verdade, odeia a mentira, pode ser pessoas de todas as classes sociais, idade e sexo, basta ter caráter pra não ser petista." (G2, 24 anos, técnica em enfermagem , RJ)
"São pessoas que geralmente se consideram politicamente de direita, são pessoas de todas as idades praticamente, religiões de cunho cristão , moram em praticamente todas as regiões, são pessoas de todas as classes, mas em maioria de classe médio, geralmente sexo masculino, ser antipetista é ser contra tudo que eles pregam e tentam passar e que fere os valores dessas pessoas, pq o PT ultimamente adotou uma visão muito radical e mais liberal. É vencer pelo esforço e não ficar dependendo de esmola" (G2, 26 anos, autônomo, DF)
Entre os lulodescontentes e lulistas apareceram visões que associaram os petistas a causas sociais, à defesa da igualdade, ao combate ao preconceito e à valorização da cultura. Muitos apontaram que o petismo teria mudado ao longo do tempo, deixando de ser apenas um movimento de base trabalhadora e passando a abrigar uma diversidade de perfis e interesses. Apesar de algumas críticas pontuais ao partido, o petista típico foi descrito, em geral, como alguém comprometido com justiça social, políticas públicas inclusivas e oposição a ideologias conservadoras, especialmente às associadas ao bolsonarismo.
Houve ainda menções de que os petistas eram pessoas beneficiadas diretamente por programas sociais que promoveram inclusão econômica e social, como o Bolsa Família.
"Acho que são pessoas mais liberais,com idades 30 a mais de 60 que foram criados achando o partido dos trabalhadores, realmente trabalhavam em favor dos menos favorecidos.Sem religião específica.Ser tipicamente petista eu acho que são pessoas que acreditam no social,na igualdade para todos. Ajuda ao menos favorecidos socialmente." (G4, 49 anos, artesã , CE)
"A MAIORIA DOS PETISTAS TEM A MENTE ABERTA,COM PODER AQUISITIVO DE MEDIO A GRANDE,GOSTAM DE CULTURA NAO TEM PRECONCEITO IDIOTAS E SAO PESSOAS DE BOM CARATER SEM IPOCRESIA." (G4, 51 anos, professora , RS)
"Na minha visão, as pessoas que gostam do PT são as que são mais liberais, vieram de uma situação de renda mais baixa e/ou utilizaram os benefícios sociais ofertados que e de alguma forma isso melhorou a vida deles. Tem geralmente entre seus 20 e 40 anos, não vejo uma religião específica ligada a esse partido, e em relação a região de moradia e a sexo não vejo um padrão pois você encontra em todas as regiões/gêneros." (G4, 32 anos, engenheiro mecânico , BA)
"Penso que as pessoas que gostam do PT são aquelas que foram beneficiadas pelos programas sociais feito pelo Governo Lula 1 e 2, mas também conseguiram adquirir bem de consumo, como televisões, automóveis e também viajar, algo que era impossível antes do PT assumir o poder. Acho que também há aquelas pessoas que saíram do mapa da fome por conta do Programa Bolsa Família, que são gratas ao Governo até hoje. Diria que são pessoas de mais de cinquenta anos, classe baixa ou média baixa, mais do interior do país, na região Nordeste e em sua maioria pretas. Acredito que ser tipicamente petista é também(infelizmente), ignorar os erros que o PT comete, como não ter um sucessor para o Lula, mesmo estando claro que o seu estado de saúde não aguenta uma reeleição. Por fim, acredito que ser tipicamente petista é ignorar o fato que nem todo mundo que votou no inelegível é propriamente fascista e essa falta de diálogo está prejudicando a esquerda."" (G5, 33 anos, tradutor, SP)
"Eu vejo de certo modo algo mais abrangente e inclusivo, eu vejo pessoas lgbtqia+, vejo pessoas de várias classes principalmente as mais baixas vejo muita identificação por parte de um público mais baixa renda." (G5, 28 anos, auxiliar administrativo , AM)
Os eleitores flutuantes definiram os grupos que rejeitavam o voto em candidatos ou partidos como pessoas frustradas com promessas não cumpridas, que vivenciavam a sensação de abandono após as eleições e cansadas da repetição de escândalos de corrupção e incoerências entre discurso e prática. O sentimento predominante foi de descrença, acompanhado de cansaço moral e emocional diante do que é percebido como um sistema político falido.
Além da decepção, os respondentes destacaram que muitos anulavam ou votavam em branco como forma de protesto silencioso ou por não enxergarem candidatos que representassem verdadeiramente seus valores.
"Cansadas de mentiras ,fraudes e brigas familiares e pessoais por causa de coisas infundadas. Ninguém aguenta mais tanta coisa ruim e descabida vindo da política brasileira" (G3, 37 anos, assistente administrativa , MG)
"Associo a essas pessoas uma descrença total nos candidatos e na realidade da política no Brasil. Acredito que sejam pessoas que querem mudar as coisas, e votam nulo no sentido de rebelião, com o pensamento "já que não gosto de nenhum desse, não voto em ninguém". O voto em branco já é mais complicado, porque acaba somando-se a quem está ganhando as eleições. Acho que a pessoa que faz isso é mais por desinformação" (G3, 37 anos, médica veterinária , PR)
"Porque tudo que vemos são somente promessas e mais promessas. E quando o candidato ganha e totalmente o oposto isso já vem de muito tempo, e a cada eleição que passa está ficando pior. Os políticos/partidos estudam os candidatos para conseguirem os votos, depois que conseguem, adeus. Você não vê um discurso nas eleições que você consiga acreditar na pessoa, e quando tem alguém melhorzinho essa pessoa vai receber a minoria de votos por conta da direita e da esquerda que o povo ficou cego." (G3, 36 anos, autônoma, SP)
"São pessoas desacreditadas de políticos.Pois sabem que os candidatos não vão cumprir suas promessas e prometem pra ganhar as eleições." (G3, 41 anos, funcionária pública , GO)
De forma geral, os cinco grupos analisados demonstraram uma percepção crítica em relação ao papel da mídia na cobertura de casos de violência sexual. A visão predominante foi a de que a imprensa e as redes sociais não agem com imparcialidade, priorizando o sensacionalismo, a audiência e a repercussão em vez da apuração cuidadosa dos fatos. Muitos participantes apontaram que a mídia, ao destacar casos envolvendo pessoas famosas, cria julgamentos prematuros — seja para inocentar ou para condenar —, o que interfere diretamente na opinião pública e, em alguns casos, até no curso das investigações.
Acrescendo as análises, os participantes dos grupos 4 e 5 (lulodescontentes e lulistas) observaram ainda que a mídia tradicional é omissa diante de casos de vítimas anônimas, apontando que as redes sociais passaram a ocupar então um espaço central como ferramenta universal de denúncia.
"No meu ponto de vista em relação ao caso de Daniel Alves, eu penso que a mídia da mais ênfase a quem é famoso, pq se for alguém de uma cidadezinha do interior não gera tanta repercussão, pois essa é a forma da imprensa brasileira trabalhar, no que se refere as redes sócias, o que eu vejo é muita gente (IMPRENSA) é blogueiro dando opinião pra ganhar engajamento, assim é o nosso Brasil. (...) Por fim, acredito que nossas redes sócias e imprensa, vive de questões momentâneas, pois é muita informação pra passar, hoje é o caso de Daniel, amanhã já é outro, assim se vai, porque a vida tem de seguir; sem querer se alongar muito, porque as grandes mídias não deu abrangência ao caso da minha VITÓRIA, de Pernambuco, que foi sequestrada e morta, sabe se lá se não foi molestada, no final ela acabou foi morta, cadê as redes sócias e grandes mídia nesse momento, infelizmente vivemos em uma País aonde eu passo o que me convém, o que da audiência é não importância." (G1, 36 anos, assistente jurídico, BA)
"Eeu acredito que a mídia e as redes sociais frequentemente dão maior destaque a investigações envolvendo personalidades públicas ou celebridades por outro lado, casos que envolvem indivíduos sem fama , tem uma atenção mais reduzida , o justo é que as autoridades conduzam investigações com rigor e imparcialidade, assegurando que ninguém seja injustamente acusado, independentemente de sua posição social ou reconhecimento público." (G1, 45 anos, padeiro , PB)
"A imprensa adora esse tipo de notícia e eles colocam como se fosse o um escândalo que aconteceu para chamar bastante atenção eu chego a pensar que esses casos muitas vezes são tão simples mas que a imprensa faz parecer que são do tipo vai acabar o mundo. Então acredito que esse tipo de notícia dá muito ibope porque sempre tem algum alguma sendo veiculada. Na maioria das vezes eu acredito na vítima porque me coloco no lugar e penso que seria difícil enfrentar uma situação assim." (G2, 43 anos, professora , SP)
"A imprensa é uma ferramenta muito importante no registro e veiculação do que acontece. Mas infelizmente esta muito tendenciosa, acaba muitas vezes prejudicando as investigações e os envolvidos." (G3, 45 anos, turismóloga , RJ)
"Eu vi pouco porém são casos bem diferentes, o da Juliana eu acompanhei e vi o vídeo. Pra mim entraria como importunação sexual, não estupro. Acho que a imprensa repassa tudo com muito sensacionalismo, hoje precisamos recorrer a Internet pra checar se uma notícia realmente é verdadeira, então obviamente a não é sobre acreditar em vítima ou acusado mas sim de pesquisar sobre o assunto pois a maior parte das coisas que vemos na TV são sensacionalistas e sempre tem a parte que ngm vê." (G4, 27 anos, analista de sistemas , SP)
"Na minha opinião a grande mídia ainda é muito omissa quanto a casos de violência sexual. Na maioria das vezes a grande mídia só faz anúncio de violência sexual para ganhar audiência mas não debate o assunto. Poucas são as empresas de grande mídia que debatem de forma contínua e responsável sobre violência sexual. É importante um debate aprofundado e permanente desse assunto vinculado a ações de proteção e apoio às vítimas." (G4, 44 anos, funcionário público estadual, PR)
"Eu sempre penso que a mídia tende a duvidar da palavra da vítima e fazer com que ela tenha que provar, com inúmeros fatos e evidências que ela sofreu o abuso. E mesmo assim, acaba-se dando razão para o estuprador, já que não basta a mulher ter todas as provas, como no caso do Daniel Alves, ela ainda tem que contar com a boa vontade da mídia e da Justiça para que o criminoso seja punido. Basta ver o caso do Robinho, que só foi preso depois que o Globo Esporte divulgou aqueles áudios horrendos." (G5, 33 anos, tradutor, SP)
"E a mídia sempre faz um burburinho em cima dos casos mas nunca dão a devida importância aos fatos. Eles querem noticiar, mas não querem se envolver." (G5, 37 anos, restauradora, SP)
A maioria também fez comparações entre os casos, muitas vezes destacando que são situações diferentes em natureza e contexto, e, por isso, exigiriam análises distintas.
Em relação ao caso envolvendo o apresentador Otávio Mesquita, alguns questionaram a demora da comediante para denunciar, o que gerou desconfiança em certos grupos (sobretudo entre os grupos 1 e 2 - bolsonaristas convictos e moderados), enquanto outros destacaram que o silêncio da vítima pode ser resultado do medo de represálias ou da revitimização (sobretudo entre participantes do grupo 5 - lulistas), que demonstraram maior empatia com a vítima.
Em relação a Daniel Alves, muitos apontaram desconfiança quanto à sua absolvição por falta de provas, sugerindo que o dinheiro e a fama podem ter influenciado o julgamento, mesmo diante de evidências. Alguns disseram acreditar na vítima, mesmo com a absolvição formal, com destaque para grupos 4 e 5 - lulodescontentes e lulistas e mulheres de outros grupos. Outros, consideraram a justiça como correta.
"No primeiro caso do Daniel, se ele foi absolvido por falta de provas. Acredito na justiça. Agora no caso da Juliana. Não acredito que se trate de estupro como ela alegou. Acredito que tenha a ver com assédio. Mas a questão é: Porque ela levou tanto tempo pra formalizar a denúncia. E porque só depois que se desligou do SBT, resolveu fazer a denúncia? Existem várias questões neste caso que devem ser tratadas." (G1, 38 anos, assistente administrativo , AM)
"Eu nunca tomo lado de primeira, sempre aguardo por novas notícias e pronunciamentos oficiais." (G2, 26 anos, autônomo, DF)
"Eu acho que tudo tem que ser bem investigado,com muita caltela para ter certeza do crime ,já vi e ouvir muitas acusações e no final não era verdade ,e muitas as vezes, a vítima também não é ouvida ,nem dão importância pelo fato." (G3, 32 anos, vendedor, MG)
"Não é um ator que interessa a imprensa atacar, então eles estão abafando. Acredito que a vítima esta certa, e que esse tipo de comportamento tem que ser reprimido mesmo. As mulheres e todos os seres devem ser respeitados." (G3, 25 anos, contador, RJ)
"Percebo que quando se envolve mídia , pessoas com poder aquisitivo um pouco melhor quem sempre acaba prejudicado sempre é o quem denunciou e nunca acaba em nada . Ex: Caso do Daniel Alves absolvido depois de 1 ano e pra moça que sofreu ficou com as sequelas e para quem tem o poder $$ sempre leva a melhor."" (G3, 39 anos, analista financeiro , SP)
"Na minha opinião eu vi porém são dois casos diferentes um ainda tô punido mesmo que agora está livre das acusações o da moça porque esperar tanto tempo para se manifestar deveria ter si manifestado na época não esperar este tempo todo para querer cobrar por justiça que sabemos que não vai dar em nada" (G4, 53 anos, dona de casa, BA)
"Bom, eu tenho opiniões, ja fui abusado, e terrível não ter voz, porém, a do caso Daniel, teve sim prova e tudo certissimo, porém, escolheram inocentar ele,no outro caso, eu penso, ela tinha TODO espaço para se afastar e mesmo após pedir desligamento, porém, na hora em si, a pessoa não reage, pode ter acontecido com ela, travou de certo modo. Que ela consiga JUSTIÇA." (G4, 30 anos, gestão em TI, SP)
"Eu fiquei completamente em choque com essa notícia, acompanhei todo o julgamento e sinceramente nao sei como ele foi inocentado agora, falaram que a vítima queria fama, ela nunca sequer apareceu na mídia, por sinal teve sua identidade revelada pela mae do jogador, ele modificou a história dele inumeras vezes e mesmo assim a vitima ainda foi invalidada, mesmo com as provas em seu favor, um absurdo, torço para que essa mulher fique bem, com tudo isso" (G5, 25 anos, estudante, AL)
Duas perguntas da semana induziram os grupos a descreverem seus adversários políticos e a si mesmos, revelando o uso de narrativas de diferenciação e de afirmação de identidade política. As perguntas provocaram reações intensas nos participantes, que escreveram de forma mais extensa e engajada do que o habitual.
É importante notar que há um ligeiro desencaixe entre as categorias, pois as perguntas exploram as percepções dos grupos sobre petistas, antipetistas e indecisos/abstencionistas, e nossos foram divididos entre as preferências (forte e fraca) por Bolsonaro ou Lula. Ou seja, temos bolsonaristas convictos e moderados e não exatamente antipetistas, lulistas e lulodescontentes e não exatamente petistas. Mas ainda assim, é possível aproximar essas categorias para um entendimento bastante produtivo acerca dessas identidades políticas.
Os participantes bolsonaristas convictos, ao falarem dos petistas — seus adversários — recorreram ao uso de estereótipos negativos, com termos que associaram os apoiadores do PT à ignorância, dependência do Estado, imoralidade e ameaça à ordem tradicional. O discurso foi marcadamente moralizante e excludente, construindo o petista como alguém "errado" ou "perigoso". Já ao descreverem o antipetista, ou seja, a si próprios, ocorreu o contrário: ele foi idealizado como patriota, religioso, trabalhador, defensor da família e da verdade. A autoimagem construída foi a de superioridade moral e racional, o que evidencia um comportamento de autoafirmação positiva em contraste com a negação do outro. Já os bolsonaristas moderados, mesmo utilizando algumas dessas retóricas, foram mais ponderados em suas classificações, optando por diferenciarem os antipetistas mais como pessoas que vencem por seus próprios méritos, enquanto “os outros” seriam acomodados e dependentes do Estado.
Os grupos da esquerda foram mais comedidos. Ao descreverem os antipetistas, adotaram uma postura mais cautelosa e relutante em generalizar. Muitos rejeitaram a ideia de perfis fixos, sinalizando um comportamento mais reflexivo. A crítica aos antipetistas esteve centrada em questões de classe, intolerância religiosa e resistência às mudanças sociais. Quando descreveram os petistas (seu grupo), destacaram causas sociais, inclusão e justiça, defesa de minorias e da pluralidade, novamente com cuidado em não excluir outras possibilidades. Percebemos um comportamento menos maniqueísta, sem a completa negação da legitimidade do adversário. Houve espaço também para certa autocrítica, como a dificuldade de diálogo da própria esquerda.
O grupo de eleitores flutuantes se diferenciou por adotar uma perspectiva de distanciamento crítico em relação a ambos os lados. Ao descreverem a si mesmos, enfatizaram a frustração com a política institucional, a descrença nos partidos e o cansaço com promessas vazias e polarização. Esse grupo apresentou um comportamento de rejeição da política tradicional, posicionando-se como observadores céticos e desapontados, mais do que como integrantes ativos de um campo ideológico.
A terceira pergunta da semana demonstrou alguma similaridade de percepções quanto ao papel das mídias em casos de grande comoção da opinião pública. As análises realizadas nos cinco grupos evidenciaram uma preocupação generalizada com a forma como a grande imprensa e as redes sociais influenciam a opinião pública em casos de violência sexual envolvendo figuras públicas. Houve consenso sobre as mídias tradicionais noticiarem em larga escala casos que envolvem famosos em detrimento de casos com pessoas comuns, que são mais recorrentes. Em relação às redes sociais, emergiram visões mais complexas, que ora as classificaram como ferramentas de empoderamento das vítimas, ora como instrumentos de linchamento moral.
Embora todos os grupos tenham reconhecido a gravidade do tema e a importância da apuração dos fatos, as percepções variaram quanto ao grau de confiança nas vítimas. Enquanto grupos mais progressistas demonstraram forte solidariedade com elas e uma crítica mais incisiva da estrutura de poder e da descredibilização feminina, os outros grupos adotaram uma postura mais cautelosa, enfatizando a necessidade de provas antes de qualquer julgamento. Também ficou claro que fatores como gênero e experiência pessoal influenciam a maneira como os participantes interpretam as denúncias.
G1=759,167,347,680,252,260,134,195,450
G2=586,166,103,203,75,159,76,162,107,284
G3=89,136,78,256,325,111,149,223,362,105
G4=202,95,82,181,117,415,134,126,411,182
G5=153,188,79,190,206,226,96,100,449,78
Aumento da Faixa de Isenção do IR.; Condenação de Carla Zambelli.; Bolsonaro Réu por Ataques à Democracia.
Passeata de Bolsonaro por anistia; Licenciamento de Eduardo Bolsonaro; Avaliação do Governo Federal.
Prisão de Braga Netto;Aprovação do do pacote de cortes de gastos;Concessão de benefícios extras
Tarcísio de Freitas e o uso de câmeras;Regulamentação de IA;Declarações de Moro e a Cassação de Caiado.
Isenção do IR; PEC dos Gastos Públicos; Divergências entre Mercado e Governo.
Tentativa de Golpe: informações gerais; Indiciamento de Jair Bolsonaro; Pedido de Anistia
Especial G20: Falas de Janja; Percepeções gerais; Avaliação de pautas
Símbolos religiosos em órgãos públicos; PEC para fim da escala de trabalho 6x1; Atentado em Brasília.
Retirada de livros com conteúdo homofóbico.; Vitória de Trump.; Programa Pé de Meia.
Fragmentação da Direita; Anulação de condenações da Lava-Jato; Reunião de Lula com governadores
Participação do Brasil no BRICS; Mudanças de candidato no 2T; Caso Gustavo Gayer
Privatização de estatais; Fake News nas eleições; Eleição de policiais e militares
CPI das apostas online; Aumento da pena para crimes contra a mulher
Decisão do voto: Direita x Esquerda; Voto no PT; Campanha 2024 e expectativas; Avaliação dos Resultados
Descriminalização das Drogas; Ens. Religioso; Escola cívico-militar; Aborto; Prisão de mulheres que abortam
Violência entre Datena e Marçal; Regras do debate eleitoral; Definição do voto
Manifestação convocada por Bolsonaro; Atuação de Marina Silva; Prisão de Deolane
Suspensão do X (antigo Twitter); Queimadas florestais; Acusações sofridas por Silvio Almeida
Semana Temática: Bolsa Família; Auxílio Brasil; Privatização das Estatais
Pablo Marçal; Folha contra Moraes; Suspensão das Emendas
Temático: Casamento Homoafetivo; Adoção por casal Gay; Cotas Raciais
ESPECIAL ELEIÇÕES MUNICIPAIS: Interesse pelo Pleito; Gestor Ideal; Apoios de Lula e Bolsonaro
Temático Segurança: Porte de Armas; Pena de Morte; Redução da Maioridade Penal
Desistência de Joe Biden; Declarações de Maduro; Declarações de Tebet
Atentado contra Trump; Cotas na Política; Fala de Lula
Espectro ideológico; Avaliação do Governo Lula; Isenção de Multa para Irmãos Batista
Saúde de Pessoas Trans; Lula e o Câmbio; Indiciamento de Bolsonaro
Aumento para os Procuradores de SP; Descriminalização da Maconha no país; Golpe na Bolívia
Lula no G7; Críticas de Lula ao BC; PL dos Jogos de Azar
Eleições nos EUA; Arthur Lira e o Conselho de Ética; PL 1904
Parada LGBT+; Terceirização da Escola Pública ; Escolas Cívico-Militares
Acusações contra Zambelli; PEC das Praias; Veto à criminalização das Fake News
Benefício Emergencial no RS; Absolvição de Moro; Imposto sobre Importações
Fake news da tragédia; Fala de Eduardo Leite; Fuga de condenados bolsonaristas
SEMANA PETROBRÁS - Privatização, Desenvolvimento e Meio Ambiente
Saídas Temporárias, Condenações de 8/1, Atuação de Presidentes em Calamidades Públicas
Manifestação pró-Bolsonaro em Copa, Novos programas para pequenos empresários e empreendedores; Elon Musk e Alexandre de Moraes
Caso Marielle; Comissão de mortos e desaparecidos; Percepções sobre a ditadura
Taxação dos super ricos; Fraude na carteira de vacinção; Áudios de Cid
Segurança Pública em SP; Nikolas na Comissão de Educação; 60 anos da Ditadura
#Diário Gal Heleno #Economia #Pautas para Mulheres
Manifestação pró-Bolsonaro; Isenção tributária a entidades religiosas; iii) Mudanças nos mandatos
Guerra do Iraque; Vacinação da Dengue; Vídeo de Bolsonaro
#Investigações do Golpe #Fuga dos Detentos de Mossoró
#Aproximação entre Lula e Tarcísio de Freitas #Avaliação de Bolsonaro #Avaliação de Lula
Abin e Alexandre Ramagem; Carlos Bolsonaro e espionagem; Erros no ENEM
Percepções sobre a vida atual, Eleições municipais, Programa
Janones, Declarações de Lula sobre Dino, Indulto de Natal
Falas de Michele, Auxílio a Caminhoneiros e Taxistas, Apoios de Criminosos
#Dados do desemprego no Brasil #Colapso ambiental em Maceió #Disputa entre Venezuela e Guiana
Fim das Decisões Monocráticas, Morte de Clériston Pereira, Dino no STF
#Pronunciamento de Janja #Redução dos custos das Passagens Aéreas #Redução dos custos dos Combustíveis
Militares na Política, Privatizações, Dama do Tráfico no Planalto
#Déficit Zero na Economia #Gabinete do Ódio #Redação do ENEM
Desvio de Armas, Jair Renan na Política, 2a. Condenação de Bolsonaro
Veto dos EUA, Milei, Violência no Rio de Janeiro
GUERRA: Crianças, Resgate de Brasileiros, Conselho de Segurança
Violência no RJ, Fake News da Vacina, Oriente Médio
Inclusão de Pessoas Trans, Grampos de Moro, Conselho Tutelar
Golpismo renitente, Canais de informação bolsonaristas, Gal. Heleno
Rede Globo, Jair Renan, Casamento Civil Homoafetivo
Desfile da Independência, Operação Lava Jato, Desastre no RS
O silêncio de Jair e Michele, Hábitos de Consumo de Informação, Voto Secreto no STF
Zanin, Faustão e a Taxação das Grandes Fortunas
Relatório #19 MED
ESPECIAL: O CASO DAS JOIAS
Tarcísio, Zema, Avaliação 7 meses do Governo Lula
Bolsa família, Laicidade do Estado e MST
Taxação de fundos exclusivos, Marielle e Porte de Arma
Escolas Cívico-Militares, Ataque a Moraes e Desenrola
Tarcísio vs. Bolsonaro, Lula no Mercosul e Aprovação de Lula
Condenação, Plano Safra e Inércia Bolsonarista
Julgamento, PIX e Condenação de Bolsonaro
Julgamento, Cid e políticas sociais
Valores: Marcha, Parada e Aborto
Temas: Zanin / substituto de Bolsonaro
Meio Ambiente
Monitor da Extrema Direita
Os temas da semana são: (1) Investigações sobre os depósitos an
As técnicas tradicionalmente utilizadas para investigar a opinião pública são os surveys e os grupos focais. Ambas são muito úteis, mas têm com limitações da ordem prática e orçamentária, particularmente se deseja realizar um monitoramento contínuo.
O Monitor do Debate Público (MDP) é baseado em uma metodologia inovadora para monitorar de modo dinâmico a opinião pública e suas clivagens no que toca temas, preferências, valores, recepção de notícias etc.
O MDP é realizado por meio de grupos focais de operação contínua no WhatsApp, com participantes selecionados e um moderador profissional.
Assim como na metodologia tradicional de grupos focais, os grupos contínuos no WhatsApp do MDP permitem que o moderador estimule o aprofundamento de temas sensíveis e difíceis de serem explorados por meio de pesquisas quantitativas ou mesmo pela aplicação de questionários estruturados.
O caráter assíncrono dos grupos do MDP, possibilitado pela dinâmica da comunicação no WhatsApp, permite respostas mais refletidas por parte dos participantes, o que é adequado para eleitoral, dado que o voto é também uma decisão que demanda reflexão.
Por sua natureza temporal contínua, grupos focais do MDP são propícios para criar situações deliberativas, nas quais as pessoas se sentem compelidas a elaborar suas razões a partir das razões dadas por outros participantes do grupo.
O telefone celular é hoje o meio mais democrático e acessível de comunicação. Assim, a participação nos grupos do MDP não requer o uso de computador ou mesmo que os participantes interrompam suas atividades para interagirem entre si.
Doutora em Ciência Política pelo IESP-UERJ. Coordenou o IESP nas Eleições, plataforma multimídia de acompanhamento das eleições 2018. Foi consultora da UNESCO, coordenadora da área qualitativa em instituto de pesquisa de opinião e big data, atuando em diversas campanhas eleitorais e pesquisas de mercado. Realiza consultoria para desenho de pesquisa qualitativa, moderações e análises de grupos focais e entrevistas em profundidade. Escreve no blog Legis-Ativo do Estadão.
Mestre em Filosofia Política pela UNICAMP e mestre e doutor em Ciência Política pela City University of New York, Graduate Center. Foi professor do antigo IUPERJ de 2003 a 2010. É, desde 2010, professor de Ciência Política do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP-UERJ). Coordenador do LEMEP, do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA) e do Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB).
Cientista Social e mestre em Sociologia pela UFPR, com experiência em relações de consumo e estratégias de comunicação. Possui formação em UX Research e cursos de gestão e monitoramento de redes sociais e estratégias eleitorais, mídias digitais e gerenciamento de redes. Possui experiência em pesquisas de mercado e campanhas políticas. Realiza moderações e análises de grupos focais e entrevistas em profundidade.
Mestre em Ciência Política pelo IESP-UERJ. Tem experiência em planejamento e desenvolvimento de sistemas computacionais de pequeno e médio porte, manutenção de servidores web e possui especialização em modelagem e implementação de bancos de dados relacionais.