Relatório 23

De 15/09 a 21/09

Temas:

  • Rede Globo, Jair Renan, Casamento Civil Homoafetivo
Realização:
Apoio:
Metodologia

O Monitor da Extrema Direita (MED) se transformou no Monitor do Debate Público (MDP). Na verdade, foi uma expansão do projeto original, que contemplava somente grupos focais contínuos de bolsonaristas convictos e moderados. Tornamos mais complexa a combinação dos critérios de seleção de participantes para produzir quatro categorias de grupos:

G1 – Bolsonaristas Convictos: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, aprovam as invasões de 08/01, acreditam que o ex-presidente é perseguido pelas instituições e não assistem à Rede Globo.

G2 – Bolsonaristas Moderados: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, desaprovam as invasões de 08/01, não há consenso sobre o ex-presidente ser perseguido pelas instituições e não rejeitam a Rede Globo.

G3 – Preferências Flutuantes: votaram Branco/Nulo no segundo turno, mas em outros candidatos no primeiro turno. Os demais critérios são diversos.

G4 – Lulodescontentes: votaram em Lula no segundo turno, mas reprovam a atual gestão. Os demais critérios são diversos.

G5 – Lulistas: votaram em Lula no segundo turno e aprovam sua gestão. Os demais critérios são diversos.

Dessa maneira, o novo Monitor do Debate Público (MDP) será capaz de captar um escopo bem mais amplo da opinião pública e dos fenômenos que regem o comportamento político no Brasil de hoje.

Nossa metodologia permite que os participantes respondam aos temas colocados no tempo que lhes for mais conveniente, liberdade essa inexistente nos grupos focais tradicionais, que são presos à sincronia do roteiro de temas e questões colocados pelo mediador. O instrumento de pesquisa, assim, se acomoda às circunstâncias e comodidades da vida de cada um, reduzindo a artificialidade do processo de coleta de dados e, portanto, produzindo resultados mais próximos das interações reais que os participantes têm na sua vida cotidiana.

É importante salientar que os resultados apresentados são provenientes de metodologia qualitativa, que tem por objetivo avaliar posicionamentos e opiniões. Mesmo quando quantificados, tais resultados não podem ser tomados como dados estatísticos provenientes de amostragem aleatória, ou seja, as totalizações dos posicionamentos de grupos específicos não devem ser entendidas como dotadas de validade estatística mas como dado indicial.

O sigilo dos dados pessoais dos participantes é total e garantido, assim como sua anuência com a divulgação dos resultados da pesquisa.

Síntese dos Principais Resultados

Entre os dias 15 a 21/09 dois grupos foram monitorados a partir de suas opiniões sobre questões do momento. Compõem esses grupos 36 participantes, todos eleitores de Jair Bolsonaro no segundo turno de 2022, divididos entre bolsonaristas convictos (G1) e bolsonaristas moderados (G2) – o critério de seleção é o apoio aos atos de 8 de janeiro.
Cada grupo foi montado de modo a combinar variáveis como sexo, idade, etnia, renda, escolaridade, região de moradia e religião em proporções similares às da população brasileira.
Ao longo da semana, três temas foram abordados: i) credibilidade e audiência da Rede Globo ; ii) investigações e acusações sofridas por Jair Renan Bolsonaro; iii) votação do projeto que proíbe o reconhecimento do casamento civil homoafetivo;
Ao todo, foram analisadas 114 interações, que totalizaram 4.462 palavras.

Bolsonaristas Convictos Bolsonaristas Moderados
Rede Globo Poucos participantes ainda acompanham a grade de entretenimento da emissora. A maioria disse ter abandonado a programação devido à vulgaridade das novelas, pensamentos esquerdistas dos programas e, acima de tudo, devido à "modificação" das notícias políticas para prejudicar Bolsonaro. A maioria do grupo não acompanha mais a programação do canal, avaliando a perda de qualidade e a manipulação das informações devido a interesses econômicos e políticos. A maioria disse ter migrado para canais de rede fechada, abandonando todos os canais de rede aberta.
Acusações a Renan Bolsonaro Metade do grupo avaliou a notícia como irrelevante, defendendo o direito a privacidade de Renan. A outra metade avaliou como falsa, como perseguição e mais uma tentativa de atingir e desmoralizar Bolsonaro, por meio de ataques a seu filho. A maioria do grupo não se importou com as notícias sobre a sexualidade de Renan, avaliando-as como fatos particulares de sua vida. O foco do debate foi às acusações de desvio e lavagem de dinheiro, requerendo aprofundamento das investigações e punição dos envolvidos.
Casamento Civil Homoafetivo A maioria do grupo mostrou-se contra a união homoafetiva, baseados em princípios religiosos e morais. As falas do deputado dividiram as opiniões, alguns as apoiaram, com argumentos das "leis da terra" enquanto outros as rejeitaram, acusando o mesmo de defender pautas da esquerda. A maioria do grupo apoiou as falas do deputado, defendendo os direitos civis e universais acima da crença religiosa e particular dos indivíduos. A pauta não foi vista como algo que deveria estar enquadrado dentro do espectro político da direita ou esquerda.
Pergunta 65
O que vocês acham da Rede Globo? Assistem a esse canal frequentemente? Já assistiram no passado e deixaram de assistir? Se deixaram, por quais razões?
Produtora de Fake News e reprodutora de imoralidades

Foi unânime no grupo 01 (bolsonaristas convictos) a percepção de que se trata de um veículo de comunicação enviesado ideologicamente, com uma programação de defende "valores da esquerda", deturpando os princípios e valores morais da sociedade.

As críticas à programação jornalística, constantemente exemplificada pelo Jornal Nacional, foram mais intensas nesse grupo, com acusações de manipulação das informações e de produção de Fake News com o objetivo de prejudicar Bolsonaro.

A cobertura jornalística da pandemia foi citada por alguns, como feita para ofuscar o então presidente, ao optarem por "apenas" mostrar índices de óbitos na programação ao invés das realizações do mesmo para salvar a economia.

A Internet foi vista como moderada no que toca a circulação de informações, pois seria responsável pela veiculação de notícias sem viés.

"Não assisto mais, gostava de assistir as novelas mais ficaram muito vulgares e perdi a vontade de ver! Também o jornal da Globo, ficou muito terrorista desde o tempo da COVID! Era só tragédia" (G1, 42 anos, técnica administrativa, PA)

"Rede Globo é a fábrica de fake News oficial do governo do PT. Mente e manipula descaradamente pensando que somos retardados que não raciocina e não temos internet pra desmentir as fake News deles!" (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos , RJ)

"Assisto algumas coisas do canal da rede Globo! Não gosto do programa Jornal Nacional porque não é mais um canal de notícias e sim um canal de fofoca pra falar mal do Bolsonaro!" (G1, 41 anos, promotor de vendas , RS)

"Eu acho que a Globo não vale nada , assistia gostava muito, mais com tempo deixou de ser uma emissora que está quebrando os valores da família, respeito a decisão de cada pessoa mais não apoio bandidos, eu amava o programa da Fátima encontros quando ela apresentou, mais quando ela começou a torcer para bandidos e não pra polícia e outras coisas reportagem gente fiquei com nojo dessa emissora, o jornal nacional era pra nós o melhor jornal da tv aberta, depois que começaram a fazer notícias falsas sobre Bolsonaro, a torcer tudo errado o que Bolsonaro falava , e nas últimas eleições trataram Lula como se fosse o cara mais honesto do Brasil, nunca mais a Globo entrou na minha casa ." (G1, 44 anos, desempregada , PR)

"Na pandemia era péssimo, só mostravam as mortes. O presidente Bolsonaro lutando pra salvar o país e eles só falavam das mortes, todo dia um velório. Na época da Eleição meu Deus era nítido a preferência deles , ficou muito visível e feio ! Só não viu quem não quis ." (G1, 33 anos, assistente administrativa , SP)

"Eu não assisto, fazem 5 anos que desapeguei desse canal. Eu não dou a eles nenhum tipo de lucro ou rentabilidade. Só não vê quem não quer o quanto essa emissora presta um desserviço à população brasileira. É uma emissora que investe somente em ideias esquerdistas, que usa de um progressismo deturpado para lançar com sua programação de novelas, filmes e jornalismo condicionado ao Fake News as trevas a juventude e a nação de forma geral. E não é somente uma questão de público, mas de ideologia interna e muuuiiitttooo dinheiro jorrando da fonte dessa ideologia para a emissora." (G1, 39 anos, cabeleireira, PE)

Manipuladora de informações

O grupo 02 (bolsonaristas moderados) também rejeitou a emissora, argumentando que sua programação jornalística se tornou tendenciosa e manipuladora, que seleciona informações para atender aos interesses do próprio Grupo Globo nas pautas econômica e política.

Apesar da rejeição, alguns participantes declararam assistir a programas da emissora, sobretudo da grade de entretenimento.

Muitos disseram preferir consumir conteúdos de canais fechados.

"a globo antigamente ete que era boa, porem de uns tempos pra ca ta difícil assistir eu ja faz muito tempo que não paro pra assistir algo de bom nesse canal, eles fantasiam demais muitas coisas, não sou da politica mas é nitido o posicionamento da globo para determinado politico." (G2, 38 anos, corretor de imoveis, SC)

"Já assisti sim mo passado. Hoje em dia não assisto mais pois é uma emissora que só mostra as coisas de acordo com seus interesses. Não mostra a verdade em si. Então pra mim não faz sentido assistir uma emissora assim." (G2, 44 anos, autônomo , AL)

"Ja assisti mais depois que a globo virou ativista politico e seu jornalismo caiu em descrédito não assisto mais" (G2, 38 anos, técnico eletricista , RS)

"A globo é igual as outras emissoras de tv aberta, puxa o saco de quem recebe mais benefícios e bate mais em quem da mais audiência. Não parei de assistir mas não assisto todos os programas como antigamente, hoje só assisto os esportes e jornais e as vezes o programa da Ana Maria Braga. Novelas eu deixei de assistir ja tem quase três anos" (G2, 30 anos, pensionista, TO)

"Eu assistia, mas hoje não mais, é uma emissora que mostra o que interessa e as vezes distorce os fatos, perdeu credibilidade. Atualmente assisto tv fechada e quando assisto tv aberta é a Record" (G2, 34 anos, contadora, RS)

"Assisto todos os dias a rede Globo e gosto muito da programação da mesma. Principalmente a grade de esportes e jornais locais" (G2, 54 anos, gerente senior, PA)

"Hoje só vejo no máximo futebol e de vez em quando fantástico, porem tento no máximo não ver sobre política na emissora! Pois sabemos que ética nesse tema eles não tem" (G2, 24 anos, eletrotécnico , GO)

Pergunta 66
O filho do ex-presidente Bolsonaro, Jair Renan Bolsonaro, é alvo da Operação Nexum, operação da Polícia Civil do DF que investiga lavagem de dinheiro. Após prestar depoimento, seu ex-assessor, Diego Pupe, disse à imprensa: “Eu tive um relacionamento com o Renan, do qual não falei para ninguém ainda. Eu estava esperando todo esse ‘auê’ da polícia, mas logo logo eu vou falar sobre isso, tá bom? Eu tinha um relacionamento íntimo com ele, romântico”, Vocês ouviram falar sobre esse possível relacionamento? O que acham?
Direito à privacidade de sua vida particular

Os participantes do grupo 01 (bolsonaristas convictos) não se importaram com as denúncias de lavagem de dinheiro.

Alguns avaliaram o suposto envolvimento de Renan com Diego como um fato pessoal e particular da vida de ambos, indiferente para a sociedade, enquanto outros, avaliaram como uma possível notícia falsa, veiculada com o intuito de desmoralizar e (novamente) perseguir Jair Bolsonaro e sua família.

"Sim, nas redes sociais é possível saber sobre esse ""relacionamento""! Eu acho lamentável a vida particular desse rapaz ser exposta, afinal ele é adulto e sabe o que faz!" (G1, 42 anos, técnica administrativa, PA)

"Ouvi falar sim, mas ao meu ver cada uma faz o que quer de sua vida, se eles realmente assumiu não vejo problemas, mas também essa notícia pode ser mentira, pois estão sempre inventando coisas de Bolsonaro e sua família." (G1, 40 anos, pedagoga, RS)

"Não ouvi falar nada sobre isso, mas se aconteceu, o que as pessoas tem a ver com isso, por acaso agora virou crime relacionamento homossexual? A esquerda é podre mesmo, usa do próprio discurso pra tentar atingir o presidente Bolsonaro, tá chato isso já!"" (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos , RJ)

"Não ouvi falar 😨😨😨 Mas tbm se for não vejo problema algum , algo que desrespeita a vida íntima dele ! Mas querem a todo custo inventar algo contra a família Bolsonaro !" (G1, 33 anos, assistente administrativa , SP)

"Boa tarde com certeza mais uma fake news, ele disse que não é homossexual. O povo do amor venceu não deve criticar, pois essa bandeira da homossexualidade é a que eles mais levantam." (G1, 47 anos, secretária, MG)

"Fiquei surpresa de início e achei que era fake, até por já ter visto posicionamentos contrários do Presidente e dos filhos! Mas, se for verdadeiro, quem tem nadava ver com isso?? Renan é adulto e faz o que quiser da vida! E cabe aos demais, apenas respeitar!" (G1, 39 anos, contadora, BA)

"Eu nao houvi falar sobre esse relacionamento, mas com certeza e mais uma acusação infundada ate porque eles sao os próprios idealizadores desse tema e nao podem se opor a questoes em que essa corja sempre pregou. E mais uma forma de querer denegrir o presidente Jair Bolsonaro" (G1, 47 anos, administrador, GO)

A espera de investigações sobre os crimes cometidos

Os participantes do grupo 02 (bolsonaristas moderados) não se importaram com as notícias sobre a sexualidade de Renan Bolsonaro, mas atentaram para a questão do desvio e lavagem de dinheiro.

O grupo convergiu em torno da necessidade de que investigações sobre o caso fossem realizadas e os envolvidos devidamente identificados e punidos.

"Eu, acho que não teve esse relacionamento a intenção é de mudar o foco da investigação." (G2, 50 anos, dona de casa , DF)

"Não soube desse relacionamento e não é importante. Acredito que todos os políticos devem ser investigados em tudo que fizerem de crimes, então essa lavagem ai tem que ser investigada." (G2, 43 anos, comerciante, TO)

"Nao to apar deste desdobramento, mas o que tem haver isso com a investigação, e quanto ao pessoal deles cada um é livre pra fazer o que quiser, mas ta com cara de que é assunto pra ganhar midia e mudar o foco das notícias" (G2, 38 anos, corretor de imoveis, SC)

"Eu ouvi boatos a respeito.. porém o que tem a ver com a vida pessoal dele, no caso intimamente, se realmente houve a lavagem de dinheiro deve sim ser investigado e claro punidos caso haja fraude, porém não tem nenhum problema em ele ser homossexual ou se tiver um relacionamento desde que não tenham os dois conspirados juntos para um crime" (G2, 28 anos, autônoma, DF)

"Não ouvi nada a respeito disso mas também não tenho que achar nada a respeito se realmente tiveram um relacionamento amoroso. Sobre as investigações ainda estou esperando o final delas pra poder formar uma opinião, agora minha posição é a de sempre, se for culpado tem que responder perante a justiça." (G2, 30 anos, pensionista, TO)

"Ouvi falar, mas muito pouco, não sei aprofundar no assunto com muita clareza. Se ele lavou dinheiro e cometeu fraude, isso deve ser investigado e punido, mas ser homossexual não é um problema, ele(s) não precisa dar satisfação da sua vida pessoal, desde que eles não tenham tramado para cometer crime/fraude ou algo similar" (G2, 42 anos, administradora, GO)

Pergunta 67
Em uma sessão tumultuada, a Comissão de previdência e família da Câmara dos Deputados adiou a votação do parecer do dep. Pastor Eurico (PL-PE) que dá aval a um projeto que proíbe o reconhecimento do casamento civil homoafetivo. Dentro do debate, a fala do deputado de direita Marx Beltrão ganhou notoriedade. Após assistir ao vídeo, respondam: na opinião de vocês, esse discurso representa o pensamento da direita no país?
Rejeição completa aos fatos

O debate dividiu bastante as opiniões, até mesmo dentro dos grupos.

Os motivos religiosos foram invocados pelos participantes (a maioria de evangélicos) que não concordavam com a união, mesmo que civil, entre pessoas do mesmo sexo.

As falas do deputado foram criticadas e ele foi desqualificado como representante do pensamento da direita tradicional, que preza pelos valores morais da família. Alguns as qualificaram como falas da esquerda.

Esse posicionamento mais radical teve maior recorrência no grupo 01 (bolsonaristas convictos).

"Eu sou contra casamento de pessoas do mesmo sexo, eles dizem que casamento é uma instituição falida, mas desejam casar, cada um tem o livre arbítrio faz o que quer e no final da vida, todos vamos prestar contas a Deus dos nossos atos." (G1, 47 anos, secretária, Batista | metodista | presbiteriana | luterana | adventista MG)

"Para mim cada um tem sua opinião não a nada ve se é de direita ou esquerda eu sou contra aprendi que família é homem e mulher ate pode um homem cuidar de uma criança porque o amor vem em primeiro lugar mais eu defendo modo tradicional Deus abomina esse tipo de relacionamento minha opinião." (G1, 48 anos, do lar, Outras evangélicas, SP)

"Eu não concordo porque sou de direita e as pautas da direita são a família tradicional, esse deputado Marx Beltrão nunca foi de direita pra defender o que defendeu, e concordo com o Dep Pastor Eurico. O pensamento do Dep. Marx Beltrão não representa o pensamento da direita no país!" (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos , Outras evangélicas, RJ)

"Esse deputado esta fazendo o que qualquer da esquerda esta fazendo. Direito de ir vir e pensamento e direito de todos, mas a questao da ideologia de gênero não devia nem ser descutido pq Deus criou macho e femea e não fez nada pela metade ou pra se completar depois. Ele esta centrado na esquerda que na verdade so busca acabar com os princípios da família" (G1, 47 anos, administrador, Outras evangélicas, GO)

"Mas pra mim este discurso não me representa e não representa o pensamento da direita com certeza! #totalmentecontra" (G1, 41 anos, promotor de vendas , Assembleia de Deus, RS)

"A grande gestão e que começa assim...esses direitos...depois querem mais direto direto e mais direto...a minha constituição e a bíblia sagrada esse sim e o direto de todos" (G2, 35 anos, gestor, Outras religiões,RR)

"Concordo com vc a bíblia é sagrada, deve ser respeitada sim, só vou dizer isso porq não gosto de julgar ninguém" (G2, 43 anos, motorista de aplicativo , Batista | metodista | presbiteriana | luterana | adventista, GO)

Apoiam a separação das instituições

Parte dos participantes, de forma equilibrada entre os dois grupos, apoia o casamento homoafetivo, desde que restrito à esfera civil. Para esses, perante às "leis da terra" os indivíduos são livres, e o princípio da igualdade de direitos deveria ser respeitado.

Mesmo reprovando a união homoafetiva, a partir de suas crenças pessoais, concordaram com as falas do deputado acerca dos direitos universais.

Não houve muitos posicionamentos e nem consenso sobre o impacto de tal discurso no que toca a representação da direita no país.

"Gostei do discurso dele sim , sou da direita, sou serva do Senhor e a favor da família, como serva e mãe sou contra o casamento e esse mimimi de gênero, mas como disse bem ele, as leis devem sim ser igual pra todos indiferente de tudo, deve ser igual para branco, preto, homem e mulher, índio ou não. A verdade como direita deve ser essa." (G1, 51 anos, pensionista, Outras evangélicas, GO)

"Como lei da terra concordo sim, só não pode casar na religião, pois os princípios que aprendi que vem dá Bíblia, não concordo, mais como cada um vai dar conta da sua alma , fica aí o livre arbítrio." (G1, 44 anos, desempregada , Outras evangélicas, PR)

"Ele disse tudo nesse discurso dele o direito tem que ser igual para todos, sou a favor da família, não ensino isso pros meus filhos, mais cada um vai presta sua conta com Deus depois, aqui na Terra cada um é livre perante as leis" (G1, 44 anos, técnico de informática, Assembleia de Deus, SP)

"Não representa o que a direita prega, mas concordo com o discurso dele sobre todos termos os mesmos direitos. Sobre o casamento homoafetivo se for no civil não vejo problema, agora na igreja eu não concordo." (G2, 30 anos, pensionista, Outras evangélicas, TO)

"todos devem ser tratados igualmente pela Constituição, eu prefiro seguir o que a Bíblia ensina, mas respeito quem não segue. Sobre o discurso do deputado Marx Beltrão, é importante lembrar que as pessoas na direita política podem pensar de maneiras diferentes, então o que ele disse não representa necessariamente o pensamento de todos na direita do país." (G2, 42 anos, administradora, Outras evangélicas, GO)

Respeito universal aos direitos

Com maior recorrência entre os participantes do grupo 02 (bolsonaristas moderados), mas também com ocorrências entre participantes do grupo 01 (bolsonaristas convictos), muitos apoiaram irrestritamente as falas do deputado e a defesa dos plenos direitos civis de todos os cidadãos. A necessidade de laicidade no Estado foi mencionada por muitos.

Participantes que esposaram tal posição evitaram classificar as falas do deputado como de direita ou esquerda.

"Deputado Marx Beltrão com um pronunciamento PERFEITO! Pura verdade! Eu concordo plenamente com ele. Sou de direita, e com certeza todos somos iguais e temos os mesmos direitos e direitos não tem nada a ver com religião, são apenas lei do homem e nada mais. Não se pode misturar religião com política. Toda vez que isso ocorreu a igreja decaiu espiritualmente. Cada um dará conta de si mesmo a Deus. Quem planta colhe! Tanta coisa importante e urgente para se discutir." (G1, 39 anos, dona de salão de beleza, Afro-brasileiras (umbanda, candomblé, etc.), BA)

"Eu acho que ele tem razão. Ele fez um discurso muito sensato. Ele está falando de direitos, e não de religião, os homossexuais também têm direitos e obrigações. Eu sou casada, tenho família, sou da direita, mas acho um absurdo querer invadir a liberdade alheia, tirar a liberdade dos outros é um absurdo. Achei muito lucida e corajosa a sua fala." (G1, 39 anos, cabeleireira, Católica, PE)

"Eu concordo plenamente com o deputado! Ele não estava num púlpito de uma igreja e sim no Parlamento! Não estava discutindo salvação - que por sinal, é individual e cada um que busque a sua, e sim discutindo leis que, segundo a Constituição Federal, devem ser iguais para todos!" (G1, 39 anos, contadora, Católica, BA)

"Não vejo esse discurso sendo de direita ou esquerda. Vejo um homem sensato no que fala. Todo cidadão tem seus direitos e deveres. Sou de direita, e não tenho religião. Tenho o bom senso de que cada um responde pelas suas atitudes e escolhas. É casamento civil e não religioso pra impor suas crenças" (G1, 34 anos, artesã , Não tenho religião (ateu, agnóstico), SC)

"Totalmente a favor da fala do deputado Marx Beltrão. Todos somos iguais perante a lei. Independente de credo cor ou opção sexual" (G2, 54 anos, gerente senior, Católica, PA)

"concordo com ele todos somos iguais perante a lei, havendo respeito, não vejo porque proibir essa união, não acredito que seja pensamento de esquerda ou direita e sim um pensamento de alguém resolvido que não tem preconceitos e acima de tudo respeita as pessoas." (G2, 38 anos, corretor de imoveis, Católica, SC)

"Não sei se representa discurso de algum lado, porém deveria ser de ambos os lados, a fala dele está correta, todos os seres humanos devem ter direitos iguais, independente, hoje em dia as pessoas deixam de viver suas vidas e querem viver a dos outros, arbitrar a vida alheia e dizer como elas devem viver ou não, e isso não deveria estar nem sendo discutido, afinal todos temos o direito de ser feliz" (G2, 28 anos, autônoma, Não tenho religião (ateu, agnóstico), DF)

"Concordo com ele , tem que separar religião ,e política ,se está debatendo casamentos de A e B se forem legalizados pra mãe mim tanto faz se é esquerda ou direita tem que ser respeitada" (G2, 53 anos, fiscal, Católica, CE)

"Concordo com com ele se 2 pessoas se amam pq não podem se casar? Em relação a igreja não aceita devemos respeitar também." (G2, 50 anos, dona de casa , Católica, DF)

"Vendo os comentários aqui sobre bíblia minha humilde opinião as leis da bíblia ou outro livros sagrados valem para as pessoas destas religiões não de vemos misturar fé com politica e sociedade pois na idade media quando isso aconteceu tivemos as maiores atrocidades que a humanidade já viu. As falas dele são universais, direita ou esquerda deveria ser apenas posicionamento perante a economia, direito civil é pra todos" (G2, 38 anos, técnico eletricista , Afro-brasileiras (umbanda, candomblé, etc.), RS)

Considerações finais

Duas perguntas da semana se concentravam na questão dos valores, a informação de que Jair Renan tivera um caso homoafetivo e a tramitação de PL que proíbe o casamento homoafetivo. Contudo, mesmo na pergunta sobre hábitos de consumo de informação, dessa vez focada na Rede Globo, o tema dos valores surgiu fortemente e serviu para diferenciar convictos de moderados. A primeira e principal crítica que convictos dirigem à Globo, em sua forte rejeição á emissora, é a de que deturpa os valores morais da sociedade. Em segundo lugar vem a acusação de manipulação das notícias e viés jornalístico. Em outras palavras, convictos parecem mais preocupados com o aspecto cultural do que com o informacional da pergunta. Já os moderados, apesar de também rejeitarem a emissora, concentram suas críticas no aspecto informacional, acusando o jornalismo Global de distorcer as notícias em prol dos interesses da empresa.

É interessante notar a maior confiança na internet entre convictos, que chegam até a dizer que esse meio não tem viés. Em momento algum isso foi sugerido pelos participantes do grupo de moderados, que preferiram declarar preferência por canais fechados ou, no âmbito das TVs abertas, pela Record.

Na resposta à pergunta sobre o suposto envolvimento de Jair Renan em um caso homoafetivo, percebemos no grupo de convictos a operação do efeito Teflon, que outras vezes fora observado em nossa pesquisa em temas espinhosos relativos a Bolsonaro. O modus operandi aqui parece ser o seguinte: toda notícia que tem o potencial de macular a figura do ex-presidente e de sua agenda ideológica é vista com suspeição, senão como produto de algum tipo de conspiração da qual a esquerda é sempre partícipe. Essa é mais uma evidência do alto grau de isolamento informacional do grupo de bolsonaristas convictos, tese esse corroborada pela resposta anterior, na qual, além de se declararem impermeável a notícias como as veiculadas pela Globo, dizem confiar mais na internet do que em canais tradicionais de informação.

Outra diferença digna de nota é a não existência de efeito Teflon entre os moderados quando o assunto foi denúncias de lavagem de dinheiro por parte do filho do presidente. Assim, os moderados se mostram mais uma vez mais sensíveis ao tema da corrupção do que seus pares mais radicais.

O casamento homoafetivo foi assunto que dividiu os grupos internamente. Sua rejeição mais radical veio dos participantes evangélicos – a metodologia do POMT permite que agrupemos os participantes de acordo com outras características comuns que não a divisão básica dos grupos entre convictos e moderados. Novamente tal rejeição se deu em termos morais.

Houve maior reprovação à fala do deputado entre convictos do que entre moderados, mas em ambos os grupos identificamos uma posição de tolerância em relação à pauta, justificada pela defesa da laicidade do estado e da universalidade de direitos.

Podemos concluir que o tópico da homossexualidade, ativado por duas questões essa semana, mostrou ativar reações somente na franja mais radical e evangélica do bolsonarismo. No mais, as diferenças entre convictos e moderados continuaram se confirmando, particularmente na atitude geral de cada grupo em relação ao ex-presidente e à maneira como obtém informações sobre política.

Distribuição da participação
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Os temas da semana são: (1) Investigações sobre os depósitos an

As técnicas tradicionalmente utilizadas para investigar a opinião pública são os surveys e os grupos focais. Ambas são muito úteis, mas têm com limitações da ordem prática e orçamentária, particularmente se deseja realizar um monitoramento contínuo.

O Monitor do Debate Público (MDP) é baseado em uma metodologia inovadora para monitorar de modo dinâmico a opinião pública e suas clivagens no que toca temas, preferências, valores, recepção de notícias etc.

O MDP é realizado por meio de grupos focais de operação contínua no WhatsApp, com participantes selecionados e um moderador profissional.

Assim como na metodologia tradicional de grupos focais, os grupos contínuos no WhatsApp do MDP permitem que o moderador estimule o aprofundamento de temas sensíveis e difíceis de serem explorados por meio de pesquisas quantitativas ou mesmo pela aplicação de questionários estruturados.

O caráter assíncrono dos grupos do MDP, possibilitado pela dinâmica da comunicação no WhatsApp, permite respostas mais refletidas por parte dos participantes, o que é adequado para eleitoral, dado que o voto é também uma decisão que demanda reflexão.

Por sua natureza temporal contínua, grupos focais do MDP são propícios para criar situações deliberativas, nas quais as pessoas se sentem compelidas a elaborar suas razões a partir das razões dadas por outros participantes do grupo.

O telefone celular é hoje o meio mais democrático e acessível de comunicação. Assim, a participação nos grupos do MDP não requer o uso de computador ou mesmo que os participantes interrompam suas atividades para interagirem entre si.

Equipe MDP

Carolina de Paula – Diretora geral

Doutora em Ciência Política pelo IESP-UERJ. Coordenou o IESP nas Eleições, plataforma multimídia de acompanhamento das eleições 2018. Foi consultora da UNESCO, coordenadora da área qualitativa em instituto de pesquisa de opinião e big data, atuando em diversas campanhas eleitorais e pesquisas de mercado. Realiza consultoria para desenho de pesquisa qualitativa, moderações e análises de grupos focais e entrevistas em profundidade. Escreve no blog Legis-Ativo do Estadão.

João Feres Jr. – Diretor científico

Mestre em Filosofia Política pela UNICAMP e mestre e doutor em Ciência Política pela City University of New York, Graduate Center. Foi professor do antigo IUPERJ de 2003 a 2010. É, desde 2010, professor de Ciência Política do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP-UERJ). Coordenador do LEMEP, do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA) e do Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB).

Francieli Manginelli – Coordenadora de recrutamento

Cientista Social e mestre em Sociologia pela UFPR, com experiência em relações de consumo e estratégias de comunicação. Possui formação em UX Research e cursos de gestão e monitoramento de redes sociais e estratégias eleitorais, mídias digitais e gerenciamento de redes. Possui experiência em pesquisas de mercado e campanhas políticas. Realiza moderações e análises de grupos focais e entrevistas em profundidade.

André Felix – Coordenador de TI

Mestre em Ciência Política pelo IESP-UERJ. Tem experiência em planejamento e desenvolvimento de sistemas computacionais de pequeno e médio porte, manutenção de servidores web e possui especialização em modelagem e implementação de bancos de dados relacionais.